O Globo
Corrupção é uma pedra no caminho de Lula
para a Presidência da República e a misoginia de Bolsonaro é maior do que
qualquer estratégia política
A nova pesquisa do Ipec, antigo Ibope, deve
ter dado um alento aos dois candidatos que lideram a corrida presidencial. Lula
e Bolsonaro foram bem na bancada do Jornal Nacional e mantiveram suas posições,
mas devem ter perdido pontos no debate do pool da Bandeirantes no domingo. A
audiência não foi comparável à do Jornal Nacional, mas grande o suficiente para
ter deixado marcas negativas nas duas candidaturas.
Ao contrário, as senadoras Simone Tebet e
Soraya Thronicke podem ter ganhado terreno depois do debate, mas terão um
trabalho difícil para se tornar viáveis. Ciro Gomes, que, como Tebet, teve boa
atuação no debate, voltou a subir dentro da margem de erro, e talvez os dois
apareçam nas próximas pesquisas em alta.
Há uma constatação inescapável, no entanto: o tema da corrupção é uma pedra de razoável tamanho no caminho de Lula para a Presidência da República. O ex-presidente chegou a esboçar um bom reinício na bancada do Jornal Nacional, admitindo que houve corrupção, pois “as pessoas confessaram e dinheiro foi devolvido”. Mas fica difícil defender essa nova linha petista e afirmar que ele não sabia de nada. Um candidato que se autodenomina sem pejo “o melhor presidente que o Brasil já teve” não é capaz de explicar ao eleitorado que, sim, houve roubalheira nos governos petistas, mas que não sabia nem do mensalão, nem do petrolão.
Assim como confessaram seus crimes, vários
envolvidos confirmaram que Lula era o responsável pela organização do esquema
de corrupção, que servia para que o Congresso apoiasse os governos petistas. O
paradoxo dessa situação é o Centrão, que reúne a maioria dos parlamentares que
estiveram envolvidos nesse processo de deslegitimação da atividade parlamentar,
apoiar o atual presidente da República, mas Lula não poder acusá-los, pois
sabem muito das negociações que aconteceram.
Outra parte continua apoiando Lula, e essas
presenças impedem que o ex-presidente assuma um suposto arrependimento. Estar
ao lado de Geddel Vieira Lima já era difícil de explicar, mas, depois de malas
e malas de dinheiro descobertas num apartamento de sua família, é praticamente
impossível justificar o acordo político feito pelo PT com ele.
Simone Tebet e Ciro Gomes foram muito bem
no debate de domingo e são dois candidatos da terceira via que impedem a
vitória de Lula no primeiro turno. Muito devido ao calcanhar de aquiles de
Lula. Ciro ficou à vontade para rejeitar o aceno do ex-presidente em sua
direção, acusando-o de corrupção cara a cara, o que muitos duvidavam que
fizesse. Também Tebet rejeitou a mão estendida por Lula ao perguntar a ela sobre
corrupção no governo Bolsonaro.
A senadora, que se apresentou ao público no
Jornal Nacional com bom resultado, estreou no debate presidencial da Band e
atacou também os governos petistas. Se mantiverem a pegada, terão papel
importante no segundo turno. Difícil dizer que pegarão Bolsonaro, porque um
eleitorado fixo de cerca de 30% não abre mão dele, por mais erros que cometa.
Bolsonaro estava indo bem no debate, do
ponto de vista de seus eleitores, mas se perdeu completamente quando atacou a
jornalista Vera Magalhães e a senadora Simone Tebet. Ele não resiste, não é uma
pessoa em que se confie para um acordo político, não tem estratégia. Sua
misoginia é mais forte que qualquer estratégia.
Bolsonaro acha o fim da picada uma mulher independente e ainda o confrontando.
ResponderExcluirO eleitor pode se perguntar: será que Lula, caso eleito, vai convocar Pedro Barusco, Cerveró e Renato Duque para a Diretoria da Petrobrás?
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