Folha de S. Paulo
Presidente recicla figurino antissistema
para atacar poderosos, mas fantasia envelheceu mal
Às vésperas do comício golpista do 7 de
Setembro do ano passado, Jair Bolsonaro soube que a Fiesp preparava um
manifesto pedindo "harmonia entre os Poderes". Conhecendo o
próprio comportamento belicoso, o presidente não gostou do movimento e trabalhou
para esvaziar a ideia. Deu certo: o texto só saiu dias depois do feriado,
numa versão que parecia mais amena para o governo.
Bolsonaro não conseguiu desarmar a bomba
pela segunda vez. Sem força nos bastidores para derrubar o manifesto
pró-democracia que a indústria paulista lança na próxima semana, o presidente
decidiu enfrentar publicamente aquela turma. Na semana passada, ele reclamou
que o documento era uma
"nota política" contra si e a favor de Lula.
A reação de Bolsonaro é o reflexo de um presidente que vê o próprio poder em xeque. Os empresários enxergam a mesma figura que ele observa quando se olha no espelho: um político mais frágil, com alguma dificuldade para sobreviver no cargo e disposto a manobras perigosas.
Restou a Bolsonaro a tarefa de buscar
alguma contenção de danos. Sem
o aliado Paulo Skaf no comando da Fiesp, o presidente apontou de maneira
nada sutil sua indisposição com o novo chefe da federação, Josué Gomes da
Silva, que ele descreveu como "nosso querido filho do ex-vice-presidente
do Lula".
Ao pintar o manifesto como uma jogada para
beneficiar o PT, ele tenta evitar que o mau humor dos empresários transborde
para mais setores. Até aqui, a tintura não pegou.
O presidente também jogou para o campo
adversário os mais de 600 mil signatários da carta que deve ser lida na USP na
semana que vem. E foi mais longe: disse
que são pessoas "sem caráter", artistas "desmamados na Lei
Rouanet" e comunistas.
Como última cartada, Bolsonaro reciclou seu
figurino antissistema para argumentar que as ações em defesa da democracia
são um
sinal de que ele incomoda os poderosos. Qualquer pessoa que acompanhou seus
anos de governo sabe que essa fantasia envelheceu mal.
Bolsonaro deu mais uma "fraquejada"... Fraquejou quando teve sua filha, fraquejou quando pediu pro Temer escrever a cartinha de desculpas em que prometeu não atacar mais os ministros do STF... O canalha é um fracasso permanente!
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