Folha de S. Paulo
Não está escrito que 2023 vai ser ano de
crise, mas é preciso correr com governo novo
Deixar o conserto do telhado para a época
de chuva é metáfora velha também em economia. Mas ainda serve para apresentar o
problema que vai cair na mão do próximo governo.
O tempo está fechando, embora não se saiba
quanta água vá cair, aqui e
no mundo. Nem é preciso dizer que vivemos em uma casa com paredes sob
risco de desabamento, apenas remendadas desde 2015.
Supondo-se que Lula da Silva (PT) venha a ser eleito, terá pouco tempo para escrever nesta "carta branca" que supostamente estaria recebendo. Teria uns quatro meses para arrumar uma equipe econômica, acertar os termos de serviço, elaborar planos e alinhavar a política que possa dar sustentação prática a esses programas. Não é simples. Ainda mais se chover muito.
Embora tenha sido alegria de pobre, a
economia brasileira rendeu muito mais do que o esperado em 2022. É possível
que a baixa na atividade econômica seja notável apenas neste trimestre final do
ano. Mas, embora previsões econômicas costumem ser vexaminosamente erradas, o
tempo agora nublou de fato, não apenas no palpite. Os juros estão salgados no
Brasil e assim vão
ficar pelo menos até a metade de 2023. A economia mundial vai andar
devagar.
O financiamento de casa, carro e tudo mais
ficou bem mais caro nos bancos, de um ano para cá. A
taxa de inadimplência sobe devagar, para níveis ainda normais, mas sobe. A
parte da renda total das famílias dedicada a pagamento de dívidas sobe também.
Levantar capital para qualquer negócio custa mais.
Sim, o salário médio está para voltar a
crescer, em termos reais e anuais (até agora, vinha apenas despiorando), embora
ainda seja 3% menor do que o de 2019. O número de pessoas empregadas cresceu de
modo surpreendente em 2022. Tanto que se duvida que possa continuar nesse
ritmo, muito maior do que o do PIB, desde o início da epidemia.
A taxa de investimento (quanto da renda do
país é dedicada a expandir produção, instalações produtivas e moradias)
continua em nível relativamente alto, 18,6% do PIB até julho (nas contas do
Ibre/FGV). Não resolve nosso problema, mas é maior do que a média de 16,5%
desde 2015 ou de 18%, desde 2000. Além do mais, há possibilidades de
investimento em saneamento, energia, telecomunicações e transporte. Com alguma
inteligência e rapidez, é possível incentivar o dinheiro privado a se mexer.
A confiança de comércio, serviços e
construção está no campo positivo; a da indústria, por ali. O consumidor faz
anos é pessimista, mas vinha se animando. Até setembro não havia sinal de
derrocada. Ao contrário.
Mas o crédito mais caro vai jogar alguma
água nesses chopes. Preços mais moderados de commodities que exportamos,
também. Não está escrito que 2023 será ruim, mas a coisa complicou.
Passada a eleição, qualquer governo terá de
lidar com esse Orçamento federal que não prevê dinheiro nem para a promessa
básica da campanha —o Auxílio de R$ 600, entre muitos problemas críticos. A
turma do dinheiro quase aceitou que 2023 será um ano de "licença para
gastar" —o déficit público vai aumentar. Mas, se houver lambança e nenhum
programa crível para 2024-26, o caldo engrossa rápido.
Supondo-se que agora apareçam menos
empregos, com salários ainda baixos, o ambiente não será propício para uma
"lua de mel" duradoura também com o povo, embora esperanças políticas
possam aumentar a tolerância (vide o 2003-04 de Lula 1). Não convém testar a
paciência dos donos do dinheiro e a do povo ao mesmo tempo.
Tempo é problema. Embora se possa encontrar
na praça e no Congresso muito plano de mudança quase pronto, os candidatos a
assumir esta ruína não têm programa ou equipe para tocar o barco.
"mas é preciso correr com governo novo"
ResponderExcluirIsso implica, se novo, q tem q ser bozo q, sem dúvida, destruiu o Brasil.
LULA PRESIDENTE HOJE!
"os candidatos a assumir esta ruína..."
ExcluirRuína causada pelo pior presidente q este país já teve: bozonazi!
LULA PRESIDENTE HOJE!