O Globo
O texto será enviado hoje para o Congresso
e mostra a natureza do governo Bolsonaro
O texto do
Orçamento que será enviado hoje para o Congresso está sendo
preparado de um jeito a mostrar a natureza do governo Bolsonaro, as promessas
aos pobres não devem ser cumpridas, mas à classe média, sim. Combustível sem
imposto está sendo mantido, uma escandalosa renúncia fiscal, mas até agora não
há previsão de colocar no orçamento o dinheiro para manutenção do Auxílio
Brasil em R$ 600 e a atualização da tabela do imposto de renda. Está mantido
também o dinheiro para a compra política de votos no Congresso, a excrescência
do orçamento secreto, as verbas sem transparência para o Congresso.
O Orçamento não tem espaço para a permanência do Auxílio Emergencial em R$ 600, um descumprimento prévio de promessa já que o presidente tem prometido isso nos palanques. Bolsonaro faz cortina de fumaça quando diz que vai conversar com Paulo Guedes e tudo será resolvido. Há momentos em que afirma que haverá recursos com a reforma tributária. Depois diz que os recursos virão da venda de estatais. No entanto, a venda de estatais não pode cobrir gastos correntes, porque é receita que vem uma vez só, enquanto gasto corrente é despesa permanente.
O Orçamento também não prevê o reajuste da
tabela do Imposto de Renda. Ao não reajustar, indiretamente o governo está
aumentando impostos, principalmente para a base da pirâmide. Está fazendo o
oposto do que estava no programa da campanha de 2018. E ele tem isenta impostos
as empresas e ao mesmo tempo em que aumenta, com o não reajuste da tabela, os
tributos sobre a pessoa física.
A isenção tributária federal sobre
combustíveis fósseis aparentemente será mantida. O cálculo do governo é de um
gasto de R$ 30 bilhões, mas conversei com David Zylbersztajn, e ele fez uma
conta com os economistas do Instituto de energia da Puc de que, só levando em
consideração a isenção de impostos federais, o custo é de R$ 70 bilhões por
ano.
Os três casos mostram que o governo está
cumprindo a promessa com a classe média de manter os combustíveis sem imposto,
ao mesmo tempo em que não cumpre as promessas com os contribuintes de baixa
renda e com os pobres.
Por outro lado, o orçamento secreto está atendido, ou seja, continuará essa aberração que foi incluída pelo governo Bolsonaro. Ele costuma dizer que foi criado antes, mas o objetivo era fazer ajuste fino do orçamento. Agora virou uma forma de comprar votos no Congresso com o nosso dinheiro, com o orçamento público e sem transparência. Eles têm contornado a proibição de sigilo determinada pela ministra Rosa Weber.
O erário virou dinheiro da mãe Joana.
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