O Globo
Eleição de 2022 inaugura nova versão do
ditado: de onde só se espera golpismo, não sai nada além de golpismo mesmo
Não era o barão de Itararé quem dizia que,
de onde não se espera nada, daí é que não sai nada mesmo? Pois a eleição de
2022 está inaugurando outra versão do ditado: de onde só se espera golpismo,
não sai nada além de golpismo mesmo.
Ninguém duvidava que Jair
Bolsonaro não aceitaria outro desfecho para esta eleição além da
própria vitória. Mas, depois do fiasco produzido pela auditoria dos militares
sobre as urnas eletrônicas — aquela que ninguém viu, mas que todo mundo sabe
ter atestado a segurança do sistema eleitoral —, parecia que o presidente havia
finalmente aceitado o que seus estrategistas não se cansavam de repetir, com
base no que viam nas pesquisas: o brasileiro médio não quer saber de confusão.
Sempre que percebe que alguma ação do chefe
do Executivo pode causar instabilidade e tumulto, esse eleitor se afasta dele.
Numa disputa apertada como a que vivemos, qualquer voto conta. Até o “Jefferson Day”, quando o bolsonarista Roberto Jefferson lançou granadas e tiros de fuzil contra uma viatura da Polícia Federal, Bolsonaro parecia endossar o esforço na campanha para repaginar seu comportamento.
O objetivo era atrair o cidadão que já
estava convencido a não votar em Luiz Inácio Lula da
Silva, mas ainda temia empenhar seu apoio a Bolsonaro em razão dos impulsos
golpistas. Podia ser uma franja do eleitorado, calculava-se que 1% ou 2%; mas
podia ser decisivo.
Não foi por outra razão que seu filho, o
senador Flávio
Bolsonaro (PL-RJ), deu
uma entrevista ao GLOBO em 12 de outubro para dizer que o presidente
estava “ mais calmo” e que “está todo mundo cansado de briga”.
Flávio e outros aliados chegaram até a
discutir a possibilidade de Bolsonaro fazer mais algum gesto ou declaração de
respeito e confiança no sistema eleitoral para aplacar quaisquer dúvidas.
Pois o ataque de Jefferson pôs tudo isso em
xeque — até o resto de senso de preservação do presidente da República. Desde
então, a campanha entrou em parafuso. À crise provocada pelo “Jefferson Day”,
somou-se outra, a do vazamento de planos da equipe econômica que podem redundar
em reajustes abaixo da inflação para o salário mínimo e na cobrança de Imposto
de Renda sobre gastos com saúde e educação.
Cercado por todos os lados, Bolsonaro fez
justamente o que mais se temia no Q.G. da campanha: disparou contra a Justiça
Eleitoral, desta vez lançando suspeitas sobre as inserções da campanha nas
rádios do Norte e do Nordeste.
Tensos, falando em fraude e grave violação
do sistema eleitoral, o ministro Fábio Faria e
o assessor Fabio Wajngarten disseram ter provas de que milhares de peças
publicitárias pró-Bolsonaro teriam sumido da programação de “inúmeras”
emissoras.
Embora fosse plausível imaginar que parte
das peças não tivesse sido mesmo exibida — tanto que algumas rádios até
admitiram ter veiculado menos inserções do que o previsto —, não se produziu
nenhum material livre de dúvida ou contestação, nem foi apresentada prova de
qualquer ação deliberada dessas rádios, do PT ou do TSE para
prejudicar a campanha do PL.
Ainda assim, parlamentares bolsonaristas
passaram a defender que a pretensa fraude deveria levar a um adiamento da
eleição para permitir que as inserções fossem veiculadas, no que foi batizado
de “ terceiro turno”.
Mas nem essa ameaça, nem os apelos dos
bombeiros do Centrão, nem mesmo a mal explicada demissão do funcionário do
tribunal que cuidava das inserções impediram Alexandre
de Moraes de rejeitar a denúncia — e ainda mandar abrir uma apuração
por crime eleitoral por parte da campanha de Bolsonaro, com “a finalidade de
tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana”.
Diante das circunstâncias, o poderoso
Xandão parece não ter visto outra opção a não ser correr o risco de dobrar a
aposta golpista de Bolsonaro.
Por enquanto, o presidente amansou. Sem
proferir nenhum palavrão, disse que recorreria da decisão e reclamou de estar
sendo prejudicado. Se tivesse ouvido o Jefferson que mora dentro dele, certamente
teria lançado alguns petardos em direção ao TSE.
Pelo jeito, decidiu ouvir os estrategistas e calcular melhor seus movimentos. Isso não significa que tenha aberto mão de seus instintos mais primitivos. Quer dizer apenas que Bolsonaro talvez ainda não considere a eleição perdida por completo — ou, quem sabe, que ainda não está na hora de lançar suas granadas sobre nossas instituições.
A ameaça bolsonarista - armados e violentos, sempre serão um risco à Democracia e à segurança pessoal dos cidadãos normais. E o GENOCIDA queria TODO MUNDO ARMADO...
ResponderExcluirAs hienas do mercado financeiro e os aloprados bolsonaristas: as eleições brasileiras sob ataque calculado
ResponderExcluirhttps://www.ihu.unisinos.br/623403-as-hienas-do-mercado-financeiro-e-os-aloprados-bolsonaristas-as-eleicoes-brasileiras-sob-ataque-calculado
da Nature — a principal revista semanal internacional de ciência
Há apenas uma escolha na eleição do Brasil – para o país e o mundo
https://www-nature-com.translate.goog/articles/d41586-022-03388-y?utm_source=Nature+Briefing&utm_campaign=1d73b0342c-briefing-dy-20221026&utm_medium=email&utm_term=0_c9dfd39373-1d73b0342c-44709601&error=cookies_not_supported&code=17517d94-6f5a-411a-a9a5-4bb5266b3ad6&_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt
Só mesmo o Xandão pra pôr ordem na casa.
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