O Globo
Não é sensato imaginar que, com tantas
declarações de apoio, venha um cheque em branco para Lula gastar como quiser
Impressionam a diversidade e o calibre dos
apoios angariados por Luiz Inácio Lula da Silva nos últimos dias. Artistas,
esportistas, economistas, educadores, políticos de diferentes vieses fizeram um
movimento, inédito desde as Diretas Já, de endosso a um candidato ainda no
primeiro turno, sem exigir contrapartida alguma em termos de participação no
governo ou sequer de compromisso programático.
Se o movimento resultará em vitória de Lula
no primeiro turno, é difícil dizer. Primeiro porque a dinâmica pela qual se
forma a opinião no Brasil foi revolucionada pelas redes sociais. Depois porque
a divisão do país é tal que o caráter plural do palanque pode até aprofundar o
discurso de ressentimento antiestablishment fundador do bolsonarismo — uma
espécie de seita impermeável aos valores antes consensuais da vida em
sociedade.
Mas não se pode negar o sentido de urgência
que emerge de discursos convergentes de pessoas que, até 2018, estavam em
lugares muito diferentes, disputando a agenda e o projeto para o Brasil.
Bolsonaro virou um denominador comum capaz de aplacar as diferenças, ao menos
no momento.
Como se sabe que, em política, não se consegue suprimir as divergências por muito tempo, menos ainda em questões fulcrais de matéria econômica e definição de prioridades de governo (portanto orçamentárias), esse barco que tem praticamente todos a bordo precisará definir a rota em algum momento. Desviar do iceberg representado pelo bolsonarismo é o que dita a condução agora, em meio à tempestade, mas e depois, aonde se quer chegar?
Essa singela pergunta tende a levar a menos
fotos com dedos em “L” ou discursos emocionados e a mais controvérsias sérias,
algumas inconciliáveis, já no dia 1 da formação do futuro governo, caso as
pesquisas se confirmem, e Lula seja eleito, em primeiro ou segundo turno.
O exemplo mais imediato diz respeito,
claro, à política fiscal e econômica que o ex e eventual futuro presidente
adotará. Num intervalo de uma semana, Lula recebeu o apoio de Henrique
Meirelles, pai do teto de gastos, e André Lara Resende, um dos seus primeiros
críticos entre os economistas do primeiro time, ainda na época em que a emenda
à Constituição reunia mais apoio que hoje.
Lula não prometeu, nem os apoiadores
cobraram, que todo mundo que está aparecendo na foto embarcado em sua
candidatura terá espaço no futuro governo. Mas Meirelles não esconde que está
pedindo a bola quando formula sugestões para praticamente todos os problemas
postos à mesa do futuro presidente a partir de janeiro nas entrevistas que tem
concedido.
Parece que não será trivial resgatar o
ex-presidente do Banco Central nos dois governos Lula depois que ele foi
ministro da Fazenda de Michel Temer, ainda hoje rotulado de golpista por ter
articulado o impeachment de Dilma Rousseff.
Afinal, antes das adesões sorridentes a
Lula nesta reta final, quem vem trabalhando na formulação do programa de
governo do petista é a turma do PT raiz, com Aloizio Mercadante e os
economistas da Unicamp à frente. Não será possível para quem chega desalojar
esse pessoal da primeira classe para ocupar as melhores cabines do
transatlântico agora que ele vai de vento em popa.
Caberá ao próprio Lula, com a ajuda importante
de Geraldo Alckmin, aparar as arestas e acertar os aparelhos para indicar a
navegação. Não seria prudente nem sensato imaginar que, com a declaração de
voto de tantos e tão diferentes expoentes da sociedade, venha um cheque em
branco para o petista gastar como bem entender.
Mesmo porque o governo que ele assumirá, se
vencer, não lhe permitirá gastança nem falar em herança maldita apenas da boca
para fora. O legado do bolsonarismo, boa parte dele envolta em sigilo de cem
anos, esse sim promete ser um mar revolto a desbravar.
"Caberá ao próprio Lula, com a ajuda importante de Geraldo Alckmin, aparar as arestas e acertar os aparelhos para indicar a navegação"
ResponderExcluirEstá é a CONDIÇÃO, sabida até pela articulista.
Mas vejam a pérola: "Não seria prudente nem sensato imaginar que, com a declaração de voto de tantos e tão diferentes expoentes da sociedade, venha um cheque em branco para o petista gastar como bem entender".
Ora, a própria articulista é quem imagina - o q a põe como insensata e imprudente de acordo com suas próprias PALAVRAS . NÃO EXISTE CHEQUE EM BRANCO - BOZO QUEBROU O BRASIL E ISSO É GIGANTESCO LIMITADOR NO FAZER - mas Lula comandará as prioridades no que puder e da última vez deu muito certo.
Além do mais, Lula já provou ser mais sensato e previsível do q a articulista e o bozo.
LULA LÁ É A SOLUÇÃO!
O sensato e previsível Lula, em quem votarei, nos apresentou sua sucessora, Dilma, com resultados sabidos e problemáticos. Nosso sensato e previsível Lula continua acompanhado pelos mesmos corruptos com quem governou o país e pelos mesmos corruptos que comandaram o PT junto com ele, quando ele se disse "TRAÍDO"... Lula pode ser solução, mas também pode ser grande problema! Ele está sendo esperto em pouco se comprometer nesta campanha, mas temos direito de nos preocupar, pois seu passado não nos dá convicção sobre seus métodos e objetivos. A colunista tem razão na sua análise!
ResponderExcluirPARABÉNS PELO SEU VOTO EM LULA.
ExcluirPARABENS!
Vero!
ExcluirVera Magalhães e a lógica do escorpião:
ResponderExcluirhttp://guilhermescalzilli.blogspot.com/2022/09/vera-magalhaes-e-logica-do-escorpiao.html
"Todos a bordo, mas para onde?"
ResponderExcluirPra um país muito melhor.
CLARO! Q pergunta sem nexo.
Cabe aqui a música:
"Apesar de vc, amanhã há de ser outro dia..."
Pode ser pro país que a Dilma nos conduziu e que começou seu segundo mandato com a "espetacular vitória" de 51 x 49?
ResponderExcluirMAS NÃO PRO PAÍS DO BOZO dos 100 imóveis, do 799 mil mortos, do ouro em biblia e pneus, da Amazônia e demais queimados, da misoginia, da homofobia, da xenofobia, da Miséria, da estagnação, da violência, ...etc., e continua etc.
ExcluirEh, gado, VOCÊS PERDERAM E SEU LIDER SERÁ PRESO!
TÁ CHEGANDO A HORA....
"Impressionam a diversidade...".
ResponderExcluirA mim não impressiona nem um pouco, pois a dimensão de sua estupefaçao é, com certeza, diretamente proporcional ao nível de corrosão (em todos os sentidos) que sensibilizou milhões de cidadãos da nação.
Meirelles é ícone não pode ser de um lado ou de outro é a unanimidade e certeza que dará certo em qualquer circustância. Em vez de ficar testando um e outros , que geralmente não dão certo, ex recente: Guedes.
ResponderExcluirMeirelles já escolheu o SEU lado: é Lula!
ResponderExcluirO apoio que Lula está recebendo é bem pragmático,é a favor da democracia e do estado de direito,a linha programática do governo são outros quinhentos.Mas não deixa de ser oportuno o questionamento da jornalista.
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