Folha de S. Paulo
Ex-ministra pode estabelecer pontes, para
Lula, com grupos decisivos para uma vitória no 1º turno
"Perco o pescoço, mas não perco o
juízo". Marina Silva era ministra do Meio Ambiente de Luiz Inácio Lula da
Silva, em 2006, quando respondeu com essa frase às críticas do Palácio do
Planalto de que ela conduzia uma gestão "fundamentalista" no
ministério, que atrapalhava planos da dita ala desenvolvimentista do governo.
Foi o começo de uma sequência de atritos que levaram à sua saída da Esplanada e, mais tarde, do PT.
Desde então, Marina teve uma trajetória com altos e baixos. Mas ela mostra que tem a cabeça no lugar ao se reaproximar de Lula na conjuntura excepcional que o Brasil atravessa, com inédita violência político-eleitoral: dois assassinatos de petistas, intimidações a candidatos nas ruas, insistência de militares em se meter na apuração e ameaças de vencer a eleição "na bala", como disse um deputado bolsonarista, no Ceará.
Marina tem consciência das dificuldades
para implantar a agenda ambiental numa aliança tão ampla e cheia de contradições
como a de Lula. Tanto que se referiu a um eventual terceiro mandato do
ex-presidente como um governo de "transição". Mas ela sabe também que
seu prestígio internacional e legitimidade no setor a credenciam como uma voz
proeminente em qualquer discussão sobre clima e meio ambiente.
Lula tem muito a ganhar com a presença de
Marina em sua órbita. Ela pode estabelecer pontes com grupos sociais decisivos,
como os evangélicos e uma parcela verde da classe média distante do PT, no
esforço para resolver a eleição no primeiro turno. Além dos ganhos eleitorais,
o reencontro dos dois é um símbolo poderoso de um país que tenta reconquistar a
civilidade perdida.
O exemplo de ambos deveria inspirar outros
movimentos de reconciliação. O alvo natural de um gesto como esse deveria ser
Ciro Gomes.
O candidato do PDT, no entanto, arrisca um melancólico fim de carreira, arrastando também o partido criado por Leonel Brizola. Entre seus correligionários, já há deslocamentos na direção do voto útil em Lula.
Agora, Lula tem propostas confiáveis para as questões ambientais urgentes do nosso país! O que Bolsonaro tem a dizer sobre tais questões?? Ele pode nos mostrar o que o criminoso Ricardo Salles fez sob o seu comando, passando a boiada durante a pandemia... O pior ministro do Meio Ambiente de todos os tempos ainda é assessor informal do genocida. Já Lula tem Marina Silva pra assessorá-lo. Vejam a diferença: um criminoso mal intencionado condenado pela Justiça brasileira e acusado pela polícia americana X uma mulher com vida limpa e respeito internacional na área ambiental.
ResponderExcluirExcelente artigo,como sempre.
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