sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Bernardo Mello Franco - O vice do vice

O Globo

Washington Reis sofre derrota no Supremo e entra na mira da PF; governador do Rio promete mantê-lo por "lealdade"

Depois dos fantasmas do Ceperj, o governador Cláudio Castro arranjou outro espectro para assombrá-lo na campanha. Seu candidato a vice, Washington Reis, entrou na mira da Polícia Federal. Ontem a PF fez buscas na casa do ex-prefeito de Duque de Caxias. Os investigadores apuram suspeitas de favorecimento em contratos que somam R$ 563 milhões.

Reis já havia recebido uma má notícia na terça-feira. A Segunda Turma do Supremo manteve sua condenação a sete anos de cadeia por crime ambiental. O ex-prefeito só contou com os votos dos ministros indicados por Jair Bolsonaro: Kassio Nunes Marques e André Mendonça.

Na sabatina do GLOBO, o governador bolsonarista saiu em defesa do vice. “Confio muito no Washington”, afirmou. Ele disse que pretende manter o ex-prefeito na chapa por razões de “lealdade”. “O pessoal me pergunta: ‘Tem plano B?’. Eu só tenho o plano W”, gracejou.

O vice não é o único aliado de Castro envolvido em escândalos. O governador concorre à reeleição com apoio das famílias Garotinho, Cabral e Picciani, que mandam na política fluminense há mais de duas décadas. O ex-deputado Eduardo Cunha, cassado e preso na Lava-Jato, também tem espaço em seu palanque.

Questionado sobre essas companhias, Castro disse fazer um “governo de resultados”. “Isso é uma coisa da época eleitoral”, desconversou, sem responder se botava a mão no fogo por algum dos apoiadores. Sobre as suspeitas de recebimento de propina quando ainda era vice, ele disse ser vítima da “indústria de delações”, sem informar o que carregava na mochila ao sair do escritório do delator.

O atual governador caiu de paraquedas no Palácio Guanabara. Era vereador de primeiro mandato quando recebeu a missão de dividir a chapa com Wilson Witzel. “Virei vice porque não tinha outro”, reconheceu, em entrevista à revista Veja. Na quarta-feira, ele tentou se diferenciar do antigo aliado. “Não celebro a morte de ninguém”, disse, embora tenha defendido a ação da polícia nas chacinas do Jacarezinho e da Vila Cruzeiro.

O histórico recente recomenda que o eleitor do Rio preste mais atenção aos vices. Dos últimos cinco governadores eleitos, só Rosinha Garotinho ficou no cargo até o fim do mandato. Anthony Garotinho e Sérgio Cabral renunciaram antes da eleição. Luiz Fernando Pezão saiu preso, e Witzel foi cassado. Todos foram substituídos pelo companheiro de chapa, cujo nome aparecia em letras miúdas na campanha.

 

2 comentários:

  1. Paulo dos Santos Andion (Político)2/9/22 15:26

    Sei que é difícil governar o Rio de Janeiro sem ter uma equipe capaz de selecionar os jurados dos desfiles das Escolas de Samba que realmente entendam de Samba...

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  2. Anônimo2/9/22 15:30

    A lama nas mãos do políticos do Rio de Janeiro desde Sérgio Cabral

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