O Globo
Simpatizantes do presidente precisam ser
persuadidos e recuperados para o jogo democrático regular
Vivemos tempos desafiadores. O bolsonarismo
ameaça as instituições democráticas e ataca duramente a credibilidade da
imprensa, da ciência e das artes. O impulso de jornalistas, cientistas e
artistas tem sido responder a esses ataques vis com posturas firmes de rechaço
e oposição. Mas essa reação, totalmente compreensível, termina
involuntariamente por reforçar a crítica bolsonarista de que as instituições estão
corrompidas e são enviesadas contra ele e contra o povo. De maneira
contraintuitiva, é preciso respirar fundo e responder ao desafio bolsonarista
aprimorando os mecanismos de equilíbrio e pluralidade das instituições.
O bolsonarismo acusa a imprensa profissional de ser esquerdista e petista — sem sombra de dúvidas, um delírio. A mesma imprensa que critica duramente Bolsonaro não deu vida fácil aos petistas durante os anos 2000 e 2010. Apesar disso, os bolsonaristas vão acumulando “evidências” do caráter militante e “petista” da imprensa.
No começo de agosto, um vídeo com Emílio
Surita, apresentador do programa “Pânico”, da Jovem Pan, viralizou nos meios
bolsonaristas. No vídeo, ele lê em sequência uma série de manchetes para
mostrar como os veículos de imprensa não são capazes de reconhecer melhorias no
governo Bolsonaro sem incluir um contraponto negativo. Ele enumera: “Brasil
melhora acesso a escola, mas [lido com ênfase] ainda precisa superar
desigualdade, aponta OCDE”, “Desemprego recua para 9,3% em junho, mas número de
informais é recorde, aponta IBGE”, “Itaú eleva PIB para 2% em 2022, mas alerta
para desafio fiscal relevante”; “Emprego surpreende em maio, mas dúvidas
persistem”, “Brasil tem menor taxa de homicídios em uma década, mas está entre
os dez países mais violentos”, “Brasil volta ao 6º lugar em investimentos no
mundo, mas retomada é parcial”.
Todas as manchetes citadas por ele são
reais e, de fato, existe uma prática nas redações de incluir contrapontos nas
manchetes, pois os jornalistas têm o dever de apresentar todos os lados de uma
história. Na atual circunstância, porém, essa prática me parece ter um outro
motivo bastante compreensível. Muitos jornalistas consideram hoje grande
irresponsabilidade dar uma manchete que possa ser usada como escada para o
bolsonarismo, que está corroendo e degradando as instituições democráticas.
Assim, para dar a notícia e não se deixar ser usado, inclui-se já na manchete
um contraponto.
Mas daí segue um paradoxo. Se, por um lado,
ao dar o contraponto na manchete, o jornalismo tenta impedir que uma notícia
sóbria seja instrumentalizada pelo bolsonarismo, que corrói a democracia, por
outro, o artifício involuntariamente corrobora a tese de que a imprensa é
militante e não profissional. O que fazer então?
Ao contrário da reação espontânea de
repelir quem ataca, acredito que devemos responder ao desafio bolsonarista
redobrando o cuidado com o equilíbrio. Mais importante do que impedir a
imprensa, a ciência ou as artes de ser instrumentalizadas por Bolsonaro, é
desmontar a tese bolsonarista de que elas estão engajadas numa espécie de
conspiração. Não importa que a tese seja delirante, uma parcela da população
está aderindo a ela.
É preciso separar a liderança bolsonarista
da base bolsonarista. Enquanto a liderança precisa ser enfrentada pelas graves
ameaças à democracia, a base de simpatizantes do bolsonarismo precisa ser
persuadida e recuperada para o jogo democrático regular. Afinal de contas, não
podemos empurrar o país para um antagonismo com os 25% ou 30% da população que
é bolsonarista. No limite, isso nos levaria a uma guerra civil.
O bolsonarismo não deve ser combatido, deve ser desarmado, desmontado. Quem precisa ser combatido é Bolsonaro.
Quem precisa ser desmontado é o Lulopetismo, essa quadrilha que organizou o maior assalto aos cofres públicos do Brasil, montando a verdadeira Claptocracia, como disse o ministro Gilmar Mendes, o Pt criou a República dos ladrões , a corrupção permeou todas as instituições democráticas , colocando em risco o seus pilares republicanos
ResponderExcluirVocês estão assumindo uma postura de cúmplices
A imprensa hoje é de esquerda sim porque o seu jornalista 80% são de esquerda
O povo já percebeu tudo isso e vai dar as respostas nas urnas
A melhor resposta ao bolsonarismo é o julgamento do líder genocida e dos seus cúmplices, e a aplicação das penas mais severas para tais canalhas criminosos! Como Bolsonaro é a favor da pena de morte, talvez não se importe se ela for implantada no país e ele seja o primeiro a inaugurar e ser condenado a este nível de armamentismo e violência!
ResponderExcluirO Lulopetismo é menos nocivo que o bolsonarismo,devemos apenas melhorar a esquerda.
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