O Globo
Se presidente queria demonstrar força,
pronunciamento desta quarta teve o efeito contrário
Pintou um clima de derrota na campanha
de Jair
Bolsonaro.
Às vésperas do segundo turno, aliados do
presidente passaram a pedir o adiamento da votação. Alegam que ele teria sido
prejudicado na distribuição da propaganda eleitoral em rádios no Nordeste.
A queixa foi apresentada por Fábio Faria,
dublê de ministro e animador de palanque. Anunciada em tom de escândalo,
baseava-se num relatório vazio e apócrifo. Instado a dizer quem teria
participado do boicote, o comitê bolsonarista listou apenas oito emissoras. A
maioria de municípios diminutos, como Várzea da Roça e Santo Antônio de Jesus.
O factoide governista não sensibilizou
o TSE.
O ministro Alexandre de Moraes arquivou a reclamação por ausência de “qualquer
indício mínimo de prova”. Para completar, determinou que seus autores sejam
investigados por tentativa de tumultuar o processo eleitoral.
Ainda que a história fosse verdadeira, não teria a menor influência numa disputa que envolve mais de 120 milhões de eleitores. Além disso, a responsabilidade de fiscalizar a veiculação de propaganda é dos partidos políticos, não do Judiciário.
Na noite de quarta, Bolsonaro cancelou uma
viagem ao Rio e convocou uma “reunião de emergência” com os comandantes
militares. Em seguida, chamou a imprensa para fazer novas insinuações
golpistas. Atacou o presidente do TSE e prometeu ir até as “últimas
consequências” no caso das rádios.
Bolsonaro falou como candidato, não como
presidente. Mas fez questão de usar o Palácio da Alvorada e de aparecer
escoltado pelos ministros Anderson Torres e Augusto Heleno, superiores
hierárquicos da Polícia Federal e da Abin. A presença deles sugere que os dois
órgãos podem ser usados para perturbar o ambiente político até domingo.
O capitão sempre jogou com a carta do
tumulto. Antes o pretexto era o voto eletrônico. Agora, as inserções de rádio.
Nada disso seria levado à mesa se ele não continuasse em desvantagem nas pesquisas.
Se a intenção de Bolsonaro era demonstrar
força, o efeito prático foi o contrário. Seu esperneio valeu como um atestado
de fraqueza. E de medo da possível derrota nas urnas.
Pintou um clima de CADEIA pro futuro ex-presidente Jair Bolsonaro, o miliciano mentiroso e genocida!
ResponderExcluirA padroeira do Brasil que olhe por nós.
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