Folha de S. Paulo
Ex-deputado é a expressão literal do que o
presidente prega
O grande Ruy Castro nos lembrou certa
vez neste mesmo espaço uma frase de Oscar Wilde, na peça
"Um Marido Ideal" (1893): "Quando os deuses querem nos punir
atendem as nossas preces". Engenhosa e deliciosamente irônica, como toda a
obra do irlandês, a frase nos faz rir pelo que não diz: o perigo está no que já
esperávamos. Quando o escritor deste roteiro surrealista chamado "Brasil,
2019-2022" quer nos punir, atende as preces de Bolsonaro.
O dia de fúria psicótica de Roberto Jefferson no último domingo (23) não foi um fato isolado: é a reza já feita por Bolsonaro desde o dia 1. Separemos indignação de espanto, aqui cabe a primeira e não o segundo: Roberto Jefferson disparando fuzil e granada em policiais federais é cena revoltante, mas esperada do penúltimo capítulo do roteiro que começou quando normalizamos símbolo de arma fuzilando oponentes e homenagem a torturadores. A granada é a beira do precipício que nos aproxima um passo a mais do fim deste roteiro.
Não há malabarismos narrativos possíveis
para que Bolsonaro se isole de Roberto Jefferson, porque Jefferson
apenas é a expressão literal do que Bolsonaro prega: trata-se de um avatar à
imagem e semelhança do mestre. Como Bolsonaro, Jefferson não liga para
corrupção (é até condenado por ela), sequer liga para a classe policial (na
verdade, fuzila-a). Bolsonaro e Jefferson ligam mesmo é para sua própria
autopreservação: extremar-se é a única forma que veem de manterem ainda alguma
relevância; e como jagunços fuzilam em nome de quem lhes importa mais, eles
mesmos.
O elo entre Jefferson e Bolsonaro não é
apenas o de reflexo: o que os une é o tempo. Amanhã, imaginemos Bolsonaro com o
mesmo destino de Jefferson: se perder no domingo (30), ele deverá tornar-se a
figura pitoresca extremista que sempre fora, mas agora preso, quiçá ainda rindo
entre milicianos e falsos padres gozando dos privilégios de ser branco no país
onde a pele alva é escudo. Do porão da história, quem sabe nem o Satanás escute
suas preces.
"...porque Jefferson apenas é a expressão literal do que Bolsonaro prega"
ResponderExcluirExcelente! BozoJeff diz e faz o q o palerma da República diz, mas q, por covardia, ainda não fez.
O genocida tem o gado como bucha de canhão pra cometer por ele, o bozo, seus crimes.
Bem possível q outros gado-otários (desculpe a redundância) atendam ao berrante do pedófilo da República e cometam outros crimes por "elle" inspirados.
"Como Bolsonaro, Jefferson não liga para corrupção"
ResponderExcluirAí, gado, acima tá escrito q o seu tocador de berrante não liga pra corrupção. Pudera, como alguém q compra 51 imóveis em dinheiro vivo, jabaculê, pode ser contra a corrupção?
"Jefferson é o Bolsonaro amanhã"
ResponderExcluirKkkkkkkkkk...
Aí vem mais do mesmo destes 4 anos: extremismo, ódio, mentiras, misoginia, homofobia, corrupção, xenofobia, pedofilia, mais mansões e imóveis...
Vixi, a lista é longa!
Bolsonaro e os bananinhas faziam "arminha" com os dedos e queriam armar a população. Agora que os bolsonaristas já estão todos armados, Jefferson empunhou e disparou seu arsenal, incluindo GRANADAS, contra forças policiais que sempre apoiaram o genocida! A política armamentista de Bolsonaro é suicida, criminosa!
ResponderExcluirRoberto Jefferson é a mais perfeita tradução do bolsonarismo.
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