O Estado de S. Paulo
É fácil desqualificar a coletividade quando
as nossas escolhas saem derrotadas. Mas será isso democracia?
No próximo domingo, haverá eleições para os
cargos de presidente da República, senador, deputado federal, governador e
deputado estadual. É muito provável que nem todos os resultados saiam como
desejaríamos. Como lidar com a derrota política? Qual é a melhor resposta
perante uma frustração nas urnas?
No início do mês, impressionou-me a reação
do presidente do Chile, Gabriel Boric, após a votação que rejeitou, por 61,8%
dos votos, a proposta de nova Constituição chilena. Foi uma derrota política
duríssima, mas Gabriel Boric não a atenuou, não culpou a desinformação das
redes sociais, não desqualificou quem pensa de forma diferente, não pôs em
dúvida a lisura das urnas. “Hoje, falou o povo do Chile e o fez de maneira
forte e contundente”, disse. Ainda que o plebiscito sobre uma nova Carta
constitucional seja muito diferente de eleições regulares, as considerações de
Gabriel Boric podem ser muito oportunas para o Brasil de hoje.
Depois de destacar a confiança dos chilenos no processo democrático, Gabriel Boric reconheceu que o povo do Chile “não ficou satisfeito com a proposta de Constituição apresentada pela convenção e, portanto, decidiu rejeitá-la de forma clara nas urnas”. Como é importante admitir a voz das urnas, por mais que ela nos possa parecer, em determinado momento, um grande equívoco, um grande passo atrás, um grande absurdo.
No discurso de Gabriel Boric, há um detalhe
significativo. Ele não fala em mensagem dada pela oposição ou por quem tem
outras preferências políticas. Refere-se sempre à “mensagem do povo chileno”, o
que é uma forma de validar ainda mais a voz de quem lhe deu uma fortíssima
derrota política. O modo como nos referimos a quem nos derrota nas urnas – a
quem derrota os nossos candidatos – diz muito sobre o nosso apreço real à
democracia. Queremos mesmo escutar a voz de todos? Ou, em nosso íntimo, achamos
que o Brasil tomará jeito quando o eleitorado for mais parecido com as nossas
preferências e com o nosso modo de olhar o mundo?
A democracia não é um regime para assegurar
que nossas escolhas prevaleçam sobre as dos demais. Não é fazer valer a vontade
pessoal. É tentar ouvir e respeitar o maior número possível de vozes. Por isso,
no regime democrático, as derrotas políticas são frequentes. A régua não são
nossas convicções, nossas ideias, nossas propostas. O processo é regido por outra
dinâmica, genuinamente coletiva.
Há quem se assuste com as escolhas do povo.
O povo analfabeto, o povo ignorante, o povo preconceituoso, o povo que não tem
memória, o povo que não quer trabalhar, o povo que deseja viver à custa do
Estado, o povo que faz tal coisa ou que tem determinada visão de mundo. É fácil
desqualificar a coletividade quando as nossas escolhas saem derrotadas. Mas
será isso democracia? Ou, antes mesmo, será isso sociedade?
É doloroso perder. É doloroso ver rejeitado
nas urnas o que acreditamos ser o melhor para o País, o Estado ou o município.
Mas a democracia não é uma foto, não é mero presente. É também futuro: é um
processo de aprendizagem, cooperação e articulação. Em sua fala, Gabriel Boric
não se limitou a reconhecer a voz do povo do seu país. “Essa decisão das
chilenas e dos chilenos exige de nossas instituições e atores políticos que
trabalhemos com mais empenho, com mais diálogo, com mais respeito e carinho até
alcançar uma proposta (de nova Constituição) que represente a todos, que dê
confiança, que nos una como país”, disse.
Na democracia, as derrotas devem levar a
trabalhar mais – com mais empenho, com mais diálogo, com mais respeito e com
mais carinho (cada uma dessas quatro palavras oferece um horizonte amplo de
transformação pessoal e coletiva). A derrota não deve levar ao pessimismo, ao
alheamento ou à passividade. Quem só deseja trabalhar na vitória não apenas não
aprendeu o que é regime democrático, como demonstra ter uma causa política
débil – que se descarta diante dos obstáculos – e uma compreensão superficial
dos processos políticos.
“É preciso escutar a voz do povo não só
neste dia – continuou Gabriel Boric –, mas ao longo de tudo o que aconteceu
nesses últimos anos intensos que vivemos. Não nos esqueçamos por que chegamos
até aqui. Este mal-estar (que motivou o processo político de uma nova
Constituição chilena) continua latente”. É tentador olhar apenas o resultado
momentâneo, mas é equivocado fixar-se apenas nele. Muitas vezes, o modo como se
batalha produz mais efeitos (de médio e longo prazos) do que o simples placar
da batalha.
Ao longo da História, causas políticas
profundamente transformadoras – que produziram novos enquadramentos, novas
sensibilidades e muitos benefícios concretos para a vida da população –
sofreram grandes derrotas, algumas delas verdadeiramente humilhantes. Mas suas
lideranças e ativistas não se detiveram no fracasso. Não se recolheram para
cuidar de sua vida particular. Entenderam e respeitaram o processo. Aprenderam com
ele. E souberam transformar a derrota momentânea numa vitória muito mais
consistente, repleta de sentido e de eficácia.
*Advogado
Parabéns pelo artigo.
ResponderExcluir"E souberam transformar a derrota momentânea numa vitória muito mais consistente, repleta de sentido e de eficácia".
Este excerto cabe integralmente nas lideranças petistas. LULA preso foi uma derrota (injusta) mas momentânea e q já foi transformada em vitória.
AGORA É LULA!
Lula ladrão seu lugar é na prisão!
ResponderExcluirEssa palhaçada que vocês estão fazendo já já acaba, já deram posse para o Luladrão, ele já está montando seu ministério e está roubando normalmente
ResponderExcluirKkkkkkk
Pode Jair se acostumando!!
Os banqueiros, o STF e esse jornalismo marrom vendido se aliaram para trazer o Lula de volta das catacumbas da cadeia para voltar a ter acesso ao poder e aos cofres públicos
ResponderExcluirO povo acordou, o ladrão nunca mais!
Presidente reeleito!
Eh, gado!
ExcluirNão mesmo.
Kkkkkk
Abaixa ditadura do STF!
ResponderExcluirImpeachment para o Alexandre de Moraes!
Viva as liberdades democráticas!
Até o New York Times , jornal do Partido democrata , chamou o STF de autoritário e antidemocrático
ResponderExcluirO Brasil vai crescer mais do que a China e a inflação menor do que os Estados Unidos e Europa
ResponderExcluirO resto da narrativa dessa oposição de necrotério!
Crescerá mais. Com Lula, claro!
ExcluirDepois de 4 anos de tristeza e miséria.
O impeachment do ministro Alexandre de Moraes já passou da hora
ResponderExcluirO presidente do sedado Rodrigo Pacheco fica quieto porque ele depende de decisão do Supremo em relação aos processos bilionários de seu escritório de advocacia que estão na corte
Vergonhoso esse conluio
Impeachment já!
O GADO ACORDOU.
ResponderExcluirASSIM COMO O TOCADOR DE BERRANTE, ACORDAM TARDE.
MAS PODE SER ROBOT.
Enfim, deixou, a conversa, de ser civilizada. Só mugido.
LULA LÁ!
E NO 1o TURNO, GADO!
Esse gado escolheu a dedo as palavras encontradas nos anônimos imparciais. Mas aos degenerados que ofendem com palavras chulas o bozo nem uma palavra foi alencada. Conclusão
ResponderExcluirO Lula já está nandandon e o agiota já está na praça vendendo textos favoráveis ao PT, ou ele é apenas mais um que vai me obrigar a votar no
Bozo. Psicólogo e Advogado
Elencada - antes que alguém me corrija
ResponderExcluirNão dá pra usar palavras chulas pro Bostonaro? Mas e quando as palavras chulas saem da boca do Broxonaro. aí pode né? O pessoal escolhe motivos incríveis pra votar no degenerado genocida...
ResponderExcluirÉ tão burro que leu mas não entendeu
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