segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Alex Ribeiro - Guedes quebra liturgia nas reuniões do FMI

Valor Econômico

Em defesa do governo, ministro levantou uma dúvida sobre a continuidade do que descreve como momento favorável

O ministro da Economia, Paulo Guedes, quebrou a liturgia durante a reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, adotando um tom político-partidário pouco comum nesses encontros de organismos multilaterais.

Chamou a atenção a linguagem crua usada em palestras com investidores estrangeiros, que estão pouco acostumados com o estilo do ministro. Ele também levantou dúvidas, em entrevistas coletivas e na carta entregue ao Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), sobre a continuidade da política econômica brasileira, dependendo do resultado das eleições presidenciais.

Guedes é o ministro da Economia nomeado por Jair Bolsonaro e, portanto, exerce uma função política. É natural que faça a defesa da política econômica do governo. Mas, quando está no exterior, é também o representante do Estado brasileiro, cumprindo um papel de embaixador.

O ministro vive às turras com o FMI já faz algum tempo, em particular com as projeções econômicas, e tem certa razão. Em junho de 2020, o Fundo divulgou uma projeção de queda da economia de 9,1%, provocada pela pandemia. Muita gente boa chegou a prever o pior. Mas, naquele momento, o Banco Central e o mercado financeiro já estavam revendo os piores prognósticos para o Brasil, depois que a economia mostrou resiliência.

Desta vez, durante a passagem por Washington, Guedes criticou a projeção do FMI para a expansão do PIB em 2023, estimada em 1%. A rigor, o Fundo está mais otimista que o consenso do mercado financeiro, reunido no boletim Focus, de 0,59%. Ainda assim, o organismo não foi poupado.

“Estão prevendo para o ano que vem um crescimento baixo”, disse, numa entrevista coletiva. “Possivelmente estão achando que o outro candidato [Lula] vai ganhar. Aí o crescimento vai ser baixo mesmo. Mas conosco vai seguir crescendo.” O Ministério da Economia vem sendo criticado, no Brasil, por trabalhar com uma expansão de 2,5% em 2023, que superestima a arrecadação federal.

A reunião do FMI e do Banco Mundial é um grande encontro de autoridades econômicas e financeiras, investidores, economistas e acadêmicos. Há as reuniões oficiais, organizadas pelos países e pelos organismos multilaterais, e também a agenda de bancos e outras instituições financeiras, que promovem encontros com autoridades e investidores.

Um dos pronunciamentos oficiais mais importantes é a carta que cada uma das 24 cadeiras que compõem o fundo lê para o IMFC. Nesse documento, Guedes exalta o governo Bolsonaro tem feito. “Esta administração entregou reformas estruturais transformadoras, cujos efeitos positivos continuarão a ser sentidas no futuro”, diz a carta.

Já é inadequado e cafona deitar elogios a si mesmo, personalizando uma relação que deveria ser de Estado. A situação fica pior quando se considera que, na verdade, o Brasil é o líder de uma cadeira, ou “constituency”, composta por 11 países, como Equador, Haiti e Timor Leste. Parece implicância com detalhe formal, mas não é: na diplomacia, cada palavra tem muito valor e deve ser pesada com cuidado. A leitura dos pronunciamentos dos demais membros do IMFC mostra como todos têm o cuidado de respeitar sua “constituency”.

Na carta, porém, Guedes vai além: levanta uma dúvida sobre a continuidade desse suposto momento favorável, sugerindo o risco de não manutenção das políticas atuais. “Os resultados de nossas ações e determinação começaram a ser percebidos e, se mantidas, continuarão a determinar o desempenho da economia brasileira por muitos anos.” O que o ministro não detalha é o que poderia mudar a política econômica atual: uma eventual eleição de Lula ou sua demissão por Bolsonaro. É um caso raro de ministro da Economia que, no exterior, levanta incertezas sobre a economia brasileira.

Em agosto de 2002, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, negociou um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para reduzir as incertezas durante o período eleitoral e dar tranquilidade na transição ao governo Lula, que naquele momento já era o cenário mais provável. Muito se fala sobre como Lula acalmou os mercados com a Carta ao Povo Brasileiro, mas, na verdade, a âncora concreta foram as metas de superávit primário do acordo com o FMI. O governo Fernando Henrique Cardoso costurou o apoio de Lula e Ciro Gomes ao programa com o FMI.

Malan tinha o seu candidato, José Serra, o mesmo de FHC, mas não se envolveu na campanha. Ele atuou como uma espécie de embaixador da estabilidade, que havia sido conquistada com o Plano Real, dentro e fora do país. Quando questionado em quem votaria, respondeu apenas “o candidato do governo”, e se irritou com os jornalistas que refizeram a pergunta várias vezes, tentando forçá-lo a pronunciar “Serra”.

Na sua carta ao IMFC, em outubro de 2002, Malan procurou dar garantias de que a economia brasileira caminharia bem independentemente do resultado das eleições. “O governo brasileiro fortaleceu adicionalmente a sua política econômica e buscou o apoio de um novo acordo com o FMI”, escreveu. “Declarações de apoio dos principais candidatos aos elementos centrais do acordo contribuíram para reduzir as preocupações sobre a continuidade da política econômica.”

Naturalmente, em 2002 a situação econômica do Brasil era bem mais delicada, em meio a uma crise de balanço de pagamentos. Mas, hoje, não está um refresco. Em que se pese o superávit primário previsto para este ano e a queda da dívida, a situação fiscal do Brasil é mais dramática. A perspectiva é de volta do déficit no ano que vem. O Orçamento é irrealista, porque não inclui promessas como o Auxílio Brasil turbinado e o reajuste da tabela do Imposto de Renda.

O mercado internacional está punindo deslizes fiscais, mas o Brasil ainda não chama muita atenção nesse concurso de feiura, já que tem gente pior por aí. Mas a coisa pode mudar rapidamente. A tolerância anda mais baixa, como ficou claro no caso do Reino Unido.

6 comentários:

  1. Esse Paulo Jegue, cavaleiro do apocalipse ,trouxe mais miséria para os pobres do país , portanto, deveria ser extirpado do Brasil. Genioso,’a tudo respondia que poderia largar tudo e ir embora .
    Infelizmente, foi da boca pra fora, mais uma de suas falácias . Age como galinha choca no ninho e como outra , na lagoa , de olho nos pintinhos. Serviente e indulgente faz tudo o seu mestre manda. Se tivesse em Chicago teria que ter dado satisfação sobre seus dólares em Paraíso Fiscal. No Brasil ficou tudo por isso mesmo: nada. É um mistério o que ele fez com o dólar flutuante, hoje o que temos flutuante são suas falácias, cada dia sai com as suas. Debochando das leis a todo momento.‘Ignóbil cafajeste”.

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  2. Mál an, o pior ministro da Economia que o Brasil já teve. Funcionarios públicos nunca tiveram aumento no governo do FHC. Ele rima com o Paulo Jegue nessa ruindade.

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  3. Baixo em todos os sentidos e esse ministro rei das falácias e da perseguição aos pobres.’Que desencarne tão logo o bozo seja derrotado. Mesquinho, vai a Washington falar mal do Brasil sob o provável governo Lula. Sendo que foi no governo deste que as reservas foram criadas, e que hoje ele cobiça, pois não pode ver cheiro de dólares. Múmia Maldita.


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  4. Mal-an foi ao FMI e o governo Lula pagou-o e ainda criou as reservas.

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  5. Tomara que o Lula de um pé no bumbum do Jegue e ele vá parar lá nas calandras ou Conchinchina. Snob pedante e nojento.

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