quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Bernardo Mello Franco - Intolerância no palanque

O Globo

Presidente aposta no clima de guerra santa para atrair voto evangélico e reduzir vantagem de Lula

O terrorismo religioso subiu no palanque de Jair Bolsonaro. Na segunda-feira, o deputado Marco Feliciano disse que tem “alertado” fiéis sobre as consequências de uma vitória da oposição. “Falamos no risco de perseguição. Uma perseguição que pode culminar no fechamento de igrejas”, afirmou à CBN.

O pastor escancarou a tática que tem sido usada em púlpitos: repetir que os adversários do bolsonarismo não gostam de evangélicos. A ordem é demonizar a esquerda e amedrontar os fiéis. Feliciano abriu o jogo, mas não está sozinho nessa ofensiva.

Na semana passada, Michelle Bolsonaro associou religiões de matriz africana às “trevas”. Ela compartilhou uma publicação em que o ex-presidente Lula é acusado de “entregar sua alma” para voltar ao poder. No vídeo, o petista recebe um banho de pipoca em visita à Bahia. “Isso pode, né! Eu falar de Deus, não!”, provocou a primeira-dama.

Michelle foi escalada para atuar como cabo eleitoral na campanha do PL. Em busca do voto evangélico, tem flertado com o messianismo e a intolerância religiosa. Há poucos dias, ela disse que o Planalto estava “consagrado a demônios” antes da posse do marido. Ontem comparou Lula a um “inimigo” disposto a “matar e destruir” para se eleger.

A cruzada bolsonarista já alcançou seu primeiro objetivo: empurrou o PT para a defensiva. Em panfleto divulgado nas redes sociais, o partido afirma que o ex-presidente é católico, respeita todas as religiões e não vai fechar igrejas. A decisão de desmentir os boatos sugere que eles já começaram a surtir efeito em alguns nichos do eleitorado.

A experiência das últimas campanhas mostra que o fundamentalismo dá voto. Em 2018, a extrema direita acusou Fernando Haddad de distribuir um “kit gay” nas escolas. A onda de desinformação ganhou força no segundo turno, facilitando a vitória folgada de Bolsonaro.

Ao deslocar o debate da arena econômica para o terreno religioso, o capitão aumenta suas chances no confronto direto com Lula. Ontem o ex-presidente voltou a morder a isca, arriscando-se no campo do adversário. “Se tem alguém que é possuído pelo demônio, é esse Bolsonaro”, afirmou.

4 comentários:

  1. Bolsonaro é o próprio demônio! Aprendiz de genocida...

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  2. Depois do Lula ter manifestado apoio a legalização do aborto, Legalização das drogas, contra a família tradicional cristã, a favor da ideologia de gênero, os poucos evangélicos que ainda pensavam em voltar nele desistiram, hoje após as portas estão fechadas para o Ladrão
    Estão fechados com Bolsonaro que defende Deus, família, pátria e liberdade

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  3. Lula não devia responder aos ataques do Bolsonaro,se responder,devia usar de moderação na linguagem,sem agressividade.

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  4. Intolerância no puxadinho do Palácio Alvorada... Bolsonaro tentou roubar o telefone do apoiador que o chamou de Tchutchuca do Centrão! O genocida não gosta de ouvir verdades... Na posse do ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro teve que ouvir todos os discursos defendendo as urnas eletrônicas e o TSE. Agora, no seu próprio Palácio, tem que ouvir seu apoiador revelar suas mais íntimas relações com os membros do Centrão! Como Bolsonaro gosta dos membros do Centrão, né?

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