O Globo
Clima de violência na campanha é fruto da
retórica extremista que prega o ódio e exalta as armas
A intolerância política não dá em árvore. É
fruto da pregação do ódio, da exaltação das armas, da retórica extremista que
defende a eliminação de adversários.
No comício do 7 de Setembro, Jair Bolsonaro
chamou seu principal oponente de “quadrilheiro de nove dedos”. “Esse tipo de
gente tem que ser extirpado da vida pública”, vociferou.
Horas depois, a disputa presidencial
produziu mais um cadáver. No interior de Mato Grosso, o lavrador Benedito
Cardoso dos Santos, 42 anos, foi morto brutalmente por um colega de trabalho.
“O que levou ao crime foi a opinião política divergente. A vítima estava defendendo o Lula, e o autor, defendendo o Bolsonaro”, contou ao G1 o delegado Victor Oliveira.
O assassino confesso é Rafael Silva de
Oliveira, 25 anos. Ele confessou ter desferido 15 golpes de faca: no pescoço,
nos olhos, na testa. Quando a vítima já agonizava, saiu para buscar um machado.
Na volta, atingiu Benedito no pescoço, numa tentativa de decapitá-lo.
A barbárie se soma ao assassinato de
Marcelo Arruda, dirigente petista em Foz do Iguaçu. Ele foi morto a tiros em
julho, diante dos filhos, quando celebrava os 50 anos. O autor do crime foi o
policial penal Jorge Guaranho. Bolsonarista de carteirinha, irritou-se com a
decoração da festa: balões vermelhos, um cartaz de Lula e um bolo enfeitado com
a estrela do PT.
Outros episódios ajudaram para elevar o
clima de intimidação na campanha. Em Uberlândia, um drone despejou agrotóxico
sobre eleitores lulistas que aguardavam um comício. No Rio, um bolsonarista
detonou uma bomba de fezes ao lado do palanque do ex-presidente.
A intolerância tem comando. Bolsonaro
sempre semeou o ódio para colher votos. Já defendeu fuzilamento de presidente e
tortura de presos políticos. Festejou massacres em prisões e chacinas em
favelas. Na campanha de 2018, ameaçou “fuzilar a petralhada” e mandar seus
oponentes para a “ponta da praia”. A expressão remete a um local de desova de
cadáveres na ditadura militar.
O fato de ter sido vítima de um atentado, na
reta final daquela eleição, não o convenceu a abandonar a retórica agressiva.
Na Presidência, ele combinou palavras e ação. Desossou o Estatuto do
Desarmamento e editou decretos e portarias para facilitar a circulação de
armas.
Em outra frente, o capitão e seus aliados
alimentam o fanatismo religioso. A primeira-dama já disse que o Planalto estava
“consagrado a demônios”. No 7 de Setembro, um pastor governista se referiu ao
candidato do PT como filho do diabo. São amostras do que vem sendo repetido a milhões
de fiéis, longe dos olhos da imprensa e da Justiça Eleitoral.
Na sexta-feira, Lula, Ciro Gomes e Simone
Tebet lamentaram o assassinato em Mato Grosso e pediram paz na campanha. O
capitão ignorou o crime e voltou ao ataque. Chamou o PT de “praga”, tratou seus
militantes como “desocupados”, ameaçou varrê-los para o “lixo da História”.
Lá repousam figuras notórias da extrema
direita, que hoje têm no Brasil um herdeiro em potencial.
Tolerância Zero
Candidato a deputado pelo PL, o delegado
Allan Turnowski usava o slogan “tolerância zero contra o crime”. Foi preso na
sexta acusado de se associar ao jogo do bicho. Dois dias antes, ele subiu ao
palanque bolsonarista em Copacabana. Pediu voto e posou para selfies com o
Presidente e o governador Claudio Castro
Antes das convenções houve um crime de "CENSURA PRÉVIA" na minha opinião também um crime do extremismo.
ResponderExcluirEsqueceu do bolsonarista que atirou num petista dentro de uma igreja de crentes,e tem o caso do capoeirista da Bahia,deve ter muitos outros casos.
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