Folha de S. Paulo
Adoração a Putin pela extrema direita é
normal, mas simpatia da esquerda pede investigação
No 23 de agosto de 1942, 80 anos atrás,
começou a Batalha de Stalingrado, ponto de inflexão da guerra mundial no teatro
europeu. Desde 2013, Volgogrado reverte a seu antigo nome nos aniversários da
batalha crucial. O culto a Stalingrado descortina a evolução do nacionalismo
russo, de Stálin a Putin.
A primeira versão sobre a batalha fixou-se
em 1943, na Conferência de Teerã, quando Churchill passou às mãos de Stálin a
Espada de Stalingrado, oferenda do rei George 6º à cidade heroica.
Originalmente, a URSS traduziu a vitória como marco da unidade das potências
aliadas contra o nazifascismo.
Durou pouco. Desde 1947, Stálin ergueu uma segunda versão, adaptada à nova rivalidade da Guerra Fria. Os antigos aliados foram reinterpretados como herdeiros do nazifascismo e a batalha transformou-se na certidão de batismo da Grande Rússia soviética. Duas décadas depois, numa cidade já renomeada, Kruschev inaugurou A Pátria Convoca, a estátua de 85 metros de altura, no estilo do realismo socialista, de uma mulher guerreira empunhando uma espada.
Putin, que qualificou a implosão da URSS
como "a maior catástrofe geopolítica do século 20", conserva a versão
grão-russa sobre a batalha, mas a recobre com uma tintura especial. A sua
Grande Rússia substitui as referências comunistas por uma pasta ideológica
inspirada no fascismo. No salto, ocupa lugar destacado o filósofo político
cristão Ivan Illyn (1883-1954).
Illyn foi expulso da Rússia soviética em
1922. No exílio, em Berlim e depois na Suíça, conectou-se aos emigrados russos
contrarrevolucionários e abraçou o pensamento fascista. Em 1950, escreveu um
ensaio que viria a ser repetidamente citado por Putin. Nele, identificava um
"experimento hostil", urdido pelas potências ocidentais, de
fragmentação da Rússia num
"gigantesco Bálcãs", que seria "enganosamente exibido como
supremo triunfo da ‘liberdade’ e da ‘democracia’...".
"A propaganda alemã investe dinheiro e
esforço singulares no separatismo ucraniano", alertava Illyn. Em 2005, ano
do primeiro levante popular ucraniano contra um governo pró-russo, Putin obteve
a transferência dos restos mortais do pensador fascista para a Rússia e, quatro
anos mais tarde, depositou flores em sua tumba, no monastério Donskoy. Em 2013,
o Kremlin indicou o livro "Nossas Tarefas", no qual encontra-se o
ensaio, como leitura fundamental para os altos funcionários russos.
Segundo Illyn, Hitler cometera o equívoco
fatal do ateísmo. As impurezas da modernidade –isto é, o pluralismo e o advento
da sociedade civil– teriam exilado Deus e precisariam ser purgadas pela
restauração do mundo antigo. A missão redentora caberia a uma nação justa (a
Rússia) disposta a seguir um líder descomunal engajado na criação de uma nova
totalidade política. Putin tem bons motivos para recomendar a seus cortesãos o
estudo da obra de Illyn.
Otan? O pretexto inicial para a invasão da
Ucrânia sobrevive apenas no discurso do "anti-imperialismo"
ocidental. As vozes ligadas ao Kremlin empregam a linguagem exterminista típica
do fascismo. Margarita Simonyan, chefe da rede estatal RT, explica que "a
Ucrânia não pode continuar a existir. O ex-presidente Dmitri Medvedev refere-se
aos ucranianos como "bastardos e degenerados". Vladimir Soloviov,
âncora de TV premiado por Putin, prefere a palavra "vermes": "Quando
um veterinário desparasita um gato, para ele é uma operação especial, para os
vermes é uma guerra e para o gato é uma limpeza".
A versão antiocidental da Batalha de
Stalingrado contada por Stálin celebrava uma Grande Rússia destinada pela
história a ser a URSS. A retificação emanada de Putin glorifica uma Grande
Rússia eterna: a espada purificadora que Deus cravará num mundo pecaminoso. A
adoração devotada pela extrema direita a Putin é normal. Já a simpatia da
esquerda solicita investigação.
Pelo que entendi já li os comunismo é irmão gêmeo do fascismo só tem metodologias de ação diferenciada o resto tudo igual estado forte , partido único, opositor tratado com mão de ferro, censura, prisão, perseguições e genocídios
ResponderExcluirDaí admiração da esquerda por Putin simples assim como tem pelo partido comunista chinês amor declarado em vídeo pelo Lula
o que se tem em comum é a opção pelo totalitarismo!
ResponderExcluirPutin e Bolsonaro, mais que irmãos... Farinha do mesmo saco! Só isto justifica a falta de posição do governo brasileiro diante da invasão de Putin a uma nação soberana!
ResponderExcluirConcordo com o colunista,a esquerda não pode e não deve apoiar Putin de jeito nenhum.
ResponderExcluirComo me considero um comunista da gema embora nada tenha a ver com Stalin, Pol Pot nem Che Guevara, e nem com Putin se é que vocês me entendem. Nessa história envolvendo a Rússia e a Ucrânia. Fiquei contra o Zelensky. Exponho aqui meus argumentos: Quando os golpistas de 1964 iniciaram o golpe, militares mineiros se deslocaram rumo ao Rio de Janeiro. Leonel Brizola recomendou a João Goulart que mobilizasse militares gaúchos para enfrentar os mineiros. Jango não aceitou a ideia, fez as malas e foi para o exílio no Uruguai. Disse que NÃO QUERIA VER CORRER SANGUE DE BRASILEIROS. Em 2014 na Ucrânia, durante os protestos populares pró Europa/Otan que ficaram conhecidos como Euromaidan, o presidente eleito democraticamente Viktor Yanukovich acionou a repressão que resultou na morte de pouco mais de CEM PESSOAS. Diante disso ele fez as malas e foi para o exílio em Moscou. Então Jango para não ver o sangue de NENHUM brasileiro abandonou o país rumo ao exílio. Yanukovich por causa do sangue de CEM mortos fez o mesmo que Jango. Já o palhaço Volodymyr Zebedeu não larga o osso nem diante do sangue de MILHARES de ucranianos e MILHÕES que já abandonaram suas vidas indo para o exílio em outros países. Ele que não passava de um comediante anônimo, diante da possibilidade de entrar para a história, da fama, da possibilidade de falar em parlamentos de países europeus e ser aplaudido, não pensou duas vezes. Tivesse ele a grandeza demonstrada por Jango ou Yanukovich, antes da invasão russa teria feito as malas e sumido do mapa. A invasão não teria acontecido. Resultado vai entrar para a história como um criminoso que sacrificou a Ucrânia em troca de uma fama que será o contrário do que ele pensa. Sendo judeu transformou a milícia neonazista Batalhão Azov em Guarda Nacional. E os russos já explodiram duas usinas nucleares que forneceriam o urânio que ele queria para as ogivas dos mísseis destinados à Moscou. Os russos destruíram vinte laboratórios de armas químicas e biológicas que podem ser até piores que as atômicas. Destruíram até uma fábrica de cerveja que produzia coquetéis molotov. Volodymyr Zebedeu talvez pense que a pequena Ucrânia pode derrotar a Rússia assim como o Vietnã derrotou os EUA. Custo a acreditar que ele não saiba que isso só foi possível porque por trás do Vietnam estava a União Soviética. E o resultado foi que os americanos fugiram de lá derrotados e levando tiros na bunda, coisa semelhante ocorreu agora pouco quando fugiram do Afeganistão. Quero ver até onde vai a motivação criminosa desse Zebedeu.
ResponderExcluirFernando Carvalho. você é mesmo um "comunista da gema", como disse. Certificado pela quantidade de bobagens e raciocínio tortuoso que elaborou para tentar justificar o injustificável, Duplipensar, e mal feito.
ResponderExcluirP.S. Não faltou nem o típico antiamericanismo barato.