Correio Braziliense
Criou-se um fato jurídico cujos desdobramentos
dirão se foi um tiro no pé da campanha de Bolsonaro ou é um pretexto para não
aceitar o resultado do pleito, escalando o conflito com a Justiça Eleitoral
O presidente Jair Bolsonaro decidiu
recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) da decisão do presidente do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, que negou na noite de ontem o
pedido para investigar irregularidades em inserções eleitorais por emissoras de
rádios, principalmente do Nordeste. O presidente da República voava para o Rio
de Janeiro quando soube da decisão do magistrado e mandou o avião voltar para
Brasília, onde realizou uma reunião ministerial de emergência no Palácio do
Alvorada, após a qual fez um pronunciamento contestando-a e anunciando que
recorreria ao Supremo.
Segundo a decisão de Moraes, os dados apresentados pela campanha sobre supostas irregularidades nas inserções de rádio são inconsistentes. O presidente do TSE também determinou que o procurador-geral eleitoral, Augusto Aras, apure “possível cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito” por parte da campanha de Bolsonaro. Acionou ainda a Corregedoria-Geral Eleitoral para apurar eventual desvio de finalidade no uso do Fundo Partidário para a contratação de uma auditoria que embasou as denúncias. O caso foi encaminhado para o STF, no âmbito do inquérito que apura a atuação de uma milícia digital que atenta contra a democracia, do qual Moraes é o relator.
Na segunda-feira, a campanha de Bolsonaro
havia pleiteado junto ao TSE a investigação da denúncia do ministro das
Comunicações, Fabio Faria, de que as emissoras do Nordeste não estavam
divulgando a propaganda eleitoral do chefe do Executivo. Exigiu também que a
propaganda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixasse de ser
veiculada. Moraes considerou o pedido uma tentativa de tumultuar as eleições,
às vésperas da votação: “Não restam dúvidas de que os autores — que deveriam
ter realizado sua atribuição de fiscalizar as inserções de rádio e televisão de
sua campanha — apontaram uma suposta fraude eleitoral às vésperas do segundo
turno do pleito sem base documental crível, ausente, portanto, qualquer indício
mínimo de prova”, escreveu o ministro.
Durante todo o dia de ontem, houve muita
tensão sobre o assunto, por causa das denúncias de um servidor do Tribunal
Regional Eleitoral do Distrito Federal (TER-DF), lotado no TSE, de que teria
sido demitido sumariamente do cargo que exercia por causa do episódio. Segundo
esclarecimento do TSE, o servidor havia sido exonerado por assédio moral. O
episódio alimentou as especulações de que realmente teria havido uma tentativa
de acobertar as irregularidades na veiculação das campanhas pelas rádios.
Auditorias
Bolsonaro reagiu com irritação e convocou a
reunião ministerial, mas aparentemente foi convencido a moderar a reação, no
pronunciamento convocado às pressas, às 20h30, na porta da residência do
Palácio da Alvorada, no qual voltou a criticar o presidente do TSE: “Nos
surpreende, o senhor Alexandre de Moraes simplesmente inverteu o processo. Nos
acusar de estarmos gastando dinheiro do Fundo Partidário com empresas para
fazer auditoria. Inclusive, temos duas auditorias contratadas e uma terceira em
via de contratação. No que depender de mim, será contratada essa terceira
auditoria, porque mais uma prova, se bem que eu acho que nem precisava de mais,
de que as inserções foram realmente potencializadas e muito para o outro lado.
Dezenas de milhares de inserções do outro lado, e, do nosso lado, tinha rádio
que pareceu quase zero”.
Para Moraes, as acusações ao TSE não
procedem, porque a responsabilidade de encaminhar os programas para as rádios e
fiscalizá-los em tempo hábil é dos partidos. Além disso, não foram apresentadas
as provas da denúncia: “Os autores nem sequer indicaram de forma precisa quais
as emissoras que estariam supostamente descumprindo a legislação eleitoral,
limitando-se a coligir relatórios ou listagens de cunho absolutamente genérico
e indeterminado”. Relatos das emissoras acusadas, que se colocaram à disposição
da Justiça, começam a desconstruir a versão da campanha de Bolsonaro, que teria
atrasado a entrega dos programas.
A resposta de Bolsonaro, porém, ao anunciar
o recurso ao Supremo, sinaliza para a judicialização do resultado eleitoral de
domingo próximo, caso perca as eleições, o que pode resultar numa crise
institucional, uma vez que permanecerá no poder por mais dois meses, mesmo
derrotado. Na prática, criou-se um fato jurídico cujos desdobramentos dirão se
foi mais um tiro no pé da campanha de Bolsonaro ou é um pretexto formal para
não aceitar o resultado do pleito, uma vez que o pedido terá que ser julgado
pelo Supremo.
A oposição, ao final do dia, avaliava que a
montanha havia parido um rato, ao passar a impressão de que Bolsonaro já está
se sentindo derrotado e começa a apelar. Entretanto, o episódio na reta final
da campanha serve para emular os bolsonaristas, que reproduzem nas redes
sociais as alegações de seu líder político.
Bolsonaro está que nem MOSCA TONTA! Sobe no avião e levanta voo, no meio do caminho muda de ideia e pede pro avião voltar pra Brasília... E a gente paga por este desperdício do dinheiro público! O MOSCÃO é do tipo varejeira, que sempre está associado ao cocô da sua família!
ResponderExcluirFoi engraçado quando ele disse: Estou c….do para vcs e foi preciso internar num hospital para fazer-ló . Cuidado com O que desejas já diz o ditado.
ResponderExcluirMuita confusão sem resultado prático.
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