Folha de S. Paulo
Presidente tenta copiar líderes
autoritários para reduzir controles sobre o governo e sua família
Jair Bolsonaro decidiu levar para o centro
da campanha a ideia de aumentar
o número de cadeiras do STF. O presidente tenta pegar carona num sentimento
coletivo de indignação para criar no plenário uma maioria artificial que atenda
a seus próprios interesses políticos.
Bolsonaro não busca uma discussão séria
sobre os limites dos tribunais ou uma proposta para melhorar o funcionamento do
Judiciário. Se for reeleito, ele vai tentar mexer na composição da corte porque
quer tranquilidade para fugir da polícia e manter seu grupo político no poder.
O presidente não disfarça a motivação. Em entrevista publicada na sexta (7) pela revista Veja, Bolsonaro disse que vai discutir após a eleição o plano de indicar mais cinco ministros ao STF e deu entender que a prioridade é frear investigações que ameaçam a família presidencial. "O próprio Alexandre de Moraes instaura, ignora o Ministério Público, ouve, investiga e condena", queixou-se.
Com um Supremo dócil, Bolsonaro não
seria incomodado por nenhum inquérito sobre a conduta do governo na
pandemia, as suspeitas de pagamento de propina no Ministério da Educação, a
distribuição dos bilhões do orçamento secreto ou a máquina que ele operou para
espalhar mentiras sobre as urnas eletrônicas.
A manobra também pode ajudar o time de
Bolsonaro a jogar em casa em eleições futuras. Três dos sete integrantes do TSE
saem das cadeiras do Supremo. Por tabela, a tomada do STF por bolsonaristas
empurraria para a corte eleitoral ministros que atuariam a serviço do
presidente e seus aliados, prolongando sua permanência no poder.
O plano é copiar líderes autoritários que,
reeleitos, usam uma maioria no Legislativo para aprovar mudanças que reduzem os
controles sobre o governo. Receber
o aval do Congresso não faz dessas medidas democráticas, apenas torna
os parlamentares cúmplices do presidente.
Bolsonaro não quer mexer no STF para jogar
dentro das "quatro linhas". Ele quer mudar as linhas para que, dentro
delas, só reste ele mesmo.
Bolsonaro, o CANIBAL da Democracia!
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