O Globo
Futuro do orçamento secreto definirá não
apenas os primeiros meses de um possível governo do PT, mas a relação do Executivo
com o Legislativo nos próximos anos
Ainda faltam alguns dias para a eleição,
mas as placas tectônicas de Brasília já se movem na direção do que seus
operadores consideram será o novo eixo do poder: a órbita de Luiz Inácio Lula
da Silva. Na capital federal, quem entende do riscado já se comporta como se o
cafezinho de Jair Bolsonaro estivesse frio.
Para algumas figuras nada bobas do Centrão,
do Judiciário e da elite da burocracia estatal, passada a eleição, teremos um
presidente diferente. Se depois a aposta não se confirmar, sempre será possível
fingir que nada aconteceu enquanto Bolsonaro lutava pela sobrevivência
política.
Não é por outra razão que velhos amigos do
petismo no Centrão, como os deputados Mário Negromonte (PP-BA), Aguinaldo
Ribeiro (PP-PB) ou Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), voltaram a frequentar
gabinetes e restaurantes com emissários de Lula e aos poucos retomam o
prestígio dentro de seus partidos.
A questão é que, se não há grandes dúvidas no Planalto sobre os resultados da eleição, há, sim, muita incerteza sobre o dia seguinte, por uma única e bilionária razão: o orçamento secreto. O destino dessa verba definirá não só o rumo dos primeiros meses de um eventual governo Lula, mas toda a relação do Executivo com o Legislativo nos próximos anos.
Estamos falando de R$ 16,5 bilhões em
emendas, hoje liberadas de forma automática pelo Parlamento, sem que se saiba
de modo transparente quem pediu a verba, qual o critério para destinar o
dinheiro e como ele é gasto. Chamadas tecnicamente de RP9, elas são a graxa que
lubrifica as engrenagens da relação entre Executivo e Congresso Nacional.
Foram gestadas ainda no início do mandato
de Bolsonaro, que, sem base no Congresso, decidiu “governar com o povo” — o
que, em sua lógica torta, significou passar a maior parte do tempo promovendo
tumultos institucionais, manifestações e motociatas, em vez de fazer o que era
pago para fazer: governar.
Durante todo o seu governo, Bolsonaro
enviou projetos ao Congresso sem sequer procurar saber se haviam sido aprovados
e o que era preciso fazer para que fossem. Deixou a tarefa aos presidentes da
Câmara, Arthur Lira, que do cargo controla R$ 11 bilhões em RP9s, e do Senado,
Rodrigo Pacheco (R$ 5 bilhões).
Na entrevista que deu ao Jornal Nacional em
agosto, Lula definiu o orçamento secreto como “excrescência”.
"Não é moeda de troca, é usurpação do
poder. O Bolsonaro não manda nada", resumiu.
Com Lula, a banda toca diferente. A
História já mostrou que o ex-presidente e seus aliados não têm nenhum problema
com moedas de troca ou mensalões. O que não aceitam é ceder poder. Do outro
lado, porém, estão Arthur Lira e uns 200 deputados nem um pouco dispostos a
abrir mão do que conquistaram, seja quem for o presidente da República.
Nas últimas semanas, Lula destacou aliados
para monitorar o humor do Supremo e articular para que a Corte resolva o
problema para ele, extinguindo o orçamento secreto e acabando com a festa do
Congresso.
Os petistas calculam que o novo governo
sairia das urnas com o apoio de no máximo 200 dos 513 deputados federais
aliados (já contando aí a ala lulista do MDB). Sem o orçamento secreto, boa
parte do Centrão migraria para a base de Lula quase por gravidade — dando a ele
a maioria de que precisa para governar e permitindo colocar um aliado na
presidência da Câmara.
Conversando com integrantes da Corte nos
últimos dias, concluí que Lula nem precisa fazer muito esforço. Os ministros se
preparam para julgar as ações sobre o assunto logo após a eleição e tendem a
declarar o orçamento secreto inconstitucional.
O grande problema é que, como definiu um
dos togados, essa decisão será o começo da novela, e não o fim. Lira e seus
aliados obviamente farão pressão sobre a Corte.
Muito provavelmente haverá uma negociação
delicada por algum tipo de “repactuação do modelo de liberação de emendas”,
como definiu o ministro. E muita gente vai esperar a questão se definir para só
então aferir o custo (ou o prêmio) para aderir ao novo governo.
Ontem mesmo, ao comentar a movimentação dos
petistas, um dos líderes de Bolsonaro no Parlamento esbravejou com o
interlocutor e garantiu que, se o Supremo derrubar o orçamento secreto, o
Congresso aprova uma emenda constitucional e cria tudo de novo.
Por aí se vê que, ao contrário do que a
propaganda eleitoral faz parecer, o que espera Lula num eventual início de
governo são trincheiras, e não flores. Enquanto os eleitores ainda decidem, os
gladiadores se posicionam, à espera de que os jogos de verdade comecem.
É impressionante o salto alto
ResponderExcluirLuís 15 que vocês colocaram, até já deram posse pro Lula ladrão e ele já está governando
Tudo fantasia maliciosa pra iludir o eleitor distraído.
Essa busca insana pela vitória no primeiro turno , que todos sabem impossível , é pela realidade do segundo turno que será cruel para o Lula , haverá todo uma confluência para o presidente que ganhará com certeza por uma margem grande de votos em relação ao Lula ladrão
O papagaio bolsonarista acima acredita que a maioria da população que rejeita terminantemente o genocida vai apoiá-lo milagrosamente se o canalha chegar todo estrupiado no segundo turno... Depois de todos os crimes cometidos durante a pandemia, Bolsonaro tem apenas um destino: O BANCO DOS RÉUS! E, em seguida, CADEIA POR LONGOS ANOS, de preferência prisão perpétua! Vai passar o resto da vida MENTINDO pros companheiros de cela...
ResponderExcluirVocê se comporta como um fanático comunista desse ladrão cachaceiro do Lula, não fala nada que preste
ResponderExcluirPode Jair se acostumando
A direita e esquerda deviam se amar como irmãos,estamos no mesmo barco da vida.
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