O Globo
Assédio deflagrado pelo presidente mostra
uma campanha deliberada para minar credibilidade da imprensa
Relatório da ONG Repórteres Sem Fronteiras
contou 2,8 milhões de ataques contra jornalistas nas redes sociais no primeiro
mês de campanha eleitoral oficial. Dessas investidas, a maioria esmagadora se
destina a mulheres e, entre elas, os ataques dirigidos a mim lideram,
disparado, o ranking, com a companhia de colegas como Míriam Leitão, Amanda
Klein, Andréia Sadi e Mônica Bergamo.
No meu caso, a onda de ataques e agressões,
inclusive a mais recente, de assédio presencial do deputado estadual
bolsonarista Douglas Garcia, foi deflagrada a partir da investida de Jair
Bolsonaro contra mim a uma pergunta feita a Ciro Gomes, com comentário do
presidente, no debate de um pool de veículos de imprensa.
— Você é uma vergonha para o jornalismo
brasileiro — disse Bolsonaro.
Foi a mesma frase reproduzida num cartaz com minha fotografia, içado num guindaste durante o 7 de Setembro em Copacabana. Também foi a mesma berrada por Garcia a poucos centímetros do meu rosto na última terça-feira, junto à mentira de que eu ganhava R$ 500 mil por ano para atacar o presidente.
Uniu-se ao pelotão de linchamento ontem a
ministra Damares Alves, candidata ao Senado pelo Republicanos, que em
entrevista à BandNews cometeu a leviandade de dizer que zombei do abuso sexual
que ela relatou ter sofrido quando criança, algo que jamais ocorreu.
Esse assédio deflagrado pelo presidente,
portanto autorizado, e continuado por seus apoiadores mais fiéis mostra uma
campanha deliberada para minar a credibilidade da imprensa. Mais: trata-se de
uma campanha de intimidação e acossamento permanente, brutal, violenta, não por
acaso concentrada em mulheres, na expectativa de que nós, jornalistas, nos
atemorizemos e, assim, consciente ou inconscientemente, nos autocensuremos,
adotemos uma contenção ditada pelo medo físico e psicológico de exercer nosso
ofício.
Esses expedientes não são invenção do
bolsonarismo. Inscrevem-se na cartilha pela qual políticos populistas, com
propensões autoritárias, agem para dilapidar a influência da imprensa nas
sociedades e, com isso, gerar um ambiente em que o jornalismo profissional é
substituído pela propaganda travestida de notícia e difundida por meio das
redes sociais, de canais no YouTube e postagens em massa em aplicativos de
mensagens.
Iniciativas de coalizões de imprensa,
protocolos testados pela Justiça Eleitoral, acordos como o firmado pelo
Ministério Público de São Paulo com entidades representativas dos jornalistas
para tentar blindá-los de ataques são louváveis e necessários, mas, diante da
virulência, da alta profissionalização, da falta de limites e da autorização
oficial dos ataques por parte de autoridades, acabam sendo, por ora, uma forma
de enxugar gelo.
Algo está muito errado com a democracia
quando jornalista vira assunto ou, pior, personagem de uma campanha eleitoral.
Somos ensinados, nas faculdades de jornalismo e ao longo da carreira, a
reportar, entrevistar, analisar, questionar, sempre em terceira pessoa.
A fulanização de jornalistas, sobretudo
mulheres, e dos ataques a eles e elas, a nós, na “pessoa física”, não é casual,
é calculada. É muito grave que nossos nomes parem em hashtags acompanhados de
palavras como “lixo”, “vergonha”. Uma sociedade que, em qualquer proporção, se
regozija de ataques desferidos contra profissionais que apenas exercem seu
trabalho está doente, radicalizada, viciada em enxergar a política e o
jornalismo como espetáculos sangrentos, nos quais se tem de eleger todo dia
“mocinhos” e “bandidos” para amá-los e odiá-los com intensidade.
Somos humanos, profissionais, falíveis, mas
agimos segundo preceitos éticos e normas de jornalismo.
É o que eu venho comentando, Hitler quando iniciou sua trajetória maldita enganou muita gente, inclusive o governo brasileiro a época. Esse cara tem a linha de pensamento de quem nunca comeu melado este sobe para a cabeça e aí inicia a loucura . Ganha a confiança para realizar sua fonte inesgotável de maldades Atrai outros da mesma natureza e forma seu exército de sadismo e loucura. Infelizmente, sua capacidade de atrair quem padece de complexo de inferioridade, igual a ele, é muito grande e vai usando essa capacidade para formar o seu exército de Malditos. Esse novo Hitler tem predileção por mulheres em vez de judeus e sabe-se lá o tamanho desse iniciante exército no momento. Vingativos já todo mundo sabe disso, grau de malvadezas também. Só nos resta lutar contra esse poder, muita reza e água benta.
ResponderExcluirVera, você é um orgulho para o jornalismo brasileiro!
ResponderExcluirJair Bolsonaro é uma vergonha para toda a nação brasileira! Prisão perpétua é pouco para tantos e tão graves crimes cometidos pelo genocida!
Se eles são agressivos com mulheres e,são mesmo,imaginem com a gente que é gay?
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