O Globo
É preciso canalizar esforços para
implementar uma trajetória sustentável e acelerada de desenvolvimento
educacional
Entramos em período eleitoral, com o risco
de o debate sobre temas fundamentais para o país ser ofuscado pelo radicalismo
e pelas ameaças de ruptura democrática. Porém, mesmo diante da atual
conjuntura, é preciso tratar de nosso futuro. E isso implica falar de educação.
Neste sentido, o documento “Educação já!”,
composto por uma coalizão de 18 organizações da sociedade civil, articulado
pelo movimento Todos Pela Educação, traz importante contribuição, que se soma a
propostas de outras organizações também comprometidas com o tema.
Temos o desafio de estabelecer um bom plano
de voo, factível, e que nos permita chegar aos objetivos propostos. É preciso
coragem para definir e priorizar quais são as transformações essenciais,
integradas e perenes nas políticas públicas, capazes de superar o voo de
galinha da educação brasileira.
A complexidade atual não permite estabelecer uma rota única. O “Educação já!” nos ajuda nesse ponto, pois propõe uma agenda sistêmica que compreende a necessidade de ações emergenciais relacionadas aos impactos da pandemia e do ensino remoto. Ademais, apresenta caminhos específicos para a primeira infância, a alfabetização, os anos finais do ensino fundamental e o ensino médio.
Por fim, há a proposição de viabilizadores
de avanços em escala focados em governança, gestão e financiamento dos sistemas
educacionais.
Cinco premissas são postas como
fundamentais para avançarmos: qualidade para poucos não é qualidade; educação
antirracista como condição de transformação; não há saída fácil para problemas
complexos; mudanças significativas e duradouras na educação dependem, acima de
tudo, de pessoas; e, por último, o Brasil tem muito a aprender com o Brasil, a
partir das experiências exitosas em nosso território.
É preciso lembrar, no entanto, que o
desafio é continental e heterogêneo. Estamos falando de quase 50 milhões de
alunos, 2,2 milhões de professores, 161 mil diretores, distribuídos por 179 mil
escolas em 5.570 munícipios e 27 unidades da federação. Lançar mão de um bom
plano que sustente a política educacional, levando em consideração os
diferentes brasis, é uma missão nada trivial. Como viabilizar isso?
Há três aspectos estruturantes. Em primeiro
lugar, devemos levar em consideração o desenho e a implementação da política
pública. Segundo, é preciso garantir recursos para o seu financiamento.
Terceiro, deve-se monitorar e avaliar sua efetividade.
Primeiramente, um bom desenho e
implementação da política pública, deve levar em conta elementos como a
integração horizontal e vertical, representadas pela intersetorialidade e pela
colaboração federativa. Tão importante quanto, é a escuta dos beneficiários e
agentes da ponta — estes últimos responsáveis pela execução da política.
Por fim, a política pública deve ser
territorializada, garantindo maior aderência à heterogeneidade brasileira.
A despeito da aprovação do novo Fundeb em
2020, o panorama de financiamento, segundo aspecto estruturante, não é
alvissareiro. Estudo do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação
revelou que, em 2021, o Ministério da Educação voltou ao nível real de
investimentos na educação básica de 2012.
O veto presidencial à compensação em 2022
de pelo menos R$ 10 bilhões às redes de ensino pelas perdas de arrecadação do
ICMS — principal fonte de financiamento da educação básica —, assim como as
isenções ao IPI, confirmam que a política educacional permanece a serviço da
econômica.
Além de garantir os recursos necessários,
devemos qualificar sua aplicação, terceiro aspecto estrutural. Precisamos
padronizar os registros contábeis e financeiros para identificar e comparar
custos por ação e aluno, no nível das escolas, das regiões, das etapas e
modalidades de ensino. Aliados a robustos sistemas de monitoramento e avaliação
que incluam a correção de rotas das ações públicas com base em evidências e a
análise do custo-efetividade das políticas.
Nosso momento atual requer o compromisso
nacional com a prioridade da educação, com seus profissionais e com o futuro de
todos os nossos estudantes, que não merecem tanta turbulência e solavancos.
Nesta virada de ciclo político, temos nova oportunidade para colocar em
execução um plano de voo com robustez raramente observada no campo das
políticas públicas.
Isso exige canalizar esforços criativos comuns
para pactuar, estruturar e implementar uma trajetória sustentável e acelerada
de desenvolvimento educacional, que imponha um compromisso incontornável:
educação de qualidade para todos!
Quantas vezes você ouviu Bolsonaro falando de Educação? Quantas escolas Bolsonaro visitou? Bolsonaro entregou o ministério da Educação pros indicados de Olavo de Carvalho fazerem o que quisessem... E todos fizeram, cada vez mais m... Weintraub foi o pior ministro da Educação que o país já teve. Foi funcionário de banco por décadas e professor por 4 ou 5 anos... Decotelli fraudou o currículo pra se passar como doutor e pós-doutor, quando não era! Milton Ribeiro botou os pastores pra mandarem dentro do MEC, seguindo ordens expressas de Bolsonaro. Quando o demitiu, Bolsonaro também o desmentiu, e o deixou pendurado no pincel... Com tantas nulidades comandando o MEC, a Educação brasileira só foi montanha a baixo durante todo este DESgoverno Bolsonaro!
ResponderExcluir