terça-feira, 6 de setembro de 2022

Bernardo Mello - Rejeição a Bolsonaro resiste após Auxílio e TV

O Globo

Lula mantém intenção de votos das pesquisas anteriores do Ipec, ampliando vantagem dentro da margem de erro, enquanto o candidato à reeleição oscilou um ponto para baixo

Pesquisa Ipec divulgada na noite de segunda-feira (6), a primeira realizada pelo instituto após o debate de presidenciáveis na TV Band, aponta um avanço numérico da rejeição ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e a piora de seu desempenho no eleitorado feminino. Bolsonaro, que oscilou um ponto para baixo no quadro geral de intenções de voto, agora aparece com 31% na corrida pela reeleição, contra 44% do ex-presidente Lula (PT) — mesmo percentual registrado pelo petista nas duas pesquisas anteriores da série contratada pela TV Globo, divulgadas em agosto. Apesar da ligeira ampliação da vantagem de Lula na liderança, dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais, o aumento da pontuação total de candidatos da terceira via torna menos provável, de acordo com o levantamento, uma eleição decidida em primeiro turno.

Segundo a pesquisa, realizada entre sexta-feira e domingo, 49% dos entrevistados afirmaram não votar “de jeito nenhum” em Bolsonaro. Há três semanas, antes do início oficial da campanha eleitoral, 46% rejeitavam o atual presidente, de acordo com o Ipec, percentual que subiu para 47% na pesquisa seguinte. Lula, por outro lado, que viu sua rejeição crescer de 33% para 36% nos dois primeiros levantamentos, manteve o percentual na rodada mais recente.

Pesa contra Bolsonaro, além do crescimento do percentual de eleitores que descartam votar por sua reeleição, o recuo de suas intenções de voto entre as mulheres. Na pesquisa divulgada ontem, 26% das eleitoras declararam voto em Bolsonaro, ante 29% na rodada anterior. No período entre a realização dos dois levantamentos, Bolsonaro foi alvo de críticas de adversários por ofender a jornalista Vera Magalhães, âncora do Roda Viva na TV Cultura e colunista do GLOBO, no primeiro debate de presidenciáveis, no dia 28. Na ocasião, Bolsonaro usou termos pejorativos e misóginos ao rebater pergunta da jornalista sobre a queda da cobertura vacinal em seu governo.

Aliados do presidente reconheceram, após o debate, que o comportamento poderia trazer problemas para seu desempenho eleitoral entre as mulheres, grupo no qual Bolsonaro habitualmente apresenta mais dificuldades do que entre os homens. Na tentativa de atenuar sua rejeição no eleitorado feminino, a campanha de Bolsonaro aumentou a participação da primeira-dama Michelle Bolsonaro em eventos e na propaganda em rádio e TV. No primeiro dia de campanha, em comício em Juiz de Fora (MG), Bolsonaro chegou a se referir à primeira-dama como a “pessoa mais importante” no local. Na semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acatou um pedido da campanha do MDB para suspender uma propaganda eleitoral de Bolsonaro na qual Michelle aparecia acima do tempo permitido pela legislação para “apoiadores” de candidatos.

Embora Bolsonaro venha usando o horário eleitoral para enaltecer pontos de sua gestão, desde a continuidade das obras de transposição do Rio São Francisco até o lançamento do Pix, a avaliação negativa do governo segue inalterada desde o início da campanha: 43% o consideram ruim ou péssimo, segundo o Ipec.

Mais pobres

A pesquisa também aponta dificuldades de Bolsonaro para melhorar seu desempenho nos grupos mais contemplados pelo Auxílio Brasil. A elevação do benefício às vésperas da campanha eleitoral, de R$ 400 para R$ 600 por família, foi uma das principais apostas da campanha do presidente para atenuar a vantagem de Lula, seu principal adversário, entre os mais pobres. Segundo o Ipec, a exemplo da pesquisa anterior, Lula segue com quase o dobro das intenções de voto de Bolsonaro entre quem declara receber algum benefício do governo federal: 50% a 27%.

Lula também manteve sua “gordura” eleitoral em relação a Bolsonaro no estrato mais pobre, formado por eleitores com renda familiar mensal de até um salário mínimo, faixa de renda do público-alvo do Auxílio Brasil. O petista marcou 56% neste grupo, contra 21% para o atual presidente. Na região Nordeste, que reúne 9,4 milhões de beneficiários — quase metade das 20 milhões de famílias atendidas no país —, Lula aparece estável com 56% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 23%.

Bolsonaro recuou ainda na região Sudeste, onde vivem quatro de cada dez eleitores do país: passou de 33% registrados nas duas pesquisas anteriores para 30% no levantamento divulgado ontem. Lula, por outro lado, oscilou de 39% para 41%. Com isso, a distância entre ambos passou de seis para 11 pontos.

Votos válidos

Em uma tendência similar à apontada pelo Datafolha em pesquisa divulgada na última quinta-feira, o Ipec indicou um aumento das intenções de voto totais de candidatos que buscam furar a polarização entre Lula e Bolsonaro. Na primeira pesquisa da série realizada pelo Ipec, esse grupo de candidaturas somava 9%. No levantamento divulgado ontem, o somatório dos votos de Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe D’Ávila (Novo) e Soraya Thronicke (União) chega a 14%.

Apesar de os candidatos da chamada “terceira via” seguirem distantes de Lula e Bolsonaro, esta maior presença deles nas intenções de voto desde o início da campanha, quando começaram a figurar no horário eleitoral e em sabatinas e debates, torna mais difícil uma resolução da disputa em primeiro turno. Nos votos válidos, Lula aparece hoje com 50%, o que deixa a possibilidade de vitória no próximo dia 2 de outubro dentro da margem de erro. Na primeira pesquisa da série do Ipec, o petista beirava 52% dos votos válidos.

Segundo o Ipec, Ciro e Tebet oscilaram um ponto para cima cada um. O pedetista tem seu melhor desempenho entre os mais jovens, grupo em que chega a 11% das intenções de voto. Tebet, por sua vez, alcança 5% entre as mulheres e no Sudeste.

Um comentário:

  1. Anônimo6/9/22 12:53

    Genocidas sempre serão rejeitados! Bolsonaro escolheu seu caminho: perder apoio, ser julgado e condenado, e apodrecer na cadeia! Antes, ele está apodrecendo seus ministros e parte das Forças Armadas.

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