O Globo
As regras das entrevistas ao Jornal
Nacional não permitem que a fala dos candidatos venha pela voz de um dublador,
mas ele teria ajudado a Lula. O candidato que disse ser necessário “pacificar
este país”, que política “se faz conversando” e que “adversário não é inimigo”
temperou suas respostas com um tom agressivo, algumas oitavas acima do que pede
um estúdio.
Ecoava mais o líder sindical falando no
estádio de Vila Euclides no milênio passado do que o Lula presidente de 2003 a
2010.
Lula resolveu seguir na campanha carregando
as bolas de ferro da corrupção instalada no seu governo. Primeiro a do
mensalão, depois a sua responsabilidade, ainda que indireta, nas propinas
cobradas em obras públicas, sobretudo na Petrobras.
Erros, (“equívocos”, nas suas palavras)
quem cometeu foi a sucessora, Dilma Rousseff. Logo ela, que tentou limpar a
Petrobras e não conseguiu. Ele, repetiu, foi considerado o melhor presidente
que o país já teve. Nos primeiros meses de seu mandato, áulicos atribuíam aos
seus poderes a remissão do câncer de um amigo. O perigo mora na possibilidade
dele acreditar nisso, mesmo sabendo que o amigo morreu meses depois.
Lula mostrou-se disposto a reverter o rumo
da economia e repetiu uma receita que já deu errado.
A estridência do candidato estragou a resposta em que tratou do agronegócio. A aliança de Bolsonaro com os agrotrogloditas só trouxe constrangimento para os agroempresários. Ele diz a verdade quando afirma que o Movimento dos Sem Terra de hoje é outro. Isso, contudo, não é apanágio dos governos petistas. Já não corresponde aos fatos a afirmação de que o MST só invadia terras improdutivas. Invasores cobravam até resgate para não ocupar fazendas vizinhas.
As bolas de ferro da corrupção continuam
presas aos tornozelos de Lula e serão sentidas durante os debates. Sergio Moro
foi um juiz parcial, o Ministério Público fez barbaridades, e os delatores
continuam endinheirados. Isso não elimina o fato de que de dez roubalheiras
denunciadas, nove eram reais, bem como a metodologia empregada.
O sítio de Atibaia, bem como as obras que a
Odebrecht fez graciosamente por lá, não apareceram, pelo limite de tempo da
entrevista. Aparecerá.
Faltou a Lula, como faltou a Bolsonaro em
maior escala, a grandeza de Juscelino Kubitschek:
“Não tenho compromisso com o erro.”
Lula e a China
Lula não tem sorte quando fala da China.
Ele disse ao JN que “não tem polarização num partido comunista chinês”.
O Grande Timoneiro Mao Zedong e sua mulher,
Jian Qing, fizeram a Revolução Cultural e encarceraram o presidente comunista
Liu Shaoqi, metendo numa enxovia, onde morreu em 1969.
Depois da morte do Timoneiro, em 1976,
Madame Mao foi posta na cadeia e condenada à morte. Teve a pena comutada e
mudada para prisão perpétua. Enforcou-se num hospital em 1991.
Em 1989, às vésperas da repressão aos
manifestantes da praça da Paz Celestial, o primeiro-ministro Zhao Ziyang foi
deposto e acabou em prisão domiciliar. Ralou nesse regime por quinze anos, até
sua morte, em 2005.
Heitor Ferreira (1935-2022)
Morreu na quarta-feira Heitor Aquino
Ferreira. Vivia num modesto apartamento em Copacabana, fazia traduções e era um
senhor de poucas palavras. Havia sido uma das figuras mais poderosas da
República e tinha duas paixões: a política e a História. Traduziu “A Revolução
dos Bichos”, de George Orwell, e “O Mundo Restaurado”, de Henry Kissinger.
Foi assistente do general Golbery na
criação do Serviço Nacional de Informações e deixou o Exército como capitão.
Tornou-se assistente do general Ernesto Geisel na presidência da Petrobras e em
1974 foi para Brasília como seu secretário particular. Em 1979, o presidente
João Batista Figueiredo manteve-o na posição até 1983.
Na política, Heitor meteu-se nos anos 1950,
ainda como cadete da Academia Militar das Agulhas Negras. Com a História,
estava metido já em 1960, quando acompanhou o candidato Jânio Quadros para uma
entrevista à rádio Guaíba, em Porto Alegre. Jânio levava uma cola para a conversa,
onde escreveu “energia, transportes, agricultura, crédito” e deixou o papel
sobre a mesa. O tenentinho de 25 anos guardou-o.
Era o início de um monumental trabalho de
preservação da memória nacional. Resultaria num diário que soma mais de 1.500
páginas, num arquivo de cerca de cinco mil documentos e centenas de horas com
gravações.
Golbery, que acompanhava a vida dos outros,
dizia que não tinha arquivo. Era meia verdade. Ele tinha uma caixa ao lado da
mesa, na qual jogava os papéis que passavam por lá. Heitor recolhia as caixas.
Geisel também não tinha arquivo, mas Heitor guardava até seus rabiscos.
Em 1973, com o conhecimento e autorização
de Geisel e Golbery, Heitor passou a gravar as conversas que tinham no Rio de
Janeiro e também os telefonemas do presidente eleito. Era uma preocupação
voltada exclusivamente para a preservação da memória, pois passou-se mais de
meio século sem que Heitor jamais abrisse as caixas ou consultasse o material.
Na política, Heitor foi um soldado da
abertura promovida por Geisel. Com Humberto Barreto, o poderoso assessor de
imprensa do presidente, combatia a censura. Com Golbery, incentivava Geisel
para que demitisse o general Sylvio Frota, ministro do Exército. Incentivava
com tanta insistência que numa manhã o presidente atirou-lhe um telefone.
Coube a Heitor uma ação pitoresca. Em 1977,
fez circular uma pergunta na cúpula do Planalto: O que acontecerá se o Ato
Institucional nº 5 for revogado? A resposta: nada. No dia 31 de dezembro de
1978, o AI-5 caducou e nada aconteceu.
O poder de Heitor Ferreira era tamanho que
muitos ministros conversavam com ele forçando o tratamento de “você” e viam-se
devolvidos à formalidade do “senhor”.
Como Humberto Barreto, Heitor deixou o
poder recolhendo-se ao silêncio e a uma vida frugal, sem grande patrimônio.
Numa de suas crises de saúde, as despesas foram cobertas por Paulo Maluf, cuja
candidatura à Presidência apoiou nos anos 1980, causando-lhe a saída do
governo. Ele, que esteve no SNI em 1964, era vigiado pelo Serviço em 1983.
A fábrica que produzia figuras como Barreto
e Heitor Ferreira não existe mais.
Em tempo: o signatário teve o privilégio da
convivência e da amizade de ambos. Com o consentimento de Golbery, Heitor
deu-lhe a guarda de parte de seu arquiv
Diplomacia de gesto
Diplomacia se faz também com gestos. Portugal emprestou ao governo brasileiro o coração de D. Pedro I. Quem trouxe a urna foi o chefe da polícia portuguesa, fardado. Veio acompanhado pelo presidente da câmara da cidade do Porto, que guarda a peça. Sem uma palavra, municipalizou-se o gesto.
É tal o negócio, quem tem memória não vota no Lula, mas a questão é ficar livre do Bolsonaro que ninguém suporta. Lula jogava, para se safar, a culpa até na Dona Marisa Letícia, que Deus a tenha. A malandragem dele é inesgotável e repugnante. Só vale para tirar o detestável Bolsonaro e sua tirania.
ResponderExcluirO anônimo acima tem razão em parte. Lula errou muito, mas os erros dele envolviam "empresas" mesmo a poderosíssima Petrobrás. Já Bolsonaro mexe com a dívida pública. Colocou o Orçamento da União nas mãos de um grupo de parlamentares venais (o Centrão). Viabilizou a compra de milhões de armas tendo um filho lobista (o Dudu Bananinha).De modo que LulaAlkmin não é a volta do PT ao poder é a vitória de uma frente antifascista. Bolsonaro é lixo de 64, é um lambe-botas de ditador de republiqueta, um puxa-saco de latifundiário, um baba-ovo de torturador. De modo que a frente democrática encabeçada por LulaAlckmin já tem um programa: DESFAZER TUDO QUE O BOÇAL FEZ NO SENTIDO DE DESMONTAR NOSSAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS E POLÍTICAS PÚBLICAS. Só o Zé Boiada encaminhou para o boçal centenas de leis, portarias e decretos que ele assinou sem ler. Viva a democracia! Abaixo o Fascismmo!
ResponderExcluirTudo papo furado, inventaram um fascismo imaginário do governo, em que ninguém é preso , ninguém é cassado , ninguém é censurado, ninguém é bloqueado e desmonetizados , para tentar justificar a volta do maior ladrão de todos os tempos , que comandou um assalto aos cofres públicos de forma generalizada, todas as estatais e seus fundos de pensão foram saqueados, enquanto dizia defender os trabalhadores , deixou país desgraçadamente numa recessão com mais de 11 milhões de desempregados
ResponderExcluirMandou quase 1 trilhão de reais do suado imposto do trabalhador brasileiro para ditaduras muito mundo afora através do BNDES a maioria deu o calote e quem está pagando somos nós.
É esse bandido aclamado pelas grandes empreiteiras, bancos , imprensa velha e acadêmicos de esquerda, que vocês querem de volta?
Pode ir se acostumando será derrotado e jogado na lata de lixo da história como traidor da Pátria
Falar mal de Lula e seu governo de nada adianta,se ele estivesse concorrendo com outro candidato sem ser Bolsonaro faria sentido,claro.
ResponderExcluirAté o Galvão Bueno é melhor que o Bolsonaro!
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