O Globo
O Brasil está dividido em várias questões,
mas uma fratura na escolha do eleitor é muito reveladora do país que somos. Os
pobres votam em Lula na esperança de um ambiente econômico que os favoreça, os
não pobres de qualquer nível de renda dão mais votos a Bolsonaro. O Brasil
precisa ter foco no resgate dos pobres, mas isso exigirá do próximo governo
políticas fortes e precisas para atacar o agudo da crise, e muita capacidade de
escolha e decisão sobre o uso dos recursos públicos. O combate à pobreza é uma
emergência.
Nada resolverá quem nega a existência do
problema. O
presidente Bolsonaro em mais uma odiosa declaração negou que a fome exista no
país. Ela é uma realidade gritante e, ao dizer o que disse, Bolsonaro só
mostra que governante desprezível ele é.
Na realidade, o que se vê é um país que aprofunda suas divisões de renda. Na Central das Eleições da Globonews, o comentarista Mauro Paulino fez uma pergunta à pesquisa Datafolha. O que acontece com todos os outros recortes — religião, cor da pele, região e gênero — se incluirmos a variável renda como o grande divisor. Ou seja, como votam os pobres evangélicos, católicos, negros, brancos, homens e mulheres, e de qualquer parte do país? O resultado foi impressionante, e os números foram analisados na Central sob o comando de Natuza Nery. Em resumo, os pobres votam majoritariamente em Lula. Entre os não pobres há vantagem para Bolsonaro.
O grupo é formado por quem ganha até dois
salários mínimos. Inclui os miseráveis e os que têm muita dificuldade de suprir
as necessidades básicas. Do outro lado do campo político ficam os que não são
pobres. Essa divisão revela o pior do país que o Brasil tem sido: excludente,
apartado, com políticas sociais concentradoras de renda, com a captura do
Estado pelas mais diversas elites, com as cicatrizes de um país que se organizou
em sesmarias, capitanias e escravidão. Não temos que carregar essa bola de
ferro acorrentada a nossos pés.
O governo Bolsonaro foi atingido pela
pandemia e pela guerra da Ucrânia, mas os governos são julgados pela qualidade
das respostas às crises. As hesitações, a falta de foco, a negação e a
descarada demagogia eleitoral pioraram o problema.
O ex-presidente Lula tenta passar a ideia
de que basta que ele volte para que a carne retorne à mesa dos pobres. A
conjuntura agora é muito mais grave do que Lula enfrentou em 2003. Ele erra
quando equipara os dois momentos. Há armadilhas nas contas públicas que
explodirão no começo do ano que vem, o mundo estará em recessão, os preços dos
produtos que exportamos, em baixa, o país, estagnado.
O programa de Bolsonaro diz que o PT evitou
que pobres deixassem a pobreza, e que o atual governo impediu que milhões
voltassem à pobreza. É uma gritante falsidade histórica. O economista Marcelo
Medeiros, especialista em políticas de combate à pobreza, explica a artimanha:
— Bolsonaro está querendo selecionar dados
que o favoreçam e ignorar que todos os outros indicadores são muito ruins.
Comparado com qualquer governo anterior, de Dilma, de Lula, de FHC, Bolsonaro é
muito pior. O principal problema é que o governo não está olhando para frente,
e a política que ele desenhou não é sustentável, nem desejável. O desenho do
Bolsa Família era melhor e foi indiscutivelmente um progresso. Isso é consenso
mundial.
O gasto público sem controle e sem
parâmetros fiscais produz inflação que empobrece os pobres. Portanto, nas
conversas entre os economistas do PT precisa vencer o grupo que acha que é
preciso haver limites ao crescimento da dívida e horizonte para queda do
déficit. Isso não é conversa de “neoliberal”, como uma ala ainda resiste em
dizer.
Os pobres vivem nos últimos anos os dramas
provocados por uma resistente inflação de alimentos. José Roberto Mendonça de
Barros me disse que nesse segundo semestre ela pode não subir muito, mas
terminará o ano em 12%. Isso, enquanto o subsídio faz a festa da classe média
no posto de gasolina. Os pobres precisarão de políticas de emprego e renda
focadas. Segundo estudo da Tendências, 81% dos que estão desempregados há mais
de dois anos são das classes D e E. Eles são também maioria entre os endividados.
O resgate dos pobres exigirá que o país tenha políticas com foco, em todas as áreas. Não podemos mais carregar a ignomínia da fome e a vergonha da privação que devasta milhões de brasileiros.
Bolsonaro não é só um governante desprezível. É um humano insensível, mal intencionado! Um rato nojento e maldito, que contamina tudo que toca e diz!
ResponderExcluirÉ impossível comparar com ladrão e comendo comandou uma quadrilha incluindo PT numa hora assaltou os cofres públicos do Brasil que se tem notícia da história o homem condenado a mais de 20 anos de prisão em três instâncias por nove juízes por corrupção e lavagem de dinheiro, Saqueou todas as estatais e seus fundos de pensão , mandou dinheiro do suado imposto do trabalhador brasileiro para as ditaduras mundo afora
ResponderExcluirTudo isso enquanto dizia que defende os trabalhadores.
O povo hoje o chama de traidor da Pátria e vocês vão ver que ele vai ser derrotado e vai ser riscado definitivamente da política brasileira e será uma página suja virada na história do Brasil
Quero ver o que você Miriam vai falar quando Bolsonaro ganhar no primeiro turno, qual vai ser a narrativa?
Sentir raiva de político não resolve nada,só piora o quadro,nosso organismo somatiza e transforma em doença.
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