O Globo
A frase do presidente é importante porque
revela a distância entre sua vida real e o papel que procura encarnar
Gostaria de discutir as mudanças
climáticas. No entanto tenho de analisar a frase de Bolsonaro segundo a qual
pintou um clima entre ele, sexagenário, e refugiadas venezuelanas de 14/15
anos.
No Brasil, os escândalos se sucedem, há o
perigo de perder a sensibilidade ou mesmo perder o rumo, transitando,
desordenadamente, entre um e outro.
A frase de Bolsonaro é importante porque
revela a distância entre sua vida real e o papel que procura encarnar: defensor
da religião, da família e dos valores tradicionais.
Não é a primeira vez que um homem mais
velho confessa sua atração por meninas. A literatura tem um exemplo célebre, o
romance “Lolita”, de Vladimir Nabokov.
No entanto o personagem do romance, Humbert
Humbert, que escandalizou sua época, não é um presidente da República, não se
define como um baluarte da família tradicional nem grita “Deus acima de todos”
diante da multidão.
Bolsonaro, segundo Alexandre de Moraes, não pode ser incriminado por pedofilia. Tudo bem. Mas pode ser acusado de hipocrisia, porque, embora não tenha realizado um ato, confessou emoções de um pedófilo.
Na verdade, para quem acompanha a carreira
política de Bolsonaro, essa versão piedosa de um homem virtuoso com a Bíblia na
mão não bate com a realidade.
Para começar, ele conhece bastante bem a expressão
“pintar um clima” e sempre a utilizou, vídeos demonstram isso, com conotação
sexual. Bolsonaro sempre usou uma linguagem de vestiário masculino. Sua vida
sentimental é parecida com outras vidas modernas que passam por mais de um
casamento. Ele sempre diz palavrões e faz comentários do tipo amizade
heterossexual quando se refere a alguém próximo. Na verdade, é fixado nesse
tema: viu na própria vacina a ameaça de homem falar fino e de crescer barba nas
mulheres.
Um dos passaportes para a santidade foi o
batismo no Rio Jordão, realizado por um pastor que, por sinal, foi preso por
desviar dinheiro público.
Antes disso, era um fervoroso defensor da
limitação da natalidade para combater a pobreza. Dizia em seus discursos que a
Igreja era responsável pela miséria no país, pois se opunha a um programa de
laqueadura.
Seu nicho eleitoral eram famílias de
militares. Mais do que os outros deputados, usava cartas como instrumento de
comunicação com seus eleitores.
De repente, Bolsonaro, sem alterar sua
linguagem e sentimentos, passa a falar para evangélicos e decide encarnar o
líder político e espiritual que salvará o Brasil dos banheiros unissex, das
mamadeiras de piroca, do aborto e da exploração sexual de crianças.
Quando ele mesmo confessa seus olhares
libidinosos para pobres venezuelanas de 14/15 anos, era para seu mundo cair.
Tanto seus adversários quanto o mundo político e a mídia foram todos
complacentes com essa gigantesca contradição.
Seria o mesmo que um líder da luta contra a
corrupção aparecer com milhares de dólares na cueca. Os movimentos no interior
das cuecas brasileiras parecem chocar apenas quando se trata de fatos
monetários.
Toda essa gigantesca invasão da política
pelas teses religiosas está, na verdade, baseada numa farsa. Bolsonaro, nesse
sentido, é realmente um mito.
Curioso que isso aconteceu parcialmente com
Trump nos Estados Unidos. E os líderes religiosos que o apoiavam disseram: é um
homem sem virtudes, mas foi o escolhido para nos dirigir. É uma versão política
daquela máxima: Deus escreve certo por linhas tortas. Mas, neste caso, Deus não
só estaria escrevendo por linhas tortas, mas usando uma caligrafia horrorosa.
A frase de Bolsonaro sobre vulneráveis
refugiadas, pobres, descoladas de seu país, cultura e idioma, é um sintoma de
uma grave doença na sociedade brasileira. Um presidente não poderia sentir e
falar isso, muito menos um presidente que se diz líder do Brasil religioso,
defensor da família e toda essa cantilena que grita nos comícios.
Aceitar o “pintou um clima” de Bolsonaro é,
na verdade, aceitar um clima pestilento que nos levará a tempos mais sombrios
ainda.
"tenho de analisar a frase de Bolsonaro segundo a qual pintou um clima entre ele, sexagenário, e refugiadas venezuelanas de 14/15 anos"
ResponderExcluir"Aceitar o “pintou um clima” de Bolsonaro é, na verdade, aceitar um clima pestilento que nos levará a tempos mais sombrios ainda"
Verdade. Bolsonaro piorou MUUUUUUUUito o Brasil.
LULA terá trabalho pra consertar.
Alexandre de Moraes protege um PEDÓFILO ou possível pedófilo! Muito estranho todo o episódio, não vi qualquer ajuda ou apoio que Bolsonaro tivesse dado às meninas venezuelanas. Não vejo inocência no tratamento que ele deu ao episódio. No mínimo expôs as adolescentes, talvez tenha tentado se aproveitar delas de alguma maneira, acho que as tratou como prostitutas, ou acreditou que elas fossem e fez alarde disto. Acho que prejudicou as pobres meninas, mesmo que não tenha abusado sexualmente delas. Um CANALHA completo! A polícia deveria investigar seriamente a situação.
ResponderExcluirA quem possa interessar:
ResponderExcluirhttps://www.ihu.unisinos.br/623257-a-besta-continua-solta
https://www.ihu.unisinos.br/categorias/159-entrevistas/623030-eleicoes-2022-a-escolha-entre-a-barbarie-ou-a-democracia-e-os-direitos-humanos-entrevista-especial-com-luiz-carlos-bresser-pereira
A dívida crescente dos EEUU
https://img.semafor.com/c72713e80e45e73ad38613f3021d1a7b83c8a939-1240x840.png?w=800&q=85&auto=format
Jair Bolsonaro, o pedófilo abençoado pelos pastores safados! Qual será a nova monstruosidade bolsonarista que nos apavorará amanhã? O que o miliciano das trevas ainda vai aprontar?
ResponderExcluirBolsonaro sempre frequentou prostitutas,ele usava o nosso pobre dinheirinho para ''comer gente''.O problema é que as venezuelanas são menores de idade,não são garotas de programa e hoje ele é um homem casado e presidente do Brasil.
ResponderExcluirDiz a sabedoria popular Quem refresca cu de pato é lagoa. Pois Alexandre de Moraes, Merval Pereira e Luciano Huck deram uma de lagoa.
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