O Globo
Bolsonaro não apenas mente e incentiva a
mentira como instrumento político, mas também ataca quem tenta conter fake news
nas redes sociais
Jair Bolsonaro é o candidato a presidente
que mais se distancia da doutrina cristã. Em todos os aspectos da sua vida
privada e política, é aquele que melhor encarna a antítese do Cristianismo.
Mesmo assim, com a abundância de evidências que comprovam esta premissa, quase
metade dos evangélicos brasileiros pretendem votar nele, segundo a pesquisa
Datafolha divulgada na quinta-feira passada. Mais do que a falta de empatia,
que já o transforma numa pessoa nefasta, é impossível olhar para Bolsonaro e
não enxergar o ódio que emana da sua figura.
Ódio, aliás, é o primeiro sinal de que
Bolsonaro se importa com os princípios cristãos. Cristo pregou o amor como o
caminho para a salvação. Quem aqui consegue perceber um único sinal de amor
verdadeiro no presidente do Brasil? Este homem odeia, não ama. Odeia todos os
que não pensam exatamente como ele. Mesmo entre os seus aliados e subordinados,
não há um que ele ame verdadeiramente. Seus adversários são inimigos, que ele
odeia violentamente e contra os quais dissemina o ódio. Seus adversários são
também objetos de suas mentiras escancaradas que visam a destruir. Bolsonaro
prefere destruir a erguer pontes.
A mentira é outra evidência de que o candidato à reeleição não se pauta pela mesma régua dos evangélicos que o apoiam. Mentir é pecado em qualquer religião. Bolsonaro não apenas mente e incentiva a mentira como instrumento político, mas também ataca quem tenta conter fake news nas redes sociais, como o Supremo Tribunal Federal, que investiga o que além de pecado é crime. O candidato é um mentiroso contumaz. Numa única entrevista na semana passada mentiu sete vezes. Segundo o site de checagem Aos Fatos, Bolsonaro mentiu mais de cinco mil vezes desde a sua posse. Pelas suas piores mentiras, que podem ter tirado a vida de milhares de brasileiros, as que disseminaram desinformação sobre a Covid, a Polícia Federal pediu o seu indiciamento.
Bolsonaro é autoritário, prega o
totalitarismo e apoia o emprego de tortura como instrumento de ação política e
policial. Contra tudo isso Cristo pregou e por isso, por atacar déspotas, se
insurgir contra a força e a violência, foi perseguido, torturado, crucificado e
enfim assassinado. Se dependesse de Bolsonaro, paus de arara seriam instalados
em todos os quartéis e todas as delegacias brasileiras para uso em inimigos e
ex-aliados caídos em desgraça. Foi ele quem disse que “através do voto não se
muda nada nesse país”. Para acertar as coisas, sugeriu uma guerra civil
“matando uns 30 mil”. Mais anticristo impossível.
Um dos componentes mais evidentes do seu
autoritarismo anticristão é a política armamentista que aumentou em 473% o
número de pessoas com licença para comprar armas de fogo e munições, segundo o
Anuário de Segurança Pública. Em 2018, havia 117 mil registros para os CACs
(caçadores, atiradores e colecionadores). Em junho, com o afrouxamento das
regras, este número chegava a 674 mil. E é esse homem, sua mulher e seu
gabinete de ódio, que em nada se parecem com os evangélicos ou católicos, que
atacam seus adversários de esquerda, sobretudo Lula, a quem chamam de demônio e
ateu. E mentem afirmando que se eleito vai fechar igrejas.
Lula não é ateu. Nem Ciro. Nem Simone.
Nenhum dos candidatos se declarou ateu. Mesmo assim, um ateu declarado não é
necessariamente um pecador. Há inúmeros que se pautam mais pelos ensinamentos
de Cristo do que Jair Bolsonaro. Um ateu pode ser cristão sem crer em Deus e
sem ter religião. Aliás, Cristo não tinha religião. Por isso, nada mais
anticristão do que o ódio religioso destilado por Bolsonaro, Michelle e seus
pastores adoradores de dinheiro.
O Brasil rejeita Bolsonaro porque o
conhece. Sabe que seu objetivo é destruir, não construir. Falta a muitos
evangélicos, aquela parte do rebanho cego dos pastores mal-intencionados, abrir
os olhos e ver o clarão. Não, o clarão não é Lula. O clarão é a democracia, o
estado de direito, o amor e a empatia.
Empresários golpistas
A reportagem de Guilherme Amado que mostra
empresários pregando golpe em grupo de WhatsApp é reveladora do estado mental
das pessoas ali envolvidas. O golpismo explícito, o apoio à fake news, o ódio à
imprensa e a homofobia declarada dessa turma preocupam mas não assustam.
Preocupam porque mostram como é baixo o nível de empresários que cercam o
presidente, como são limitados intelectualmente e mal informados. Mas não
assustam por tratar-se do mesmo grupo de sempre com suas teses e hipóteses
radicais e ridículas. De todo modo, os passos destes homens devem ser
acompanhados com lupa. Sobretudo pela Justiça Eleitoral.
Gabinete secreto
Arthur Lira trabalha para ser tão
subterrâneo e opaco quanto Jair Bolsonaro. A piada da semana foi tornar secreta
a sua agenda na presidência da Câmara. O GLOBO revelou que o gabinete de Lira
tem uma entrada oculta. Pode até ser muito esconde-esconde para um homem só,
mas não para o inventor do orçamento secreto.
Guedes gruda
Em 2019, depois de dizer que a mulher do
presidente da França era feia, fazendo coro machista a Bolsonaro, Paulo Guedes
foi abordado por um grupo no calçadão de Ipanema. “Que vergonha, ministro”,
disse uma das pessoas. Guedes, então muito mais cheio de si do que agora,
parou, foi a eles e disse que não aceitaria mais admoestações como aquela. “Se
ouvir três dessas, pego minhas coisas e vou embora. Daí, vocês que se danem”.
Era da boca para fora. Ele grudou na cadeira como ostra no rochedo, nem a
política antiliberal de Bolsonaro que foi obrigado a adotar o afasta dali.
O novo Freixo
A declaração de Marcelo Freixo de que não é
mais a favor da legalização das drogas, uma de suas pautas históricas, pegou
muitos aliados de surpresa. Sua ida à igreja no primeiro dia de campanha não
surpreendeu tanto. O medo é que Antonia Pellegrino, mulher do candidato, queira
aprender a linguagem de libras.
Dois livros
Para melhor entender a escalada autoritária
de Bolsonaro, um livro merece atenção: “Diários da Indignação - Cronologia das
Trevas Deste (Des)governo”, de Celina Côrtes. A jornalistas conta de maneira
didática cada uma das barbaridades produzidas por Bolsonaro e sua turma desde a
eleição de 2018 até o fim do ano passado. Outro livro, publicado originalmente
em 1961, chega à sua 14ª edição com dois novos capítulos escritos como alerta a
profissionais de saúde de como lidar com o aumento de crimes de homofobia e de
misoginia nestes tempos politicamente incorretos: “Rezende Obstetrícia”,
escrito pelo já falecido médico Jorge Rezende e ampliado por Rezende Filho.
Marco Aurélio
Só podia ser ele. Marco Aurélio Mello,
ex-ministro do STF, declarou voto em Jair Bolsonaro. Pergunta: Como alguém que
ocupou cadeira no Supremo por 31 anos pode apoiar um presidente que ameaçou
inúmeras vezes o Poder Judiciário brasileiro, ameaçando não obedecer ordens da
Corte maior ou mesmo estimulando que hordas a invadissem e empastelassem? Marco
Aurélio também criticou o discurso de seu ex-colega Alexandre de Moraes ao
assumir a presidência do TSE. Disse que ele foi agressivo, o que não cabe a um
anfitrião. O ex-ministro vestiu a carapuça em Bolsonaro. Se ele foi agressivo
com seu principal convidado, Marco Aurélio admite que o presidente lidera a
campanha de ódio e fake news e flerta com a ruptura do estado de direito que
Moraes condenou com veemência. Podia ter ficado quieto, sem aplaudir, como
Lira, Kassio e Zerinho. Seria menos constrangedor.
Seis pontos de Trump
Donald Trump já enumerou seis pontos para
um novo governo. São planos drásticos, segundo o jornal The Washington Post.
Anote e veja semelhanças do que ele prega lá com o que vemos por aqui: 1)
Executar traficantes; 2) Remover sem teto para acampamentos periféricos; 3)
Usar as Forças Armadas contra crimes, manifestações e protestos; 4) Acabar com
proteções aos servidores federais; 5) Eliminar o Ministério da Educação; 6)
Restringir a eleição a um único dia e voto só de papel.
Advogados de bolso
Já vimos advogados originais defendendo
políticos, mas os de Bolsonaro superam qualquer expectativa. Primeiro foi o
exótico Frederick Wassef, que abrigou em uma casa sua o foragido Fabrício
Queiroz, chefe das rachadinhas do zerinho senador e repassador de dinheiro para
a primeira-dama Michelle Bolsonaro. Agora, Marcelo Luiz Ávila de Bessa,
advogado do presidente no TSE, disse que os ataques que Bolsonaro fez ao
sistema eleitoral brasileiro e ao STF na reunião com embaixadores foi uma
“opinião política própria”. Oras, doutor Bessa, não foi, todos sabem, você sabe
que se tratou de um punhado de mentiras e ameaças golpistas impróprias.
Trimestre sabático
Funcionário público quando se candidata a cargo eletivo sai de licença remunerada pelo tempo formal da campanha. Por isso, aliás, há tantos em todos os estados. No caso de policiais militares, são centenas no país, sendo 80 da ativa apenas em São Paulo. São mais candidatos fardados do que vagas na bancada paulista da Câmara Federal. Todos estão de folga para a campanha. Alguns preferem ficar em casa ou fazer bico.
O Ascânio fez uma pequena confusão. Bolsonaro disse que a ditadura de 64 é que devia ter matado uns 30 mil, inclusive FHC. Na verdade matou mais que os conhecidos 434 mortos porque a ditadura matou muita gente e deu fim aos cadáveres. Uma coisa que não veio a tona é que navios do Loyd Brasileiro levava opositores da ditadura para soltar em alto mar para pasto de tubarões. Quando Bolsonaro defendeu uma guerra civil ele comentou que iria morrer gente inocente, mas arrematou: "Tudo bem".
ResponderExcluirExcelente coluna, fez uma breve biografia do genocida, mostrando parte das barbaridades ele que fez e falou! Religioso de araque! Engana-trouxa! A proposta de "eliminar o ministério da Educação", feita por Trump, já foi executada no Brasil por Bolsonaro, ao nomear Abraham Weintraub, Carlos Alberto Decotelli da Silva e o pastor Milton Ribeiro para ministros, e nomear indicado do Centrão pra comandar o Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação, que representa mais de 50 bilhões de reais anuais. A raposa cuidando do galinheiro...
ResponderExcluirBozo e Trump sempre foram iguais,não à toa são os únicos políticos que eu sempre torci contra,geralmente eu sou neutro e isentão.
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