quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Mariliz Pereira Jorge - Bolsonaro nos rouba a vida

Folha de S. Paulo

Não há um dia de paz e até na madrugada esse desgraçado resolve fazer live para mentir

Leitor reclama que não me engajo politicamente e que só me preocupo com a mudança de casa e com o impacto que teria "no pet". Quem me dera. Não há outra coisa que eu faça nos últimos anos que não seja morrer um pouquinho todo dia de raiva e mostrar a tragédia do governo Bolsonaro.

Há dezenas de colunas, de vídeos, de tuítes meus sobre o assunto, mas agradeço ao leitor por me lembrar de mais um motivo para derrotar Bolsonaro: ele nos roubou o direito de viver. Não há um dia de paz, não tem domingo de descanso, até na madrugada esse desgraçado resolve fazer live para mentir.

Com todo respeito ao leitor, eu queria, sim, poder sofrer porque meu marido viajou a trabalho, fiz uma mudança sozinha e ainda estou lidando com dois gatos apavorados pelo sumiço do pai e do mundinho que eles já conheciam. Em vez disso, passo horas do dia tentando convencer minion e simpatizantes de que democracia é uma coisa importante.

Quem me dera escrever crônicas sobre o trauma que é perder o gato dentro de casa e chorar no chão do banheiro, num visível desequilíbrio emocional, quando muitas horas depois ele sai de dentro de uma gaveta desarrumada. Mas não posso. Temos que gastar energia para mostrar que não teremos novamente aquilo que nunca tivemos: comunismo.

Gostaria de usar meu espaço para denunciar os prestadores de serviço que acham que podem me cobrar o dobro porque, né, mulher sozinha só pode ser trouxa. Quem me dera que meu maior problema fossem os três dias de banho com água fria porque o cano estava com a rebimboca da parafuseta errada. Mas não.

Enquanto ignoro as caixas da mudança, tento mostrar aos indecisos que não é natural um aliado do presidente receber a PF com granada.

Se as pessoas não se importam com o envolvimento de Bolsonaro com corrupção, milícia, incitação ao crime, golpismo, pelo amor de deus, que seja para termos um pouco de paz.

 

5 comentários:

  1. do The Guardian
    Antes, esclarecendo: O termo 'estado-guia' (Bellwether state)caracteriza uma região onde as tendências políticas de um Estado infuenciam uma área mais ampla, sendo que o resultado de uma eleição neste 'estado-guia' pode prever o resultado em outros Estados.

    Eleições no Brasil: 'estado-guia' pode ter futuro da democracia em suas mãos
    https://www.theguardian.com/world/2022/oct/26/brazil-election-lula-bolsonaro-minas-gerais

    https://www-theguardian-com.translate.goog/world/2022/oct/26/brazil-election-lula-bolsonaro-minas-gerais?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt

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  2. Parabéns, Mariliz! Dia desses, saindo de meu predio pra caminhar, ouço um vizinho xingando meu porteiro de trouxa pelo voto em Lula. Fiquei na portaria apreciando o desenrolar da cena. O vizinho, ao me ver observando, fugiu imediatamente, a passos rápidos. Pus-me à disposição de meu porteiro como testemunha.
    O gado é covarde. Mas sinto asco. E morro um pouco todo dia.
    Não tenho dúvida - LULA 13!

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    1. Com o pedófilo da República, "não há um dia de paz".

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    2. Parabéns, Mariliz. Qdo a saga dessas eleições for escrita, certamente, vc, Maria Cristina Fernandes, Cristina Serra e outras colegas brilhantes serão lembradas

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  3. O ''estado guia'' no Brasil é Minas Gerais,amo os mineiros.

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