O Globo
De certa maneira, a campanha de Lula tem
apelado mais à memória da prosperidade passada do que apresentado planos
concretos de como retomá-la
Vinte anos depois de vencer a primeira
eleição, Lula concorre outra vez à Presidência. É o líder nas pesquisas de
intenção de voto e tenta derrotar o presidente Jair Bolsonaro, que está cerca
de dez pontos percentuais atrás.
Lula tem repetido o bordão de que é preciso “colocar o pobre no orçamento” e tem ligado isso à ideia de revogar o teto de gastos, mecanismo que limita o crescimento das despesas do governo ao patamar do ano anterior, corrigido pela inflação. Argumenta que o teto está drenando recursos da área social. O teto, tal como existe hoje, efetivamente impede a expansão do gasto social mesmo se houver expansão da arrecadação. As diretrizes de governo de Lula não são muito específicas, mas ele promete substituir o teto por uma nova política fiscal que tenha mais flexibilidade e reconheça a importância dos investimentos.
Na área tributária, Lula promete fazer uma
reforma em fatias. Sugere que aproveitará a ampla negociação já feita pelo
Congresso para unificar os impostos sobre o consumo, criando um imposto sobre o
valor agregado. Também propõe taxar lucros e dividendos, outro consenso
consolidado entre os especialistas que encontra razoável apoio entre as forças
políticas. Mas, para além desses dois consensos, Lula diz pouco. Tanto nas
diretrizes como nas entrevistas e declarações, as indicações são vagas, e ele
sempre lembra sua malsucedida tentativa de fazer uma reforma tributária em
2007. Para uma candidatura de esquerda, Lula fala pouco de desigualdade. Parece
que, num eventual novo mandato, repetirá o descaso com a política tributária,
sem a qual não há combate efetivo à desigualdade.
Na política social, Lula tem prometido
retomar os fundamentos do Bolsa Família reintroduzindo as condicionantes
(exigência de vacina e matrícula na escola) e modulando o valor do benefício de
acordo com o número de pessoas na família. Também se comprometeu a tornar
permanente o valor de R$ 600 hoje pago pelo Auxílio Brasil. Suas declarações,
porém, não apontam para a institucionalização da política. Especialistas têm
recomendado um arcabouço legal duradouro que estabeleça fontes de recursos, um
mecanismo para corrigir o valor do benefício e um critério para estabelecer a
linha de pobreza e de extrema pobreza.
Lula também tem prometido revogar pontos da
reforma trabalhista de Michel Temer (em particular, quer reintroduzir a
gratuidade do acesso à Justiça do Trabalho) e criar uma nova legislação
trabalhista que seja mais moderna e abarque o trabalho autônomo, o teletrabalho
e o trabalho por aplicativo. Mais uma vez, as diretrizes de governo são
bastante vagas sobre os contornos de tal proposta.
De certa maneira, a campanha de Lula tem
apelado mais à memória da prosperidade passada do que apresentado planos
concretos de como retomá-la. Isso se deve, em parte, ao atraso na apresentação
de um programa de governo definitivo, mas também à estratégia de criar ambiguidades
deliberadas, que permitam abrigar na candidatura uma grande diversidade de
apoiadores. A escolha de seu antigo adversário político Geraldo Alckmin como
vice é uma grande sinalização nesse sentido, ainda mais levando em conta a
idade avançada de Lula (76 anos).
Do ponto de vista da campanha, Lula tem
batido nos temas de política econômica e social, fazendo contraponto a
Bolsonaro, que tem enfatizado temas das guerras culturais. É como se os dois
principais candidatos estivessem competindo em modalidades diferentes. Apesar
disso, nas entrevistas, Lula não tem conseguido escapar de responder a algumas
questões que causam hesitação nos eleitores não petistas.
A mais importante é a corrupção. Lula tem
calibrado sua posição a respeito do tema, reconhecendo os desvios na Petrobras,
mas, ao mesmo tempo, enfatizando a parcialidade da Lava-Jato. É um movimento na
direção certa, mas ainda insuficiente, por não reconhecer a responsabilidade
política de ter permitido que um escândalo desse tamanho tivesse acontecido
durante seu governo.
Por um lado, Lula é a pessoa certa para se
contrapor a Bolsonaro, já que é, indiscutivelmente, o mais habilidoso político
brasileiro. Ele, mais que ninguém, é capaz de costurar um amplo arco de
alianças para reparar os fundamentos da República abalados pela aventura
bolsonarista. Por outro lado, paradoxalmente, Lula é também a pessoa errada
para se opor a Bolsonaro, já que encarna, mais que ninguém, os medos que fazem
o bolsonarismo prosperar.
Apostar no ladrão vai perder, o povo não quer mais o Lula na presidência, já não acredita mais nesse farsante, traidor da Pátria.
ResponderExcluirEnquanto dizia que estava defendendo os trabalhadores promoveu e chefiou o maior assalto aos cofres públicos da história do Brasil
É como disse um colunista,Lula tem defeitos e qualidades,Bolsonaro só tem defeitos
ResponderExcluirBolsonaro só tem defeitos, mentiras e crimes!
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