Valor Econômico
Noves fora as costumeiras mentiras,
Bolsonaro seguiu o padrão da política externa brasileira na ONU, adotando um
figurino que mostra que já não encontra mais fantasia com a qual seja capaz de
se reinventar
Noves fora o endereçamento doméstico e
as costumeiras mentiras ditas
naquele púlpito, o presidente
Jair Bolsonaro seguiu o padrão da política externa brasileira no
discurso proferido na abertura da Assembleia
Geral das Nações Unidas. E não poderia haver sinal maior de que
está perdido. Se
adotou o figurino é
porque já não encontra fantasia com
a qual seja capaz de se reinventar.
Apontou o retrocesso provocado pela guerra da Ucrânia na economia de baixo carbono que forçou o uso de fontes sujas de energia, criticou a adoção de sanções unilaterais e exortou a negociação e o diálogo na solução do conflito. Agradeceu aos países que ajudaram na evacuação de brasileiros da Ucrânia e defendeu os princípios da Carta da ONU por uma solução duradoura para a região.
Mais do mesmo? Não.
Basta lembrar o que Bolsonaro falou em 2019, quando seu guia de política
externa era Ernesto Araújo. Foi um discurso repleto de ditadura cubana, Venezuela, Fidel Castro, Hugo Chávez, socialismo e Foro de São Paulo.
Naquela estreia fez uma longa peroração
sobre a ideologia que, além de “perverter até mesmo sua identidade mais básica
e elementar, a ideológica”, também “expulsa Deus”. Exortou a ONU a derrotar o
“ambiente materialista e ideológico” prevalente com aquele apóstolo de sua
predileção (João, 8, 32). E tascou um ponto de exclamação ao adotar o hino
anti-globalista de Ernesto Araújo: “Esta não é a Organização do Interesse
Global”.
De lá para cá, Bolsonaro passou a ser
acompanhado em suas viagens internacionais pelas projeções que, no topo dos
prédios, exibem os predicados que envergonham os brasileiros perante o mundo.
Na noite anterior a seu discurso, as projeções estamparam o prédio da ONU. Ele tinha acabado de desembarcar de Londres, onde protagonizou o vexame mundial que foi a transformação do velório da rainha Elizabeth II num palanque eleitoral. Sem ter condições de competir com nenhuma das versões, optou pelo comedimento.
Como pode seguir "um padrão brasileiro na ONU" e ao mesmo tempo mentir?
ResponderExcluirAh, percebi, o padrão brasileiro é esse mesmo (ironia, gente).
Abandonar a "ideologia" fascista do Ernesto Araújo já foi um grande avanço! Não babarosovos do Trump também foi outro avanço. Será que o affair de Trump e Bolsonaro foi encerrado? Nem jantaram juntinhos desta vez...
ResponderExcluirSó Jesus na santa causa,rs.
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