Valor Econômico
Caso levanta debate sobre estratégia ideal
para fazer reforma
Autoridades do governo federal acreditam
que está aberta uma segunda frente na disputa de forças com o Poder Judiciário.
Agora, somando-se aos embates no campo político, estaria ocorrendo uma batalha
econômica.
Elas se referem às recentes decisões
tomadas, no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a cobrança de ICMS e IPI.
É um ponto de vista. E ele está longe de ser
unânime. Entre ministros do Supremo, a avaliação é que foi necessário agir em
defesa dos princípios federativos, uma vez que o Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços é fonte importante de receitas dos entes subnacionais, e
na proteção dos dispositivos constitucionais que tratam da Zona Franca de
Manaus.
Em relação às questões criminais e eleitorais existentes entre o Executivo e o Judiciário, front aberto há mais tempo devido aos ataques do presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores a ministros do STF e às urnas eletrônicas, o enredo já é conhecido. Mas existe a possibilidade de haver desdobramentos importantes nestes campos nos próximos dias.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF,
encaminhou para o plenário virtual do tribunal uma série de recursos para a
análise dos demais integrantes da Corte. Um deles foi apresentado no inquérito
que apura o vazamento de dados sigilosos, por Bolsonaro, de uma investigação
sobre um ataque hacker ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante
o pleito de 2018.
Além disso, estarão em pauta dez agravos
apresentados no inquérito das “fake news”, o qual tramita sob sigilo. Foram
liberados, ainda, recursos relativos ao caso em que o chefe do Poder Executivo
é investigado por divulgar notícias falsas a respeito das vacinas contra
covid-19. Este inquérito foi instaurado por Moraes, a pedido da CPI da Covid,
depois que o presidente falou que a imunização poderia elevar a chance de
contrair o vírus do HIV.
Será um período sensível. Os recursos terão
que ser analisados entre os dias 12 e 19 de agosto. Neste ínterim, no dia 16,
Alexandre de Moraes tomará posse na presidência do TSE. Ele é um dos principais
alvos dos ataques bolsonaristas, ao lado dos ministros Edson Fachin e Luís
Roberto Barroso.
Porém, enquanto aguarda para ver como será
a conduta de Moraes à frente do processo eleitoral, o governo se mobiliza para
tentar reverter algumas decisões recentes tomadas no Supremo na seara
tributária.
O primeiro exemplo citado é um esforço para
manter a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados, medida considerada
estratégica para promover a reindustrialização do país. Uma iniciativa nesse
sentido foi tomada no começo do ano, quando ocorreu uma diminuição linear de
25% no IPI. Na sequência, houve um corte adicional de 10%.
Foi quando o ministro Alexandre de Moraes
proibiu essa redução. O IPI zero na Zona Franca de Manaus é o principal
atrativo do polo, ou seja, um imposto menor em outras áreas reduz a
competitividade do local. Mas a intenção das autoridades federais é dar um
impulso a segmentos da indústria como um todo, aquecer a atividade econômica,
promover a geração de empregos e, claro, combater a inflação. A redução da
carga tributária já é uma bandeira da campanha de Bolsonaro.
Não houve acordo. Diante do impasse, no fim
do mês passado novo decreto foi publicado, numa tentativa de viabilizar a
redução de 35% no IPI da maioria dos produtos fabricados no Brasil e, ao mesmo
tempo, cumprir a decisão judicial. Por meio dele, cancelou-se o corte de
impostos de alguns produtos para incluir quase tudo que é produzido na Zona
Franca de Manaus. Agora, será preciso ver se Moraes irá considerar cumprida a
sua ordem. O Executivo aguarda.
O outro exemplo citado por interlocutores
de Bolsonaro é o embate entre o governo federal e Estados em relação à
compensação pela redução, para 17% a 18%, da cobrança do ICMS que incide sobre
combustíveis e outros produtos que foram considerados essenciais, como energia,
telecomunicações e transporte coletivo. Ministros do Supremo, como o próprio
Moraes, têm atendido governos estaduais que pedem compensações financeiras após
as mudanças na cobrança do imposto. A nova regra foi aprovada pelo Congresso,
numa articulação da base governista para impulsionar a candidatura de Bolsonaro
à reeleição. E os governadores alcançados pelas decisões liminares - de
Maranhão, São Paulo, Piauí e Alagoas - não darão palanque ao presidente nas
eleições.
Neste contexto, quem proveu o governo com
uma notícia positiva foi o ministro Gilmar Mendes. Antes de perder disputa na
indicação de um integrante para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), ele criou
uma comissão especial para buscar uma conciliação entre as partes em relação ao
ICMS, com prazo para conclusão dos trabalhos até 4 de novembro. Ou seja, depois
das eleições.
Argumenta-se, no entorno de Bolsonaro, que
essas decisões estariam prejudicando os esforços do governo federal para
realizar, silenciosamente e a um passo de cada vez, uma reforma tributária.
Alguns especialistas no tema podem discordar, mas é inegável que nesta
legislatura ficou de novo evidente a complexidade de aprovar uma reforma
tributária ampla no Congresso Nacional.
Com o início da campanha eleitoral, será
possível comparar as propostas de cada candidato na área. E a oposição pode até
discordar do mérito das medidas adotadas pela atual administração, mas, pelo
jeito, não parece ser refratária à estratégia adotada.
Recentemente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que as discussões sobre uma reforma tributária são “complexas” e defendeu a possibilidade de realizar mudanças no sistema de forma pontual. “Eu não sei se a gente tem que continuar falando em reforma tributária, que é uma coisa muito complexa. Quem sabe a gente pega os pontos cruciais e, ponto por ponto, a gente consiga fazer com que aconteça no Brasil um modelo de tributação que a gente possa satisfazer a todas as pessoas”, destacou, durante evento da Confederação Nacional do Transporte (CNT). O Supremo desempenhará papel fundamental no desfecho desse debate.
Por que usar tanto a gente, isso é um hábito enfadonho e pobre que quebra nosso Português, soa horrorosamente igual o Lula
ResponderExcluirLula é um gênio da oratória,quem dera eu falasse bem como ele - Não,eu nunca votei em Lula.
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