sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Bruno Boghossian - O roubo do ano

Folha de S. Paulo

Em busca de voto não ideológico, campanha do PL precisa tomar 1 milhão de eleitores por semana

Jair Bolsonaro precisa roubar mais do que um punhado de votos de Lula para ter a chance de um novo mandato. Se a disputa for ao segundo turno, o presidente só vence se conquistar 100% dos indecisos, virar todos os votos nulos e ainda tomar do petista 4 milhões de eleitores. Sem os nulos, a tarefa é mais difícil: Bolsonaro teria que atrair 9 milhões de eleitores que estão com Lula —mais de 1 milhão por semana.

Não há caminho possível para Bolsonaro nesta corrida que não passe pela tomada de pelo menos alguns territórios pintados de vermelho. A missão é particularmente complicada numa eleição marcada por uma cristalização do voto e um alto índice de rejeição ao presidente.

O primeiro fator até deu uma ajuda a Bolsonaro. O apoio firme acima dos 30% bloqueou a ascensão de desafiantes e permitiu que o presidente reivindicasse um monopólio da oposição ao PT. Mas o quadro consolidado do outro lado da disputa atrapalha a migração de votos de que ele precisa para superar Lula.

A rejeição é o quesito determinante para travar esse movimento. De acordo com o Datafolha, 52% dos eleitores dizem não votar em Bolsonaro de jeito nenhum. Não por acaso, Lula aparece com 53% na simulação de segundo turno.

A conexão entre esses números mostra que uma fatia considerável do eleitorado não vê Bolsonaro como opção razoável, o que torna muito mais custoso o esforço para roubar votos que estão com Lula.

Em seu primeiro discurso no 7 de Setembro, Bolsonaro disse que era preciso "convencer aqueles que pensam diferente". Mais tarde, pediu que ninguém tente persuadir "um esquerdista". E acrescentou: "Não têm argumentos, são cabeças vazias".

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O eleitor que Bolsonaro tenta roubar de Lula realmente não é "um esquerdista". O presidente investe no antipetismo para ampliar a rejeição ao rival e buscar um voto não ideológico, que flutua da esquerda à direita, principalmente ao sabor dos ventos da economia. Ele ainda depende de uma rajada a seu favor.

 

3 comentários:

  1. Anônimo9/9/22 08:30

    Interessante, quatro institutos de pesquisa já assinalam Bolsonaro à frente do Lula, e vocês ignoram fingindo não ver.
    Instituto Gerp, Instituto Paraná pesquisas, Instituto Brasmarket e agora o Instituto Futura, que mostrou Bolsonaro com 41,8% contra Lula 35,7% das intenções de voto
    Daqui pra frente vai ser um samba do crioulo doido, os jornalistas inventando narrativas para justificar a derrota do Lula
    Infelizmente mas vai ser divertido, ver a narrativa que cada um de vocês vão inventar pra justificar tamanho erro de projeção e expectativa que vocês fizeram em relação ao Lula,
    O ladrão!

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  2. Anônimo9/9/22 10:26

    Roubar é mesmo com Bolsonaro... O título da coluna é adequado! Roubou a vida de centenas de milhares de brasileiros com sua criminosa gestão da Covid, roubou a comemoração cívica do bicentenário da Independência no Rio de Janeiro e em São Paulo, misturando dinheiro público governamental com campanha eleitoral dum candidato. Com tantos erros e crimes no seu DESgoverno, cada vez mais aumenta sua rejeição, como bem mostra o colunista! Ainda assim, o genocida consegue manter um apoio de quase 1/3 dos eleitores, o que lhe dá alguma chance de chegar num eventual segundo turno. Parabéns ao colunista pela análise!

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  3. Depois da propaganda de todos os meios de comunicação ao 7 de setembro ajudar Bolsonaro... Parece que nem assim houve a esperada virada.

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