terça-feira, 13 de setembro de 2022

Andrea Jubé - Candidatos dão início ao “sprint” eleitoral

 

Valor Econômico

Rejeição de Bolsonaro era alta em 2018: 46%

As três semanas que antecedem o primeiro turno demarcam a reta final da corrida eleitoral. É como se os candidatos à Presidência da República disputassem a prova dos 100 metros rasos dos Jogos Olímpicos, a mais curta e mais popular do atletismo. Dura, em média, até 11 segundos, e o bom desempenho exige treinamento, força e potência do atleta. Atributos válidos também aos que concorrem à chefia do Executivo federal.

Em maio deste ano, o americano Lester Wright, astro do atletismo na década de 1930, quebrou o recorde dos 100 metros rasos para pessoas com 100 anos de idade, em uma competição na Filadélfia. Ele completou a prova em 26s34, e foi ovacionado por uma plateia de mais de 30 mil pessoas. (O recorde geral para todas as idades é de Usain Bolt, que fez a prova em 9s58, em 2009).

A declaração de Wright ao final da prova aplica-se aos presidenciáveis brasileiros: “Se você vai sair para uma corrida, deve realmente correr para tentar vencer, não sei como se pode correr para ser o segundo ou terceiro”, ensinou.

No jargão esportivo, a prova dos 100 metros é chamada de “sprint”, o mesmo que uma corrida de curta distância, ou uma arrancada final. O bom desempenho exige uma largada eficiente, atingir a velocidade máxima por volta dos 50 metros, e, obviamente, alcançar primeiro a linha de chegada.

É nessa fase do “sprint” que se encontram os dois líderes das pesquisas na corrida presidencial, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a postos para a arrancada final.

Para chegar na frente no primeiro turno, ambos dividem a mesma obsessão do voto útil. “Não tem por que ter vergonha de tentar ganhar no primeiro turno. Se quem tem 5% sonha em ter 40%, por que quem tem mais de 40% não pode sonhar em ter mais um pouquinho e ganhar no primeiro turno?”, disse Lula há uma semana, em uma provocação velada ao pedetista Ciro Gomes, que apareceu com 7% na última rodada do Datafolha.

Comparando com os dados de outra pesquisa Datafolha, esta realizada a três semanas antes do primeiro turno de 2018, e confrontando-os com o resultado da votação, notamos que Bolsonaro foi favorecido pelo voto útil naquele pleito.

No dia 10 de setembro de 2018, logo após o atentado à faca, o então presidenciável do PSL aparecia com 24% das intenções de voto, seguido de Ciro Gomes, com 13%, de Marina Silva (Rede), com 11%, de Geraldo Alckmin (no PSDB), com 10%, e de Fernando Haddad (PT), com 9%. O petista era candidato havia apenas 10 dias, porque a candidatura de Lula foi barrada pela Justiça no dia 31 de agosto.

Bolsonaro chegou ao primeiro turno em 2018 com 46% dos votos - cresceu 22 pontos percentuais em três semanas. Atribuiu-se esse desempenho à onda antipolítica, ao antipetismo abrasador, e à opção dos eleitores de direita pelo capitão reformado do Exército, em detrimento de Alckmin. Haddad atingiu 29% da preferência dos eleitores, Ciro alcançou 12,4%, Alckmin terminou com 4,7%, e Marina com 1%. A abstenção foi de 20%. Alckmin e Marina desidrataram substancialmente, mas Ciro não perdeu eleitores.

Em 2014, foi Marina Silva (então no PSB) quem derreteu na reta final, depois de empatar tecnicamente com Dilma Rousseff (PT) na liderança das pesquisas. A ex-ministra de Lula perdeu fôlego após uma campanha devastadora promovida pelo então marqueteiro petista, João Santana - hoje responsável pela campanha antipetista de Ciro.

A três semanas do pleito, Dilma aparecia com 36% das intenções de voto, e Marina com 33%. Aécio Neves (PSDB) estava com 15%. O resultado da votação em primeiro turno revelou Dilma com 41,5% dos votos, Aécio com 33,5%, e Marina com 21,3% - 12 pontos percentuais a menos num intervalo de 20 dias.

Atualmente, um dos fatores do favoritismo de Lula é a alta rejeição de Bolsonaro: 51% dos eleitores dizem que não votam nele de jeito nenhum, contra 39% do petista. Um dado, entretanto, chama a atenção: a rejeição do então candidato do PSL há quatro anos, segundo o Datafolha, era de 46%, a três semanas do pleito - ou seja, um índice apenas 5 pontos percentuais inferior ao atual. E ele liquidou a fatura.

Os dados do último Datafolha dispararam alerta no comitê petista, porque Ciro recuou de 9% para 7%, enquanto o presidente subiu dois pontos percentuais, atingindo 34%. A análise foi de que houve migração dos votos do pedetista para o candidato à reeleição. Soa contraditório, porque Ciro se apresenta como de centro-esquerda - em teoria seus votos migrariam para Lula. Mas com a furiosa arenga antipetista, o pedetista se converteu, na visão dos aliados de Lula, em “linha auxiliar do bolsonarismo”.

Para inflar com o voto útil, o time de Bolsonaro acredita que a superexposição do candidato alcançada com o 7 de Setembro injetou adrenalina nos apoiadores, que sairão mais engajados à caça de votos na reta final. O número de indecisos nas pesquisas espontâneas animou aliados do presidente. Pelo Datafolha, são 17%, mas outros levantamentos analisados pela campanha mostram que esse índice pode chegar a um terço do eleitorado.

A campanha bolsonarista mira três segmentos para a ofensiva pelo voto útil: os arrependidos do voto em Bolsonaro em 2018, mas que preferem repetir a dose, a votar no PT; aqueles realmente indecisos; e um grupo minoritário, que ainda não se envolveu com a eleição.

No time lulista, a prioridade zero é engajar a militância petista para colocar o bloco de Lula na rua. Coordenadores da campanha identificam ao menos dois fatores para um comportamento arredio da base partidária. Em primeiro lugar, o assassinato do petista Marcelo Arruda por um bolsonarista em julho em Curitiba impressionou uma parcela da militância, que se viu intimidada com o grau de violência política nessas eleições.

Em paralelo, um aliado de Lula argumenta que passou o tempo do “paz e amor”, e chegou a hora dos petistas se pintarem para a guerra, porque os bolsonaristas estariam com sangue nos olhos na reta final da campanha. Este aliado diz que é hora de “Lula subir o tom” na campanha, para chacoalhar a militância, e levar os lulistas para as ruas.

3 comentários:

  1. Como a colunista aponta, a rejeição a Jair Bolsonaro já era grande em 2018, mas ele ainda conseguiu superar isto e arregimentar votos antipetistas e se eleger. Depois de quase 4 anos de DESgoverno, a rejeição aumentou muito, e o genocida já não consegue convencer tantos antipetistas quanto antes. Muitos já entenderam que Lula é bem menos pior que o genocida. Então... Fora genocida!

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  2. O povo não quer o Luladrão de volta de jeito nenhum , não adianta vocês defenderem o traidor da Pátria , que assaltou o Brasil dizendo defender os trabalhadores,
    Ele será jogado na lata de lixo da história
    A última pesquisa de hoje da do Instituto Paraná já mostra o empate técnico entre os candidatos Lula 39,5% e Bolsonaro 36.6%
    Vocês provavelmente não vão comentar esse resultado, só comentam Datafolha e IPEC
    Institutos que trabalham pela eleição do Lula
    O povo já entendeu tudo

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  3. O povo já entendeu tudo. Bolsonaro é que nada entende... O canalha não reconhece a fome como gigantesco problema da população ("não existe fome no Brasil"). Demorou meses pra propor 200 reais de auxílio emergencial durante a pandemia... Agora, às vésperas da eleição, oferece muito mais e promete que vai manter isto em 2023 se for reeleito, mas não incluiu esta verba no orçamento que enviou ao Congresso. Então, como antes: mentiras, mentiras, mentiras, baixarias!

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