Folha de S. Paulo
Ex-presidente diz que não fará 'governo do
PT' para frear sentimento contra o partido na última hora
Lula escolheu como vice um político
de centro-direita,
levou ao palanque uma senadora de um estado ruralista e recebeu o apoio de
economistas que têm laços históricos com o PSDB. Apesar de todos os movimentos,
a campanha petista entendeu que era necessário mais um passo nos dias finais do
segundo turno.
O ex-presidente deu na segunda (24) sua
declaração mais incisiva sobre as cores de uma eventual gestão liderada por
ele. "Nosso governo não será um governo do PT", afirmou Lula, que se
dirigiu à presidente do partido, Gleisi Hoffmann, para avisar que a sigla
precisará ceder espaço caso chegue ao poder.
A companhia de Geraldo Alckmin e Simone Tebet pode ter facilitado a adesão de alguns segmentos a Lula, mas não anulou a rejeição ao PT como fator relevante na disputa. Explorado por Jair Bolsonaro, o fantasma da esquerda se manteve como um risco para o ex-presidente.
O objetivo da campanha de Lula é criar uma
barreira de contenção a um antipetismo de última hora, que poderia transformar
a rejeição ao partido num bônus de votos para Bolsonaro na reta final. Dizer que
a vitória de Lula não pintaria o país de vermelho é uma tentativa de amenizar o
receio de alguns eleitores.
Bolsonaro consolidou um núcleo robusto de
apoiadores fiéis, que se identificam com boa parte de sua plataforma. Mas o
antipetismo se mostrou capaz de ampliar essa
órbita já no primeiro turno, reaproximando do presidente eleitores
que apresentaram restrições ao governo ao longo dos últimos quatro anos.
Uma expansão ainda maior desse grupo é
crucial para a reeleição de Bolsonaro no segundo turno. Nesse sentido, o
presidente faz um esforço para converter, pelo medo, os últimos indecisos e os
eleitores dispostos a votar em branco ou nulo.
Frear o antipetismo é importante para Lula
por dois motivos: para evitar uma onda de grandes proporções a favor de
Bolsonaro e para garantir que antibolsonaristas com baixa ou nenhuma simpatia
pelo PT compareçam para votar.
É,o antipetismo continua forte.
ResponderExcluir