Correio Braziliense
A ideia de uma frente ampla
parou na vice para o ex-governador tucano Geraldo Alckmin, ao se rejeitar
qualquer possibilidade de aliança mais ao centro, por exemplo, com o
ex-presidente Michel Temer
As pesquisas estão mostrando que a estratégia de campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que era o franco favorito das eleições, não está viabilizando sua vitória no primeiro turno. Ao contrário do levantamento do Ipec de terça-feira, que não captou a repercussão do debate entre os candidatos, a pesquisa do Ipespe, divulgada ontem, revelou alterações importantes. Na primeira, Lula ainda venceria as eleições no primeiro turno; na outra, não haveria a menor chance de isso acontecer, porque, a 32 dias das eleições, a distância entre o petista e o presidente Jair Bolsonaro é de seis pontos na pesquisa espontânea (40% a 34%) e oito na estimulada (43% a 35%). Lula caiu um ponto na estimulada, e Bolsonaro cresceu quatro na espontânea.
O ex-presidente está enfrentando dois
problemas: a lenta recuperação de Bolsonaro em alguns segmentos, como
evangélicos e mulheres, na Região Sudeste e na população de renda até um
salário mínimo, que até agora parece ser insuficiente para ultrapassá-lo, mas é
o bastante para aproximá-lo do petista no segundo turno; e a resiliência dos
candidatos da chamada terceira via, que se mantêm na disputa e ocupam uma
franja do eleitorado antipetista que não pretende voltar para os braços de
Bolsonaro, ao menos no primeiro turno. Ciro avançou um ponto na espontânea (4%
para 5%) e manteve os 9% de julho. Simone Tebet subiu de 1% a 3% na espontânea,
e ganha também um ponto na estimulada, de 4% para 5%. Felipe D’Ávila continua
com 1%, tanto na espontânea quanto na estimulada.
Lula tem forte expectativa de poder a seu
favor, mas sua vantagem em relação a Bolsonaro no segundo turno começou a cair,
passando de 17 para 15 pontos. Continua sendo uma boa margem, o suficiente para
demover o presidente da República de qualquer tentativa golpista, ainda mais
porque ficaria muito difícil contestar o resultado das eleições com uma
diferença de tal ordem. Mas o cenário efetivamente está em mudança. A pesquisa
mostra que a percepção popular em relação ao governo melhora, com reflexos nos
índices de rejeição de Bolsonaro.
Recuperação
A geração de fatos positivos pelo governo,
a partir da aprovação da PEC Emergencial e do pacote de bondades, começa a
repercutir na avaliação do Executivo e na rejeição de Bolsonaro. Auxílio
Brasil, vale-gás, auxílio caminhoneiro, auxílio taxista, empréstimo consignado
e reduções no preço dos combustíveis servem de agenda positiva para a campanha
do presidente no rádio, na televisão e nas redes sociais.
Resultado: sua aprovação foi de 36% para
39%, enquanto a desaprovação diminuiu, de 59% para 57%; a avaliação positiva
(“ótima/boa”) foi de 32% para 35%, e a negativa (“ruim/péssima”) recuou de 49%
para 46%. A avaliação do desempenho de Bolsonaro também melhorou: o “ótimo/bom”
foi de 32% para 35%, enquanto o “ruim/péssimo”, de 49% para 47%. Um dado que
merece atenção foi a redução da rejeição de todos os candidatos, exceto Lula,
que oscilou de 43% para 44%. A de Bolsonaro recuou três, de 58% para 55%; de
Ciro, de 40% para 39%; e de Simone, de 35% para 32%.
Onde Lula pode ter errado? Na política de
alianças. A opção estratégica da campanha dele foi ganhar as eleições com uma
frente de esquerda, com base numa análise de que havia uma guinada nessa
direção em toda a América Latina, e no Brasil não seria diferente. Chile e
Colômbia seriam os grandes exemplos de vitória da esquerda com um discurso mais
moderado e democrático, mas claramente mudancista. A ideia de uma frente ampla
parou na vice para o ex-governador tucano Geraldo Alckmin, ao se rejeitar
qualquer possibilidade de aliança mais ao centro, por exemplo, com o
ex-presidente Michel Temer. Na verdade, não passou de retórica para esvaziar a
chamada terceira via e constranger os setores que a apoiavam a derivar por
gravidade em direção a Lula.
Essa estratégia não está esgotada, porque o
“voto útil” pode renascer das cinzas na reta final da campanha, mas está dando
errado, principalmente nas eleições estaduais, inclusive São Paulo, onde esses
setores de centro podem ser empurrados em direção a Bolsonaro. Nesse aspecto,
as candidaturas de Ciro e Simone podem ser a salvação da lavoura, mantendo
Bolsonaro distante de Lula e abrindo a possibilidade, aí sim, no segundo turno,
da articulação de uma frente ampla cuja tecelagem, obviamente, dependeria de
uma mudança de atitude de Lula, do seu projeto de governo e da construção de
novas alianças, bem mais amplas.
Eu sempre leio o que eu escrevo para verificar erros e ver se aquilo que eu escrevi não seria patético. O escriba acima já pelo jeito tem gosto por escrever o que pensa sem analisar a bobagem que pensa. Aliança com Michel Temer? Depois culpam o brasileiro de povo sem memória será por quê?
ResponderExcluirLula disse que pegou um País quebrado,o que não é verdade.
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