quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Maria Cristina Fernandes - Do que depende a eleição em 1º turno

Valor Econômico

O Lula de Grajaú tem mais chance do que o do Morumbi

Luiz Inácio Lula da Silva chega às vésperas da eleição, de acordo com as últimas projeções do Ipec, com uma sobra de 1,5 milhão de meio de eleitores. É pouco, mas suficiente para liquidar a fatura no primeiro turno. Só não o fará se a violência elevar a abstenção e se o debate for desastroso para o ex-presidente.

Não faltam relatos de viva voz e virtuais, de candidatos, governadores, parlamentares e cabos eleitorais, a demonstrar que o Brasil vive a campanha mais intimidatória desde a redemocratização. Pelo site do TSE é possível saber como votam as seções eleitorais de todo país. Não é difícil montar uma rede de tocaias para intimidar os eleitores daquelas zonas eleitorais que tradicionalmente votam no PT.

Some-se a isso a percepção de quem tem corrido o país sobre as divisões sociais na campanha. A carreata de Lula que percorreu São Luís três semanas atrás passou pela avenida beira-mar, onde ficam os melhores restaurantes da cidade. Os clientes ficaram sentados enquanto garçons, flanelinhas e biscateiros de toda ordem corriam para a calçada a manifestar apoio.

Há senadores petistas no Nordeste que não frequentam restaurantes da classe média alta para não serem constrangidos. Representam, no Legislativo, uma região que ruma para dar a Lula um percentual de votos válidos de 68%. O acréscimo derradeiro de caminhadas em Fortaleza e Salvador na sexta visam a arrancar o 1º turno do bastião nordestino.

Foi noutro rincão lulista encravado no Grajaú, distrito mais pobre de São Paulo, que o candidato petista resolveu fazer seu penúltimo comício. Naquele extremo sul da capital, os jovens têm uma expectativa de vida 20 anos inferior à de Alto de Pinheiros, bairro em mora o candidato petista. Seu comício no sábado produziu aquelas cenas que aparecem em horário eleitoral - idosos carregados sobre escadarias, em cadeiras de rodas, para se juntar a uma multidão pobre, preta e magnetizada.

Trinta metros os separavam do candidato, distância calculada pelos agentes da Polícia Federal para evitar que o arremesso de objetos o atingisse. Nem quando disputou como presidente, Lula teve tanta segurança. O caminho até o palanque tinha duas escalas. Da primeira só se passava com nome numa lista. Lá se ganhava uma pulseira para o ingresso uma área com tapumes, revista e detector de metais, para, enfim, se ter acesso ao palanque.

Tudo isso por conta da escalada de atentados. Os fatos que se sucederam ao seu último comício, porém, desautorizam a aposta de que tudo isso desaguará no dia de eleição mais violento de todos os tempos.

A começar pela onda de apoios obtidos por Lula. Quando se juntam ex-ministros do PSDB, partido que se antagonizou com o PT ao longo de sua história, ex-ministros do Supremo Tribunal Federal que se notabilizaram pela condenação de petistas, e alguns dos maiores empresários e banqueiros do país que se acotovelaram para ouvir Lula, não é o voto útil que se move, mas o poder.

Voto útil acontece em toda eleição. Não decorre de um comportamento de séquito, mas do amadurecimento do eleitor frente às opções do mercado eleitoral ao longo da campanha. Se uma fatia importante da classe média ainda o hostiliza país afora, há um movimento aberto da elite política, empresarial e jurídica do país a respaldá-lo. É o Estado que se move e, pelo menos neste momento, ergue um manto de segurança sobre a escolha da massa empobrecida em favor de Lula.

A violência política levou os presidentes de quatro centrais sindicais (Força Sindical, CUT, UGT e CTB) até o presidente do TSE na terça-feira. A pauta era a segurança de quem trabalha nas eleições, especialmente dos mesários. A outra iniciativa do gênero, junto ao Ministério Público do Trabalho, para inibir pressões patronais sobre empregados havia sido exitosa. Ao longo desta semana, não houve registro de intimidação nos locais de trabalho.

Encontraram um Alexandre de Moraes senhor da situação. Ao longo de uma hora, explicou por quê. Dos encontros com secretários de segurança e comandantes das PMs estreitou-se a relação entre a inteligência do TSE e das polícias. O ministro não se impressiona com o que vê nas redes sociais. No 7 de setembro, disse, houve mais fumaça que fogo.

As centrais entregaram um documento com dados sobre o aumento da violência política, mas Moraes não se impressionou. Disse que o Exército está com um efetivo 20% maior e falou do canal do TSE para denúncias de violência política. Disse que não podia proibir que mesários se vestissem de verde e amarelo mas mostrou-se seguro de que os recrutados - mulheres e jovens - não servirão de soldados bolsonaristas. Deixou nos sindicalistas a impressão de que vai fechar os clubes de tiro na véspera da eleição.

Dos dois lances que podem desequilibrar a reta final, a ameaça de violência é, paradoxalmente, aquele sobre a qual parece haver mais controle. O desempenho de Lula no debate da Rede Globo, o último da campanha, na noite desta quinta-feira, é menos previsível.

Primeiro porque não é sua praia. Se ele se esparrama em palanques, como o de Curitiba, onde falou por 40 minutos depois de ter sido saudado 13 vezes com um “bom dia presidente”, não se dá bem quando é cronometrado. No debate desastroso da Band, juntou-se um séquito de 11 pessoas para adestrá-lo, em casa, já que se recusou a ir ao estúdio de gravação. Sem sucesso.

Nos 580 dias em que ficou preso ganhou leituras e perdeu pavio. A falta de paciência pra conversa mole lhe privou de agilidade contra a artilharia da corrupção. Nem todos os meios de que se vale para relaxar à tarde ajudam na concentração à noite.

Lula venceu uma queda de braço com correligionários que queriam menos comícios, onde avaliam que só há convertidos, e mais caminhadas e atividades itinerantes, onde julgam ser capazes de virar mais votos. Na reta final fez as duas coisas.

No jantar de endinheirados no Morumbi, repisou, ao lado da mulher, o bordão vulgar: “Estou com 76 anos, energia de 30, tesão de 20”. Três dias antes, no palanque do Grajaú, estava mais inspirado: “A velhice não é determinada pela idade, mas pela falta de uma causa. Eu não vou ficar velho porque tenho uma causa que são vocês”. Se o Lula de Grajaú se sobrepuser ao do Morumbi, ele vai tirar o debate de hoje à noite de letra.

6 comentários:

  1. Você é uma traidora do povo , pois está usando a sua posição de jornalista pra fazer essas narrativas horrorosas sobre as eleições
    Quem fazia tocaiara era o pessoal da CUT e do MST
    que agrediam os opositores
    A sua campanha descarada e inflamada a favor desse ladrão traidor que roubou a nação de dentro do Palácio do Planalto, que é a favor das drogas, do aborto , das invasões de propriedades
    Todos vocês jornalistas de esquerda que hoje estão em campanha pro Lula ladrão vão receber o troco da Sociedade de um jeito ou de outro
    O descrédito para o jornalista é seu túmulo!

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    1. Eh, gado. Vc não percebe por falta de inteligência mas seu texto confirma tudo, tudinho q autora diz.
      Traidora, tocaia, descarada e inflamada, ladrão traidor, drogas, abortos, invasões e, por fim, a ameaça:
      (vai a autora) receber o troco da Sociedade de um jeito ou de outro.
      Confirmado: broxonarentos são violentos.
      Tb, com o líder q têm.

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  2. Você é um idiota que não entende o que lê , não posso fazer nada, mas já posso te dizer uma coisa que a desculpa da derrota do Lula vai ser que a violência que vocês tanto falam e inventam, vai impedir do povo pobre do Lula em votar nele
    desculpa esfarrapada de perdedor
    pode chorar neném!

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    1. O gado continua confirmando a hipótese da autora. Kkkkkkkk
      Só dão tiro no pé.

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  3. O descrédito do bolsonarismo só aumenta entre a população. É tanta mentira, tanta incompetência, tanta agressividade, tanta falta de cultura, tanta grosseria, tanta violência, que ninguém mais respeita os bolsonaristas. Todos só querem distância destes coitados...

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