Valor Econômico
Não é pela alegação de suposta
superioridade moral que se reage a ataques por corrupção, mas com propostas
Ao longo de duas horas, 23.352 palavras
foram pronunciadas no debate da Band. Por 18 vezes apareceu a palavra “fome”,
ditas por Ciro Gomes (8), Jair Bolsonaro (5), Felipe d’Ávila (3), Simone Tebet
(1) e Soraya Thronicke (1). Luiz Inácio Lula da Silva foi o único a não juntar
as quatro letras.
O ex-presidente paralisou ante a exploração
do tema da corrupção pelo presidente da República, o mais prolífico no termo,
mencionado 39 vezes no debate: Bolsonaro (11), Simone (10), D’Avila (9) e Ciro
(4). Lula e Soraya empataram com uma única menção.
A militância e seus próprios
correligionários reclamam da lerdeza de Lula. Seja com um “alto lá”, “tenha
paciência”, “para com isso” ou “dá licença”, cobra-se uma atitude de
superioridade moral do ex-presidente sobre o atual titular do cargo.
Por outro lado, Lula é instruído por seus marqueteiros a não tocar no assunto. No jargão dessa turma, corrupção não é um “preditor” de voto positivo para o ex-presidente, que se beneficia mais da exploração daquilo que melhorou em seu governo.
Como o combate à fome está nesta lista de
melhorias e o Lula foi o único a pular o tema, não é um exagero falar de
apagão. Petistas costumam dizer que ele é bom de palanque e entrevista mas
nunca se deu bem em debates. O que aconteceu no domingo, porém, foi mais do que
inadequação de meio e mensagem.
Todo mundo sabia que Bolsonaro vinha com
perguntas sobre corrupção. É o que lhe resta para reeditar o antipetismo de
2018. Lula havia sido treinado para responder sobre o tema no “Jornal
Nacional”, mas recusou-se a passar por novo treinamento. E a dúvida é se
recusou apesar de saber que no debate não haveria reconhecimento da anulação
das condenações ou porque o sabia.
Todo o discurso de Lula sobre corrupção é
matizado pela defesa moral de um ex-presidente vítima de uma injustiça. O
candidato parece querer convencer o eleitor de que a corrupção, já admitida,
não voltará a acontecer porque ele é, ao mesmo tempo, autor e avalista da
promessa.
Nem o próprio Lula parece estar convencido
disso. Tanto que, orador capaz de improvisos de duas horas, precisa de uma
colinha para recitar cinco medidas de seu governo.
O eleitor está mais calejado do que nunca.
Os que perderam parentes e amigos e enfrentam sequelas físicas e emocionais,
tendem a rejeitar o governo de plantão. Os que perderam empregos e viram falir
seus negócios, tendem a aprová-lo.
Não será fácil captar este eleitor que
sobreviveu à pandemia com apelos morais. O combate à corrupção que lhe
interessa é aquele que pode melhorar sua vida. Não basta rebater Bolsonaro da
próxima vez que ele mentir sobre o veto ao “orçamento secreto”.
Lula vai remontar a CGU de Jorge Hage? A
Controladoria Geral da União, que Lula cita como se todo mundo soubesse o que
é, ganhou status de ministério em seu governo e, por oito anos, foi dirigida
por Hage.
Prefeito biônico de Salvador pela Arena,
deputado constituinte pelo MDB e juiz no Distrito Federal, Hage foi braço
direito e sucessor do primeiro ministro da CGU, Waldir Pires, com quem montou o
programa de fiscalização das prefeituras. As gestões sorteadas passavam por um
pente fino. Seus relatórios, enviados para o Ministério Público Federal e para
a Polícia Federal, geravam investigações que rastreavam os caminhos da
dinheirama federal nas prefeituras.
A CGU de Hage começou a ser desmontada no
governo Dilma Rousseff por pressões do Centrão ao PT. Antes de deixar o órgão,
em 2014, Hage foi inflexível nas condições para os acordos de leniência das
empreiteiras da Lava-Jato. Hoje a CGU é comandada por um lugar-tenente de
Bolsonaro, conivente com os desmandos da gestão federal da pandemia.
O que restou da CGU de Hage permitiu o
rastreio de informações que levou ao inédito bloqueio judicial de verbas do
orçamento secreto no Maranhão, cujo desvio foi radiografado por Breno Pires na
reportagem da Piauí sobre a cidade com 19 extrações dentárias por habitante.
Com a retração da CGU, o Tribunal de Contas da União, com todas as suas alas,
passou a tomar conta do pedaço.
Os petistas têm dito que uma vitória em 1º
turno tornaria um eventual governo Lula menos dependente do Centrão. As
negociações com o Congresso, porém, terão que acontecer, seja num 2º turno,
seja sob novo governo do PT. E são relatórios como os da CGU que permitiriam ao
Executivo retomar o controle sobre recursos destinados aos municípios via Fundo
Nacional do Desenvolvimento da Educação ou SUS, por exemplo.
Uma história dessas todo mundo entende,
assim como uma proposta de fortalecimento de delegacias da Polícia Federal
relevantes para o cumprimento de seu programa de governo.
Nenhum candidato mencionou a palavra
“indígena” no debate de domingo e apenas Lula citou a Amazônia - quatro vezes.
Nenhuma delas, porém, para dizer como pretende coibir o garimpo ilegal, a
grilagem de terras e o desmatamento.
O compromisso com o combate à corrupção não
pode se restringir à lista tríplice do MPF. Fortalecer a delegacia da PF contra
crimes ambientais, por exemplo, levaria o MPF a correr atrás, dando mais
condições de trabalho aos parcos cinco procuradores da República que hoje atuam
na área.
Nada disso vai prosperar no PT enquanto o
tema continuar a ser guiado pela abordagem moral da corrupção, como defende a
extensa banca de advogados que sustenta a candidatura Lula. É a existência de
propostas concretas que pode destravar o bloqueio de Lula sobre o tema.
Não foi o primeiro. Em 14 de dezembro de
1989 aconteceu coisa parecida. Era o último debate daquela campanha. O
ex-presidente Fernando Collor havia levado para o horário eleitoral gratuito a
existência de Lurian, a filha fora do casamento de quem poucos amigos de Lula
tinham conhecimento à época.
Seus assessores mais próximos tentaram
prepará-lo para a possibilidade de o tema ser levantado por Collor no debate.
Ele chegara ao ponto de levar Miriam Cordeiro, a mãe de Lurian, à TV para dizer
que fora pressionada a abortar. Lula, porém, resistiu a ser treinado para
responder sobre o tema.
Quando o debate começou, todo mundo
esperava que Lula virasse a mesa para responder às seguidas investidas de
Collor, mas o temor de que o assunto viesse à tona ali o bloqueou. A Globo
acabaria por reconhecer ter pesado a mão favoravelmente a Collor na edição
seguinte do JN. Já dá para concluir, 33 anos depois, que a edição piorou o que
já era ruim. Até porque só faltam 28 dias para o próximo debate.
Lula foi tirado da cadeia mas não inocentado, apenas descondenado pelos seus parceiros indicados para o STF
ResponderExcluirO brasileiro trabalhador pai de família , responsável , não vai votar no bandido que saqueou o país com sua quadrilha dizendo que estava defendendo os trabalhadores
Não vota em quem apoia aborto, droga, ideologia de gênero e bandido que rouba celular.
Não vota em quem apoia o MST que invade as terras privadas tocando terror , matando o gado e incendiando as casas dos proprietários
Não vota em quem apoia e manda dinheiro para as ditaduras como Cuba, Venezuela e Nicarágua que atualmente o seu presidente de esquerda está em guerra contra contra igreja católica prendendo padres e bispos e incendiando os templos
Ou seja o brasileiro não vai votar no Lula, porque considera um grande traidor do povo, corrupto inimigo da liberdade
Brasileiro trabalhador vai votar no genocida que matou centenas de milhares de brasileiros por não aceitar as recomendações científicas da OMS, por retardar e combater vacinas e por receitar medicamentos ineficazes? No meio da maior pandemia da nossa história, o insano achou que um general incompetente e ignorante poderia ser MINISTRO DA SAÚDE! Malditos genocidas!
ResponderExcluirLula comandou 2 governos corruptos que melhoraram a vida do povo. Bolsonaro comanda um governo corrupto e genocida que piorou muito a vida dos mais pobres e da classe média. Só os ricos e empresários ganharam com a política econômica sem planejamento do canalha Paulo Guedes, capacho do miliciano.
ResponderExcluirTem gente que quando fica nervoso melhora o discurso,o Lula é o contrário.
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