Chegamos a esse auspicioso resultado sem
termos recorrido a formas exasperadas de luta, sequer, como nos anos 1980 a manifestações massivas de protestos, mas por meio de um movimento
da opinião pública que foi tomando forma na medida em que encontrava respaldo
na ação dos nossos mais altos tribunais, especialmente no STF e em setores da
imprensa, que asseguraram a vigência da Constituição, e, fundamentalmente, a
defesa do calendário eleitoral, terreno propício à manifestações da vontade
democrática.
Aberta a competição eleitoral, logo se estampou o tamanho do dissídio entre o governo e a população aferido pelos institutos especializados nas disputas eleitorais, quando se teve notícia do caráter singular desse pleito ao revelar que o voto denunciava ser determinado por duas questões fundamentais, a da perversa distribuição de renda no país e a das mulheres, objeto do secular patriarcalismo que as mantém em submissão. As desigualdades regionais também afloraram com força, indicações eloquentes de que nessas eleições bem mais do que uma simples mudança de governo, estão vindo à luz os temas pertinentes ao aprofundamento da democracia brasileira.
O governo que aí esteve, malgrado o
medievalismo que o orientava, claramente dissonante de uma sociedade que se
moderniza materialmente e nos seus valores, contou, e ainda conta, com a
sustentação de largos setores das elites dominantes, boa parte deles ciente de que
sua boa safra chegou ao fim, e que é hora de procurar novos rumos para o que se
aprontam com o senso de oportunidade que jamais lhe faltou.
Nesse sentido, alguns dos seus ideólogos
mais conspícuos tramam para que se evite uma vitória de Lula-Alkmin já no
primeiro turno, forçando-a a negociações que aliviem os custos com a derrota
anunciada e que travem o vigoroso impulso democrático que nos vem das urnas. Os
poucos dias que nos separam do voto devem ser dedicados a um esforço redobrado
na ampliação de alianças e na convocação dos eleitores para que não se
abstenham do voto. O comparecimento maciço às urnas deve selar a sorte desse
malfadado governo, abrindo oportunidades para que levemos a cabo a
democratização do país que deixamos a meio caminho.
Sem ilusões, a tarefa que se impõe ao
futuro governo da vitoriosa coalizão democrática que soubemos construir nos
desafia no limite de nossas forças. Não se trata agora apenas de uma mera
sucessão presidencial, mas de recuperarmos os fios que escaparam de nossas mãos
por incúria nossa e que nos ligavam ao que havia de melhor em nossa história,
pois o sentido oculto da derrota que impusemos terá sido o de remover as raízes
que ainda nos prendem à nossa formação como uma sociedade criada à base do
latifúndio escravocrata.
Sergio Buarque de Holanda, na obra de gênio
Raízes do Brasil, publicada às vésperas do Estado Novo, escrevia, com razão,
que a democracia era, entre nós, um imenso mal-entendido na medida em que ela
fora um conceito retórico na prática de elites oligárquicas. Décadas depois,
por um caminho feito em ziguezagues, ora enveredando por soluções maquiadas do
liberalismo político, ora abertamente por regimes autoritários, chegamos agora,
pela manifestação majoritária por meio do voto de setores condenados à
exclusão, como os setores subalternos e as mulheres, que a democracia, afinal,
pode ser bem compreendida. Caminho, aliás, preconizado por esse grande autor.
*Luiz Werneck Vianna, Sociólogo, PUC-Rio
Werneck, você continua comendo o C de Alckmin. Mas muito bom. Depois de tantos erros restou para a esquerda e para o povo principalmente a bandeira da democracia. A democracia, desde que ela nasceu como democracia direta na Grécia Antiga, descriminava mulheres e escravos. Séculos depois a democracia representativa continuou discriminando mulheres, pobres, menores, etc. Nos dias de hoje a ideia de democracia é cada vez mais clara para todos. É por meio dela que tudo pode ser mudado. A distribuição de renda, a democratização da propriedade, a política ecológica para lidar com a natureza. E a tecnologia da informação torna possível a volta a democracia direta. O as pessoas poderão votar em suas casas usando seus celulares. Sem necessidade de um centrão movido a dinheiro público com ajuda de uma tchutchuca desmiolada.
ResponderExcluirO DESgoverno Bolsonaro conspirou COM os quartéis, ao contrário do dito no início pelo colunista.
ResponderExcluirExcelente artigo!
ResponderExcluirResume muito bem o biltre bozo (e o q ele representa de pior na nossa sociedade - e como tem gente ruim aqui! - vivi 60 anos e nao sabia q tinha tantos babacas) e nossa árdua luta contra o q existe de pior na nossa sociedade.
Parabéns!
LULA LÁ!
E Q SEJA NO 1o TURNO!
É incrível como vocês fanáticos da seita do ladrão acreditam nessa conversa fiada de primeiro turno
ResponderExcluirO presidente vai ser reeleito pode já ir se acostumando
Vc é gado?
ExcluirTodas as pesquisas dão vitória do LULA.
Abandone seu fanatismo e perceba q o Brasil só piorou.
Perco meu tempo. Descerebrado assim só bozonazista ou robot.
Resposta do anônimo das 14 (1 depois do 13 do LULA):
ResponderExcluirmuuuuuuuuuuuuu
O brasileiro é conhecido mundialmente por atacar pessoas na Internet. Os mexicanos que o diga. Por que não discutir com educação e boas maneiras sua opinião? Em vez da agressividade e ataques abaixo da cintura, poderíamos aprender um montão de coisas.
ResponderExcluirA cordialidade é um bem que pode mudar muitas coisas, portanto, vamos tornar esse mundo atual muito ruim e que a Internet agravou,’em busca de contribuir para o desenvolvimento da nossa nação carente de tudo.
Até o Bolsonaro está cordial, faltando 4 dias pra eleição e vendo suas chances terminarem... Vai permanecer cordial depois que sua derrota for anunciada e quando tiver que passar a faixa pro Lula? Os bolsonaristas colhem e colherão o que plantaram! O papagaio só mente e provoca neste blog... Cordialidade e educação com fascistoides mentirosos?
ResponderExcluirInútil taliban não sabe ler
ResponderExcluirA democracia há de brilhar mais uma vez.
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