domingo, 2 de outubro de 2022

Eliane Cantanhêde - Paz, amor e ganhem os melhores!

O Estado de S. Paulo.

Golpe? Que golpe? O Brasil irá às urnas hoje com alegria e, ganhe quem ganhar, tomará posse

Depois de quatro anos temendo um golpe, com as instituições em sinal de alerta e as autoridades mais responsáveis roucas de tanto defender as urnas eletrônicas e a democracia, o Brasil chega ao dia da eleição para presidente, governadores, senadores e deputados federais em paz e com a saudável ansiedade para dar tudo certo e os brasileiros serem felizes para sempre.

Golpe? Que golpe? O Brasil não é uma Venezuela de direita, de esquerda nem de centro, e não há instituições e segmentos consideráveis da sociedade com força e disposição para fechar o Congresso, invadir o Supremo, rasgar a Constituição. E é até um acinte suspeitar que as Forças Armadas participariam de aventuras contra a democracia. Gato escaldado...

Sempre haverá oficiais radicais e valentões de pijamas, assim como são muitos, talvez a maioria, os que rejeitam o expresidente Lula. É um direito deles, assim como o dos 52% de eleitores que rejeitam o presidente Bolsonaro. Mas, ganhe quem ganhar, Exército, Marinha e Aeronáutica acatarão o resultado das urnas e baterão continência, como manda a Constituição. E como fizeram nos oito anos de Lula.

Nos momentos difíceis, sempre há temor de golpes, tragédias, crises sociais, mas, desde a redemocratização, nada disso vai adiante. Se alguém desejou, ficou no desejo. O próprio fim da ditadura militar foi sem um só tiro, uma só gota de sangue, na base da negociação. Depois, a esquerda previu o caos se Dilma Rousseff sofresse impeachment e que “morreria gente” caso Lula fosse preso. E o que aconteceu? Nada.

Só no mundo paralelo e no WhatsApp há golpes. No mundo real, o eleitor vai votar, a urna eletrônica vai funcionar, o TSE vai totalizar os votos numa sala aberta e clara em Brasília e os resultados serão anunciados na noite deste próprio domingo. E vem a festa de quem ganhar em primeiro turno, a reorganização dos que vão enfrentar o segundo e os muxoxos dos derrotados.

É aí que mora o perigo. Uma coisa é reclamar da vida e até soltar um palavrão. Outra é um bando de milicianos armados ameaçando, agredindo e tumultuando o País. Mas a polícia agirá contra criminosos e alucinados, e golpe não haverá.

O que estamos esperando sentados, há meses, é que todos os candidatos, especialmente o presidente da República, deem ordem de comando contra a violência e façam uma conclamação pela “paz e harmonia” nas eleições, como fez o presidente do TSE, Alexandre de Moraes. Que o dia da eleição seja alegre, colorido, cheio de esperança. E que vençam os melhores!

 

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