domingo, 23 de outubro de 2022

Bernardo Mello Franco - O alerta do cardeal

O Globo

Insultado por extremistas, dom Odilo lembra a ascensão de regimes totalitários na Europa: "Conheço bastante a História"

Bibo Nunes é um bolsonarista raiz. Despreza a ciência, dissemina notícias falsas, aposta no discurso de ódio para se promover. O deputado do PL gaúcho topa tudo por uma polêmica. Já foi capaz de interromper uma homenagem a Marielle Franco, vereadora assassinada a tiros, para bater boca com parlamentares de esquerda.

A exemplo do capitão, Bibo vê na atividade política um atalho para se dar bem. Já torrou verba de gabinete para comer churrasco e espalhar outdoors com a própria foto. “Deputado não é para fazer economia. Se é para fazer economia, eu fico dormindo em casa”, justificou, numa entrevista à Zero Hora.

Em outro episódio, ele usou dinheiro público para alugar carros de luxo. “Sempre andei de Mercedes e BMW. Não vou abaixar meu estilo de vida só porque sou deputado”, esnobou.

Há poucos dias, Bibo superou seus próprios padrões de indignidade. Declarou que estudantes da Universidade Federal de Santa Maria mereciam ser queimados vivos. O bolsonarista se irritou com um protesto contra os cortes na educação superior. “É isso o que esses estudantes alienados, filhos de papai, merecem”, vociferou.

A cidade universitária foi palco de uma tragédia de repercussão mundial: o incêndio da boate Kiss, que matou 242 jovens em 2013. Dublê de radialista e palestrante, o deputado não pode ser acusado de ingenuidade com as palavras. Ele é autor do curso on-line “Sucesso na comunicação”, em que promete ensinar os segredos da oratória por R$ 99,90.

Bibo pertence à tribo de políticos de extrema direita que ascenderam com Bolsonaro. Dizendo-se cristãos e patriotas, eles estimulam a intolerância e a barbárie para ganhar votos. Uma reeleição do presidente lhes daria ainda mais poder para pregar o ódio e perseguir adversários.

A fúria bolsonarista não poupa ninguém. Estudantes, cientistas, juízes, jornalistas e até religiosos podem entrar na mira a qualquer momento. No domingo passado, a horda escolheu como alvo o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer. Integrante da ala mais conservadora da Igreja Católica, ele foi xingado e ameaçado após fazer um apelo contra a beligerância eleitoral.

Chamado de “comunista”, dom Odilo julgou necessário fazer um esclarecimento: os cardeais vestem vermelho em referência ao sangue de Cristo, não à bandeira do Partido dos Trabalhadores. “Tempos estranhos esses nossos. Conheço bastante a História. Às vezes, parece-me reviver os tempos da ascensão dos regimes totalitários, especialmente o fascismo”, desabafou.

Não foi o primeiro a fazer o alerta.

O plano de Guedes

Em 2018, Jair Bolsonaro usou Paulo Guedes para atrair empresários e banqueiros. Em 2022, tenta escondê-lo para não afugentar eleitores.

O esforço funcionou até quarta-feira, quando a Folha de S.Paulo revelou o plano do ministro para o dia seguinte à eleição: propor o fim da correção do salário mínimo pela inflação passada. A mudança corroeria ainda mais a renda de trabalhadores e aposentados.

Guedes pode ser acusado de muitas coisas, menos de incoerência. Ele sonha com esse arrocho desde que assumiu o Ministério da Economia.

3 comentários:

  1. Grande parlamentar do RS... Assim como o senador Heinze (defensor do GENOCIDA na CPI da Covid) e o futuro senador general Mourão... O RS se achava elite política da República, com políticos de bom nível. Hoje, os gaúchos elegem canalhas e fascistas, inclusive aventureiros como Mourão que não tem qualquer atuação histórica no RS... A indigência política domina o RS...

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  2. Os milicianos de Bolsonaro não são mais contidos! O bobo Bibo quer queimar estudantes vivos... Roberto Jefferson xinga uma juíza do STF (repetindo o que Bolsonaro fez tantas vezes...) e dá tiros contra agentes da Polícia Federal! E isso que Bolsonaro ainda luta (e mente como nunca) para obter um segundo mandato... Se o GENOCIDA vencer, imaginem o que seus violentos e armados milicianos farão...

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  3. Guedes está preocupado com os trabalhadores de baixa renda.
    Sei.

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