O Estado de S. Paulo
Eleitores que desejam ter a chance de votar
em liberais verdadeiros no futuro devem impor a Bolsonaro, agora, a mais rápida
derrota.
Como devem agir, no primeiro turno,
eleitores democratas de direita diante de uma disputa que, na prática, está
reduzida a um enfrentamento entre um esquerdista (Lula) e um nacionalista
autoritário (Jair Bolsonaro)?
Para esses eleitores, as eleições de 2022
ficaram com sabor de um campeonato em que ambos os finalistas são seus maiores
rivais. O time do coração ficou pelo caminho. Restaria torcer pelo time
pequeno, simpático, mas inexpressivo.
Mas essa analogia esportiva é limitada. Na
realidade brasileira, temos razões de sobra para temer a campanha de segundo
turno que dará prazo extra para que um extremista como Jair Bolsonaro parta
para o tudo ou nada.
Mais fácil é prever o que ocorrerá caso ele
vire o jogo e alcance a reeleição: não há, na história global recente, uma
democracia que tenha reeleito alguém de vocação tão inequivocamente autoritária
como Jair Bolsonaro, e, ainda assim, sobrevivido sem se descaracterizar.
Eleitores de direita que desejam ter a chance de, no futuro próximo, votar em liberais verdadeiros, conservadores genuínos e democratas honestos, com candidaturas competitivas, devem agir para que Jair Bolsonaro sofra logo a mais rápida e humilhante das derrotas, sendo batido no primeiro turno.
A derrota vergonhosa de Bolsonaro já no dia
2 de outubro será estratégica para a reorganização da direita brasileira. A
humilhação de ser o único presidente a perder a reeleição, ainda mais sem nem
sequer chegar ao segundo turno, fatalmente abalará sua liderança no campo
direitista e conservador.
Isso dará a outros políticos de direita,
mais comprometidos com a civilidade democrática, a chance de sair da sombra
bolsonarista que hoje os ofusca. Derrotar Bolsonaro logo é votar hoje pela
terceira via de amanhã.
Ao contrário de Donald Trump, outro
populista sem apreço pela democracia, Jair Bolsonaro não tem um grande partido
para lhe manter relevante quando perder o cargo. Podem apostar: Arthur Lira e
Ciro Nogueira não gastarão nem capital político, nem dinheiro, nem tempo para
manter cheia, em 2023, a bola de um Bolsonaro humilhado nas urnas.
Fora do cargo, sem o apoio do Centrão, sem
a proteção institucional da Presidência da República e sem a camaradagem de uma
Procuradoria-Geral da República que perderá, inclusive, competência jurídica
sobre seus casos, Bolsonaro responderá a processos sem fim por tudo o que fez
na Presidência. É bem possível que acabe condenado e inelegível, perdendo ainda
mais relevância. Ninguém trabalhará para reabilitá-lo em defesa da democracia,
pois é ele próprio quem a ameaça.
Sem partido, sem cargo e quiçá inelegível e
multicondenado, sua liderança política terá dificuldades para se sustentar com
grande força. Líderes ganham importância quando sua perspectiva de poder é
crescente, porém fenecem quando essa perspectiva é decrescente. Lula foi
exceção; a regra está mais para Aécio Neves.
Com uma derrota bem aplicada a Bolsonaro,
talvez a direita mais radical e antidemocrática se recolha a ser o que era anos
atrás: apenas uma franja marginal da política institucional, deixando de
ser mainstream. Talvez se reduzam a uma falange sem tanto poder, liderada
por uma família de radicais chafurdada em negócios suspeitos – mistura tropical
dos Le Pen com os Sopranos. Talvez suas facções se decomponham em conflitos
intestinos, pois os herdeiros do olavismo não se entendem com os filhos do
capitão – e, para atrapalhar ambos os lados, haverá sempre um Weintraub, uma
Janaína Paschoal.
Livre do abraço de afogados deste exército
de Brancaleone que é o “bolsolavismo”, a direita civilizada poderá se reagrupar
para fazer aquilo que se espera da oposição numa República funcional:
fiscalização, pressão e negociação. Batalhará para que o ministro da Economia
de Lula 3 seja mais Meirelles, e menos Mantega; para que o indicado ao Supremo
Tribunal Federal (STF) seja mais Menezes Direito, e menos Dias Toffoli; para
que Venezuela e Nicarágua sejam reconhecidas como ditaduras que são; para que
órgãos de controle e combate à corrupção recuperem dentes e garras que
Bolsonaro limou.
Lula, para confirmar seu compromisso com a
sobrevivência da democracia brasileira além das eleições, haverá de reconhecer,
respeitar e dialogar com essa direita democrática, até mais do que fez antes.
Ele, que vê longe, sabe que, em algum nível, também depende dele e de seu
governo a reabilitação da direita não extremista, que é essencial para uma
democracia plural.
Há temas urgentes nos quais negociações
honestas e esforços comuns entre esquerda e direita podem render frutos: uma
reforma tributária que ataque desigualdades e melhore o ambiente de negócios,
ou um plano ambicioso para proteção ambiental com estímulo à economia verde.
Imaginem que avanço quando forem esses
os assuntos a nos ocupar. Quanto antes, melhor.
*Advogado, professor da Faculdade de Direito da USP, é autor de ‘Como remover um presidente’ (Ed. Zahar)
Já vi muita narrativa oportunista mas essa se superou, dizer que votar no Lula é fortalecer a direita democrática é o famoso me engana que eu gosto
ResponderExcluirEssa turma ligada ao foro de São Paulo vai censurar , perseguir, prender seus opositores como faz o Daniel Ortega, Maduro na. Venezuela e o governo de Cuba não há espaço para divergência em governos de esquerda
hoje mesmo com o presidente de direita o ST F tem feito uma perseguição implacável aos apoiadores de direita do Bolsonaro indicado pelo PT estão a serviço da esquerda já mostrando o seu viés autoritário
Abaixo a ditadura do STF impeachment para o ditador Alexandre de Moraes
ResponderExcluirFora broxonaro!
ResponderExcluirBozo piorou o pais em tudo! TUDO MESMO!
Se perguntarem o q meu comentário tem com o artigo, reconheço q nada.
Mas analisem os comentários acima do meu, feitos pelo gado, e verão o baixíssimo nível intectual da corja de direita.
Num dia eles entram em nosso jardim e roubam uma rosa...E qd quisermos protestar já não temos voz.
Não permitamos isso. JANONES NELES!
A direita q o autor pensa existir apoiou o inominável E O GOLPE!. Há uma contradição incontornável nisso: apoiar o coiso (e o golpe) X ser civilizado.
ResponderExcluirCONCLUSÃO: o autor se engana crendo q no Brasil uma direita civilizada.
Q esta direita vire seu voto e apoie Lula. Mas isso me parece meramente temporário, ié, apoiará o primeiro boçal q possa roubar o poder - não aprendeu com o golpe de 64; não aprenderá com o golpe atual.
É se o Lula e o José Dirceu resolverem que o país ficará 30 anos governando? A roubalheira foi para isso, disseram.
ResponderExcluirTrocar um boçal por outro.
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