O Globo
Até agora, o ex-presidente Lula fez um
único pedido a Henrique Meirelles: o número do seu telefone pessoal, para que
possa chamá-lo quando quiser, sem a intermediação de assessores. Se a ligação
será feita em caso de vitória, só o tempo dirá, mas o fato é que Meirelles pode
entregar a Lula o que ele deseja na economia, que é a conciliação do combate à
pobreza com a credibilidade na área fiscal. Meirelles admite que é impossível
colocar as despesas previstas para 2023 dentro do teto de gastos e por isso diz
que será inevitável uma “licença” para gastar. O ponto-chave para que isso dê
certo, diz, é que seja provisório, por um único ano, e venha com um plano que
leve à queda da dívida pública.
Meirelles é um economista com experiência única no país. Além de ter sido executivo com carreira sólida no exterior, foi presidente do Banco Central, ministro da Fazenda e secretário de Fazenda de São Paulo. Comandou as políticas monetária e fiscal e por isso tem um olhar amplo. Eu o entrevistei da bancada do Roda Viva, da TV Cultura, com apresentação de Vera Magalhães, colunista deste jornal. Ele enxerga três cenários-base para o Brasil. Em caso de reeleição de Bolsonaro, prevê crescimento baixo do PIB no ano que vem, de 0,5%, como também estima o Boletim Focus. Em caso de vitória de Lula, no entanto, o quadro se torna binário e ainda não está “precificado” pelo mercado. Pode surpreender para o bem ou para o mal.
Lula, nesse sentido, tem uma enorme
oportunidade de começar o seu mandato — caso vença — com vento favorável, desde
que siga o caminho do seu primeiro governo. Por mais que o mercado seja
demonizado pela área mais radical do PT, o ex-presidente sabe que tê-lo ao seu
lado torna a administração mais fácil e pode diminuir a pressão sobre a nossa
moeda. Isso lhe traria ganhos imediatos no combate à inflação e à fome, o que
levaria a uma queda mais rápida dos juros, com reflexo no crescimento.
Interlocutores ligados a Lula dizem que a
chance de Meirelles ser convidado para algum ministério é baixa, para não dizer
zero. No mercado, o simples fato de Lula abrir um canal de diálogo com o
economista foi visto como sinal positivo a ponto de mexer com o preço dos
ativos. Meirelles, por sua vez, disse que declarou apoio a Lula sem querer nada
em troca. Segue fazendo a defesa do teto de gastos, mas ressalta que esse não é
o único caminho para se atingir o objetivo final que é ter superávit primário.
A quatro dias das eleições, Lula ainda não
apresentou o seu programa econômico e continua dando declarações ambíguas na área.
Tem usado a credibilidade de Alckmin para diminuir receios de empresários e
investidores. Agora, tem um canal direto com Meirelles e poderá chamá-lo, nem
que seja para pedir conselhos. Só terá a ganhar se discar o seu número.
Remendo no consignado
O governo colocou um teto nos juros do
consignado do Auxílio Brasil. Se antes os bancos não queriam financiar esse
tipo de crédito pelo risco moral de cobrar juros de brasileiros em situação de
miséria, agora, não vão querer pelo risco do negócio. A verdade é que o
programa foi formulado apenas para tentar alavancar a popularidade de
Bolsonaro. Elaborado às pressas, não há remendo que dê jeito. Segundo um
economista que acompanha o setor, somente a Caixa deve aderir, entre os grandes
bancos, mas porque tem sido usada como instrumento político. O mais
impressionante é que este governo se autodenomina liberal.
O simpósio que mudou tudo
Completou um mês desde a grande virada nos
mercados internacionais, no simpósio de Jackson Hole, dia 26 de agosto. Nesse
encontro, o presidente do Fed, Jérome Powell, fez um discurso curto e direto de
endurecimento do combate à inflação nos EUA. De lá para cá, explica o
economista Roberto Motta, da Genial Investimentos, os juros americanos
dispararam. Para se ter uma ideia, os contratos negociados com vencimento no
final do ano saíram de 3,4% para 4,40%. Entre os receios está o impacto que
isso terá sobre a dívida de governos e empresas.
Itália na berlinda
Com a eleição da candidata de extrema-direita Giorgia Meloni na Itália, o país voltou a ficar na berlinda. Ontem, os títulos públicos do governo foram negociados a 4,7%, muito acima dos papéis da Alemanha, referência para a zona do euro. Como a dívida do governo é de 170% do PIB, fica a dúvida sobre sua capacidade de financiamento. Na visão do economista Roberto Attuch Jr., da OhmResearch, que mora na Itália, a expectativa agora é pela indicação do ministro da Economia e para o orçamento que será elaborado por Meloni. Além disso, todos querem saber sobre a sua relação com os demais governantes do bloco.
Hilário.
ResponderExcluirLula sempre teve acesso ao Meirelles. E a qq economista sério.
A favor do articulista, entenderei isso como um recurso poético e pagarei de rir.
"A verdade é que o programa foi formulado apenas para tentar alavancar a popularidade de Bolsonaro".
ResponderExcluirTudo, TUDO, do bozo é fraudulento.
NUNCA FALHA.
a) bozo é família (sim, tem umas 3 ou 4, fora biscates - nada contra, mas não venha enganar religiosos)
b) honestidade de uma família q adquiriu 100 imóveis com salário público - porra, não fecha esta conta.
c) e continua...
Mas o gado acredita. Por isso são conhecidos por ... GADO.
Qd falamos gado, todos sabem q são eleitores do... homem do berrante.
Proponho mudar pra flautista de hamelin (é assim q se escreve?)
Não importa: o flautista atrai ratos.
É isso.
Não foi recurso poético! O primeiro anônimo não sabe que o Meirelles trocou de celular no início do mês. O colunista e Lula souberam...
ResponderExcluirE a troca de celular virou um artigo.
ExcluirSensacional. Q imaginação.
Kkkkkkkkk
A ala radicaL do PT precisa desaparecer junto com o bolsonarisno,não morrendo,claro,e sim moderando o discurso,o mundo clama por moderação.
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