O Globo
'Datapovo' anda de braços dados com
questionar urnas eletrônicas
Havia grande receio sobre o que poderia
acontecer no 7 de Setembro. Enquanto se temia que, no discurso do presidente
Jair Bolsonaro, viessem duros ataques às urnas eletrônicas, ao Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), um dos principais
alvos foram os institutos de pesquisa.
Em Brasília, Bolsonaro disse:
— Nunca vi um mar tão grande com essas
cores verde e amarela. Aqui não tem a mentirosa Datafolha. Aqui é o nosso
Datapovo.
No dia seguinte, na live presidencial das
quintas-feiras, ele retomou:
— Alguém acha que esse cara [Lula] vai
ganhar a eleição? O Datafolha, por exemplo, [diz que] pode ganhar no primeiro
turno. Alguém acredita que, em eleições limpas, o Lula ganha?
Um dos objetivos da mobilização para o 7 de
Setembro era produzir imagens eloquentes que questionassem o que mostram as
pesquisas de intenção de voto. Afinal, como um presidente capaz de levar tanta
gente às ruas pode estar atrás de Lula, ainda correndo o risco de perder no
primeiro turno?
Ao gerar descrédito nos institutos, sugerindo que Bolsonaro vencerá, o bolsonarismo tenta evitar um fenômeno conhecido: a tendência de alguns eleitores de votar no favorito. Se conseguir convencer parte do público de que as pesquisas não valem e de que devem prevalecer as fotos de multidões mobilizadas, pode ser que esse empurrão rumo ao favorito vá para Bolsonaro, e não para Lula.
Atacar a credibilidade dos institutos de
pesquisa também faz parte da estratégia bolsonarista de contestar o resultado
das eleições. Ela anda de braços dados com os ataques às urnas eletrônicas. Afinal,
se o resultado das pesquisas for convergente com o anunciado pelo TSE em
outubro, será mais difícil alegar fraude.
É preciso então que a teoria da conspiração
para impedir a vitória de Bolsonaro passe a abarcar cada vez mais gente: não
apenas o TSE e os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) teriam de estar
dominados pelos petistas, mas institutos como Ipec (formado
por antigos executivos do Ibope), Datafolha e todos os demais teriam de estar
fraudando seus resultados para favorecer o PT.
O ataque aos institutos tem duas linhas.
Numa delas, se exploram supostos interesses escusos. Muitos dos levantamentos
dos novos institutos de pesquisa são encomendados por bancos que usam as
pesquisas para orientar investimentos. O bolsonarismo tem difundido a tese
alucinada de que os bancos não gostam de Bolsonaro porque perderam dinheiro com
a introdução do Pix e, por isso, se vingam divulgando pesquisas fajutas que dão
a vitória a Lula.
Mas há também uma segunda linha de
argumentação que abusa da ignorância do público. Na sexta-feira, o general
Augusto Heleno deu uma aula de desconhecimento dos fundamentos da estatística
publicando a foto da multidão no ato em Brasília, seguida do seguinte tuíte:
“Pesquisas com 2000 entrevistados (qdo temos mais de 156 milhões de eleitores);
com 200 municípios visitados (em um total de mais de 5.600), não podiam ser
publicadas. São um deboche à inteligência e quase certo que estão a serviço de
algo ou de alguém. Só causam desconfiança!”.
Qualquer aluno do ensino médio sabe — ou
deveria saber — que uma amostra aleatória ou bem controlada de 2 mil elementos
de um conjunto grande representa adequadamente o universo, com uma pequena
margem de erro.
Paradoxalmente, a campanha contra as pesquisas de intenção de voto e a insistência nas evidências anedóticas do “Datapovo” podem funcionar, numa espécie de profecia autorrealizável. Se uma parcela significativa do eleitorado bolsonarista adquirir aversão aos institutos de pesquisa e deixar de responder à abordagem dos entrevistadores, pode ser que os bolsonaristas fiquem sub-representados na amostra dos institutos. Essa é uma das explicações para a falha de alguns institutos de pesquisa americanos que subestimaram o voto em Donald Trump nas últimas eleições presidenciais nos EUA. O mesmo pode acontecer aqui.
Excelente texto! É exatamente este o objetivo dos bolsonaristas ao criticar os principais institutos de pesquisa cujas sondagens há meses sempre dão vantagem maior ou menor para Lula, e registram tremenda rejeição a Bolsonaro. Aqui mesmo neste blog temos visto um papagaio bolsonarista anônimo que questiona o Datafolha e IPEC e comenta sobre algumas pesquisas de empresas quase desconhecidas em que a diferença pró-Lula seria menor ou até inventam alguma pequena vantagem de Bolsonaro.
ResponderExcluirVários institutos de pesquisa entre eles Gerp, Brásmarket, Paraná pesquisa mostram O Bolsonaro a frente do Lula ou empate técnico
ResponderExcluirA última pesquisa modal/ mais do Instituto Futura colocou Bolsonaro com 41% das intenções de voto contra Lula 35%
Essas pesquisas são ignoradas propositadamente e só são comentadas as pesquisas do Datafolha que pertence a um jornal de oposição ao presidente e do IPEC , que foi o antigo ibope que de tanto errar grosseiramente o seus resultados, sempre a favor da esquerda, teve que fechar, dar um tempo e agora mudou de nome
É bizarro a força que vocês fazem pra vender esse bandido, que comandou o assalto ao Brasil de dentro do Palácio do Planalto, como se o Lula fosse um estadista capaz, e não um grande traidor da Pátria
O povo já sabe quem ele é, não adianta é o velho cachaceiro , ladrão , manjado de sempre
Pode anotar, presidente reeleito!
Eis o papagaio, papagaiando aí em cima... Nem se interessou pelo texto do colunista, só se preocupou em repetir as mentiras e pesquisas mais que suspeitas. Datafolha ontem: Lula 45 x Bolsonaro 34.
ResponderExcluirBolsonaro só lidera na pesquisa sobre quem mente mais nesta eleição. Aí, sua liderança é disparada e com grande folga, muito à frente dos demais candidatos, segundo a pesquisa do Datafolha divulgada ontem!
ResponderExcluirO Trump perdeu pra mulher do Clinton,só foi eleito por causa do sistema eleitoral fajuto dos Estados Unidos.
ResponderExcluirTem um maluco do Datafolha aqui que só fica falando besteira O fanático acusa os outros do que ele, é mentiroso de esquerda
ResponderExcluirCoisa de petralha