Todos sabem que o modelo de Bolsonaro é
Donald Trump. Que ao perder as eleições tentou o assalto ao Capitólio.
Provavelmente Tico e Teco os dois neurônios de Bolsonaro conhecem a célebre
frase de Karl Marx "A história quando se repete é como tragédia ou como
farsa". Mas Bolsonaro prepara a Operação Capitólio Caipira. Uma peça
importante do golpe é lançar desconfiança dos bolsonaristas nas urnas
eletrônicas. Me impressiona ver gente relativamente inteligente acreditar
nisso. Em virtude da polêmica sobre o voto impresso, a Câmara deu um basta
rejeitando uma volta ao passado. Bolsonaro chegou a dizer que o assunto estava
encerrado. Mas ele voltou à carga e desta vez procurando envolver as FFAA. O
TSE Tribunal Superior Eleitoral já fez o que se espera numa democracia e
democratizou a fiscalização às urnas eletrônicas. Numa reunião a que foram
convidados partidos políticos, OAB, MPF, CGU, a Polícia Federal, o Senado e até
as Forças Armadas para expor os códigos fonte e o sistema de votação e
totalização. Diante da insistência de Bolsonaro nesse nhem nhem nhem o ministro
do Supremo Edson Fachin se irritou e mandou um duro recado aos militares
"Eleições é assunto para as Forças Desarmadas".
A tentativa de golpe de Donald Trump
fracassou. Mas Bolsonaro tem assessores melhores que os de Trump. A principal
razão para o fracasso de Trump foi a falta de apoio militar. Já li um analista
daqui deste blog dizendo que Bolsonaro já conta com o apoio do Exército.
Certamente a famosa farra dos marechais, evento que contemplou centenas de
oficiais superiores do Exército, Marinha e Aeronáutica com pensões vitalícias
transmissíveis a seus descendentes (até o coronel torturador Embaçado Ustra foi
lembrado e deixou pensão para suas filhas. Cada uma recebe mensalmente R$15.307,90).
Desse modo, a elite de nossas FFAA foram subornadas com um ano de antecedência.
Imaginemos a cabeça de um desses oficiais: "Bolsonaro deu um golpe em
nosso nome. Agora vou eu retirá-lo do poder, devolver a Lula... e minha
pensão de marechal"? Acho que Lula e Alckmin deveriam avisar a esses
marechais de araque que eles apenas deixarão de receber. Mas o que receberam
não terá que ser devolvido. Tem mais, quantos militares Bolsonaro colocou em
cargos civis no Governo? Só de cargos DAS Direção e Assessoria Superior e FCPE
Função Comissionada do Poder Executivo foram 742 cargos ao todo. Cargos de
natureza especial considerados de primeiro e segundo escalões, a presença de
militares passou de seis para catorze.Trabalho do TCU Tribunal de Contas
da União, indicou o crescimento significativo do número de militares em cargos
civis no governo Bolsonaro. Segundo o TCU são mais de 6.000 em
atuação no governo um movimento de militarização do serviço público. Segundo a
Folha de S Paulo, Bolsonaro multiplicou por dez o número de militares no
comando de empresas estatais. Ministros do STF já criticaram essa
excessiva militarização do Governo Federal.
Importante papel para o projeto do golpe
cabe aos caminhoneiros na logística da insurreição bolsonarista. Foram os caminhoneiros
que ocuparam as vias de acesso à Esplanada dos Ministérios durante a presepada
do 7 de setembro do ano passado. Desnecessário dizer que os mil reais da PEC
Kamikaze destinados aos caminhoneiros é para subornar a categoria.
No âmbito da PM Polícia Militar, segundo o
cantor Lobão, Olavo de Carvalho ofereceu cursos gratuitos de
"filosofia" para todos os policiais militares do país. Aulas de
conteúdo anticomunista. Olavo foi o guru da famiglia Bolsonaro. No
Rio de Janeiro a família Bolsonaro é o ponto alto de uma linha de evolução
histórica que teve início com os Esquadrões da Morte e culminou com o
Escritório do Crime. Isso está no livro: A República das Milícias de Bruno Paes
Manso.
Para Ruy Castro Bolsonaro não tem nada a
perder e a ideia que resta é produzir um fato novo que o impeça de concorrer às
eleições. Algo como um repeteco da operação facada. Já circulou uma idéia de
que Adélio Bispo seria acionado para aparecer de novo dizendo que o atentado à
faca foi encomendado pelo PT. Outro fato novo cogitado seria um apagão
provocado na hora da contagem dos votos. E quando esse fato estiver sendo
consumado as ruas serão tomadas pelos bolsonaristas das esquinas. Em linhas
gerais essa será a Operação Capitólio Caipira. Concluo dizendo que quem avisa amigo
é.
*Fernando Carvalho é historiador, formado
pela Universidade Federal Fluminense (UFF), autor de “Livro Negro do Açúcar
Bolsonaro e sua gente são capazes de tudo.
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