Folha de S. Paulo
Com voto cristalizado, favoritos na corrida
ao Planalto tentam reforçar territórios conhecidos
Ainda que o 7
de Setembro tenha produzido um barulho político considerável, o episódio ainda
não demonstrou força suficiente para sacudir um cenário eleitoral que parece
cada vez mais consolidado à medida que o primeiro turno, marcado para o dia 2
de outubro, aproxima-se.
A liderança de Lula (PT) permaneceu inabalada
na última semana, segundo a nova pesquisa do Datafolha. Jair
Bolsonaro (PL) mostrou fôlego para manter uma trajetória de alta que
vem se desenhando de maneira constante nos últimos meses, embora lenta demais
para garantir que ele possa virar o jogo.
O quadro de estabilidade nas curvas dos
dois principais candidatos, mesmo nos momentos em que a disputa esquenta,
reflete duas características marcantes da corrida eleitoral deste ano: uma
decisão de voto antecipada e um foco das campanhas no reforço de territórios
conhecidos.
Três
de cada quatro eleitores dizem já ter decidido o voto do primeiro turno –índice
estável há algum tempo e indicador de um quadro sólido para o final de
campanha. Como comparação, a esta altura da última corrida presidencial 45% dos
eleitores diziam que poderiam mudar de ideia até o dia da votação.
O espaço reduzido para grandes alterações vem favorecendo o petista, uma vez que Lula manteve um patamar que beira a chance de vitória em primeiro turno –algo ainda imprevisível neste ponto da corrida.
Esse cenário permitiu que eles investissem num esforço de fidelização. O ex-presidente reconquistou bases históricas do PT, enquanto Bolsonaro foi atrás dos segmentos que estiveram a seu lado em 2018.
Uma análise dos últimos 40 dias de campanha mostra que Lula largou na frente porque conseguiu abrir uma vantagem significativa em grupos-chave, como o eleitorado de baixa renda.
Os números do petista na faixa da população
com renda mensal abaixo de dois salários mínimos se mantêm nas alturas, mesmo
com a aposta de Bolsonaro no Auxílio Brasil.
Lula tem hoje, nesse grupo, os mesmos 54%
que apresentava no final de julho. Já Bolsonaro beliscou alguns pontos no mesmo
período —passou de 23% para 26%, uma oscilação dentro da margem de erro.
O ex-presidente também fortificou o bastião
petista no Nordeste, com 60%, contra 24% do rival. Bolsonaro, por sua vez,
conseguiu colher bons resultados em segmentos em que suas mensagens ecoam com
mais intensidade e nos grupos que já haviam demonstrado alguma afinidade com
seu projeto em 2018.
O presidente foi buscar uma recuperação
importante de seus números entre os brasileiros de renda média. Desde julho,
ele subiu sete pontos nessa faixa, que corresponde a cerca de um terço do
eleitorado.
Variações como essa deram à campanha de
Bolsonaro ao menos alguns sinais de que seus movimentos têm sido eficazes. A
melhora nessa classe média, por exemplo, é atribuída à recuperação do mercado
de trabalho e à queda
do preço dos combustíveis. Os números, entretanto, ainda não mudam na
velocidade que seria necessária para chegar ao segundo turno com fôlego novo.
No Sudeste, o presidente cresceu oito
pontos desde julho, reduzindo a vantagem de Lula de 15 pontos para 5. O
desempenho de Bolsonaro na região mais populosa do país, no entanto, continua
muito abaixo dos índices obtidos em 2018. Esses dados sugerem que parte dos
eleitores do Sudeste que votaram em Bolsonaro na última eleição agora está com
Lula. A má notícia para o presidente é que o petista conseguiu preservar seus
índices na região relativamente estáveis.
Com pouquíssimos indecisos em jogo,
Bolsonaro só conseguiria se mostrar competitivo caso começasse a tirar votos de
Lula —o que não aconteceu até agora em dimensões significativas.
Um dos poucos segmentos em que isso ficou
registrado foi entre os evangélicos. Impulsionado por um reforço no discurso
conservador, Bolsonaro cresceu oito pontos percentuais entre esses fiéis nos
últimos 40 dias. Lula caiu cinco pontos percentuais e viu sua rejeição subir
seis pontos.
O problema é que o potencial de crescimento
para Bolsonaro entre os evangélicos pode ser limitado.
Na
simulação de segundo turno, o presidente aparece com 62% dos votos válidos
no grupo, perto dos 70% que ele registrou às vésperas do embate final com
Fernando Haddad (PT) há quatro anos –considerado excepcional mesmo por líderes
religiosos.
A curva desenhada por Bolsonaro nas
pesquisas deve incentivar a campanha do presidente a seguir o mesmo caminho
adotado nas últimas semanas, num investimento para ampliar a rejeição a Lula.
Os principais aliados de Bolsonaro dizem
acreditar que parte da classe média e o eleitor do Sudeste têm uma conexão mais
frágil com o ex-presidente e podem ser contaminados pelo antipetismo.
As pesquisas davam sinais de que esse movimento vinha começando a partir do início oficial da campanha e com o aumento da exposição dos candidatos na TV, mas o novo levantamento do Datafolha detectou uma oscilação negativa da rejeição a Lula nesses segmentos, dentro da margem de erro.
O desespero de Bolsonaro e dos bolsonaristas só vai aumentar. Ontem, mais um bolsonarista assassinou um petista! O desequilíbrio dos bolsonaristas ainda vai criar novas tragédias enquanto Bolsonaro não for enquadrado pela Justiça e julgado e condenado por seus tantos crimes!
ResponderExcluirNem com toda a exposição do 7 de setembro houve a esperada virada.
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