O Globo
Duelo histórico entre líderes populares
teve petista inseguro e presidente tropeçando em velhos erros próprios ao
desrespeitar mulheres. Ciro e Simone Tebet apareceram ao confrontar favoritos
da eleição
Dois tipos de candidatos costumam ser os
mais atacados em debates eleitorais: o que está no governo e o que está na
liderança das pesquisas de intenção de votos. Frequentemente eles são a mesma
pessoa, mas ontem, na Band, o presidente Jair Bolsonaro foi o principal alvo
dos concorrentes. Foi apertado em diversos assuntos por quase todos os rivais,
mas criou ele mesmo, sozinho, seu pior momento no programa ao ofender a
jornalista Vera Magalhães.
Lula, com ampla vantagem nas pesquisas, vinha de uma entrevista ao Jornal Nacional na qual a avaliação positiva de seu desempenho foi quase consensual. Logo de cara, porém, passou insegurança no embate com Bolsonaro ao fugir da resposta quando questionado sobre a corrupção na Petrobras.
A posição mais confortável de franco
atiradores, sem ter passado pelo Planalto, ajudou uma participação menos tensa
de Ciro Gomes e Simone Tebet, que obtiveram algum destaque ao confrontar os
favoritos. O pedetista apertou bem o presidente e foi o primeiro candidato a
trazer o tema da fome à discussão. A senadora teve bom momento quando cobrou
Bolsonaro sobre desrespeito às mulheres e a condução da pandemia. Neste bloco,
ela chegou a ser apontada como a candidata de melhor desempenho segundo
pesquisa qualitativa do Datafolha feita com eleitores indecisos em tempo real.
O presidente precisa se recuperar de seu mau desempenho no eleitorado feminino (29% de intenção de voto, segundo o Datafolha) e se preparou para isso ao levar uma lista de programas do governo voltados para mulheres. Mas o tema ganhou protagonismo no encontro por uma reincidência presidencial na já longa lista de declarações com ofensas de gênero.
Logo após o destempero de Bolsonaro, a
agressão à jornalista ocupava várias das primeiras posições no ranking de buscas
do Google no Brasil ainda durante o debate. De certa forma, o bolsonarismo
provava do próprio veneno ao ver as redes sociais dominadas por um assunto
desconfortável, tática que costuma exercer com eficácia em prejuízo dos
adversários.
Depois de ter agregado à ofensa uma
resposta ruim na qual apontou “vitimismo” das mulheres, o presidente mostrou
que havia sentido o golpe quando, no bloco seguinte, retomou o assunto para
amenizar sua posição e chegou a se desculpar pela notória frase da “fraquejada”
ao se referir à sua filha Laura.
Mais do que o candidato preferido para
chegar ao Planalto, Bolsonaro e Lula são ídolos de seus eleitores. No caso do
petista, mesmo alguns dos torcedores mais fiéis manifestavam preocupação nas
redes sociais com o primeiro embate com o atual presidente. Já era um confronto
histórico mesmo antes de ter acontecido: pela primeira vez na história das
eleições brasileiras, dois presidentes da República debateram ao vivo numa
disputa eleitoral.
Lula fez ouvidos moucos para a pergunta de
Bolsonaro sobre Petrobras, mas demorou a contra-atacar citando escândalos do
atual governo ou da família presidencial. O petista foi melhor na interação com
outros candidatos, como quando falou sobre redução da pobreza em resposta a
Soraya Thronicke ou ao se referir em tom elogioso a Ciro e Tebet. Os agrados
eram um aceno aos eleitores dos dois adversários, seguindo o planejamento de
buscar os votos que faltam para uma vitória no primeiro turno.
O encontro de ontem reuniu um líder que ocupa a Presidência mas fazia apenas seu terceiro debate na TV na carreira; um experiente político popular, campeão de votos mas afastado das eleições desde 2006; um veterano de campanhas e uma estreante, além de dois “figurantes” que também fizeram barulho. Houve embates mais e menos ríspidos, direitos de resposta negados e concedidos, ironias, deboches, mentiras a respeito dos outros e principalmente para valorizar os próprios feitos e virtudes. Ao fim, ajudou a esquentar a corrida ao Planalto.
Qualquer um que vencesse Bolsonaro seria bom para o Brasil.
ResponderExcluirUm candidato decente até poderia vencê-lo , mas um ladrão condenado , odiado pelo povo, tirado da cadeia numa manobra jurídica, não tem a menor condições de ganhar e ser presidente do nosso país
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