O Globo
Teremos as eleições mais importantes desde o fim da ditadura, é impossível pensar em outra coisa, falar sobre outra coisa
Faz uma eternidade que estou aqui no escritório
olhando para a tela do computador sem saber como começar a coluna. Já fiz
carinho nos gatos, já fui para a cozinha beber água, já fiz café, já fui olhar
a paisagem lá fora, já tentei contar os peixinhos que nasceram ontem no
aquário. Vou e volto, vou e volto. E nada. Tenho amigos que me dizem:
— Eu nunca conseguiria escrever uma coluna
toda semana!
Mas escrever coluna é meu ofício, coisa que
faço para viver há mais tempo do que vocês têm de vida, de modo que “não sei o
que escrever” não é argumento válido. Aliás, tenho uma história a respeito
disso.
Em 1991, Evandro Carlos de Andrade me
chamou para editar um caderno de tecnologia para O GLOBO (tecnologia, na época,
atendia por “informática”). Fiquei entusiasmada com a proposta, mas tive
dúvidas se estaria à altura. Há tempos eu já não trabalhava em redação, como
editora menos ainda. Eu escrevia de casa, e um motoqueiro levava as laudas
datilografadas da coluna para o “Jornal do Brasil”, ali onde hoje fica o
Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (“lauda” era como chamávamos as
páginas em que escrevíamos).
— Tenho confiança na sua capacidade — me
tranquilizou o Evandro.
Não fiquei convencida.
— E se eu não conseguir? E se o caderno não
sair?!
Ele me olhou como se eu estivesse dizendo o
maior dos absurdos:
— Isso nunca aconteceu. O jornal sempre sai.
Aceitei o emprego. E, desde então, “O
jornal sempre sai” passou a ser o meu mantra de trabalho. Às vezes estávamos eu
e Cristina De Luca desesperadas, de madrugada, na redação vazia, e ainda
faltava uma coisa ou outra; um título, uma legenda, aumentar ou diminuir um
texto. Parecia que não ia dar para fechar as páginas todas a tempo, mas eu
pensava — e volta e meia dizia em voz alta — “O jornal sempre sai”.
Muitas saudades do Evandro, muitas saudades
daqueles tempos.
Graças ao meu mantra não entro em desespero
diante da tela em branco: “O jornal sempre sai.”
Tenho a impressão de que, feitas as devidas
adaptações, esse mantra funciona para tudo, ou quase tudo: “O jornal sempre
sai.”
Teremos as eleições mais importantes desde
o fim da ditadura, é impossível pensar em outra coisa, falar sobre outra coisa,
escrever sobre outra coisa. Cada um sabe de si e dos números que vai digitar no
domingo; eu já ia escrever “na solidão da urna”, mas se há uma imagem que não
invoca solidão é a da urna eleitoral, com aquela quantidade de mesários,
fiscais e eleitores na fila.
A verdade é que eleições são sempre uma
festa, uma animação de gente na rua, uma vaga esperança de dias melhores (por
mais que a gente saiba).
Como toda boa festa, eleições também
costumam dar uma baita ressaca no dia seguinte — mas isso se vê depois.
Por enquanto, preciso terminar a coluna.
Espero que seja bom, o domingo; com sabor de dia histórico, de página virada,
em paz e sossego.
Vou lá fazer mais um café.
Estão vendo? O jornal sempre sai.
Não adianta te chamar mais de canalha nem de anti ético , sinto que você já está sentindo o peso da ressaca, não só você mas todos os jornalistas de esquerda vão sentir já no domingo à noite uma tremenda Ressaca
ResponderExcluironde será revelada toda essa impostura que vocês assumiram trazendo a narrativa falsa e fazendo campanha escancarada pro Lula Ele vai ser derrotado tremendamente nas urnas não vai ser só ressaca não , o povo não vai perdoar essa traição e essa covardia de desinformar o seus leitores
Você jornalistas são traidores do povo e não serão perdoados pelo que vocês fizeram na pandemia e agora nas eleições
Só os fanáticos, cúmplices ou idiotas acreditam que Lula pode trazer algo de bom para o Brasil
ResponderExcluirDeus ouvindo as súplicas e preces de nós brasileiros, já enviou seus exércitos celestiais que estão combatendo as forças da escuridão
ResponderExcluirVamos orar com Fé por Deus, Pátria Família e Liberdade!
Barbaridade, o papagaio bolsonarista é ANALFABETO ou NÃO SABE LER? A colunista NADA falou de Lula, NADA falou do genocida, e o papagaio desgovernado já publicou 3 comentários sem qualquer relação com o texto leve da colunista... Até o Deus dos papagaios já foi incomodado em vão... É muita IGNORÂNCIA e CANALHICE! Reflexo do chefe da quadrilha...
ResponderExcluirO papagaio é burro, como o chefe da quadrilha bozo.
ExcluirBolsonaristas não respeitam as mulheres! Mulher escritora, então... O preconceito bolsonarista se revela em todos os lugares!
ResponderExcluirA inocente colunista escreveu uma crônica do seu cotidiano, sem qualquer opinião ou análise política, apenas esperando eleições em paz e sossego. Como resposta, o fanático bolsonarista a ataca como canalha, anti-ética, traidora do povo... A canalhice bolsonarista não tem limites! Nem uma escritora idosa (69 anos) descrevendo suas dificuldades pra escrever sua coluna escapa dos ataques e das agressões dos estúpidos bolsonaristas! É este pessoal que fala tanto em Deus, religião, liberdade... MENTIROSOS e fingidos!
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