O Globo
As tentativas de instrumentalização dos
quartéis fracassaram
Na quarta-feira, o ministro da Defesa,
Paulo Sérgio Nogueira, divulgou o relatório técnico da fiscalização do sistema
eletrônico de votação pelas Forças Armadas. Nele concluiu-se que nos resultados
do primeiro turno em 442 seções eleitorais sorteadas aleatoriamente, bem como
nos de 501 seções do segundo turno, “não se verificou divergências entre os
quantitativos registrados no Boletim de Urna afixado na seção eleitoral e os
quantitativos de votos constantes no respectivo boletim disponibilizado no site
do TSE”. Nesse dia, o presidente eleito Lula circulava por Brasília dispondo-se
a recuperar “a harmonia entre os Poderes”.
Fechava-se assim um ciclo de tentativas de
instrumentalização dos militares na vida política nacional. Ele foi aberto em
abril de 2018 com o infeliz tuíte do comandante do Exército, general Eduardo
Villas Boas, às vésperas do julgamento de um habeas corpus em benefício de
Lula.
Nesses quatro anos, um presidente que dizia dispor do “meu Exército” tentou instrumentalizar as Forças Armadas no atacado. Não conseguiu. No varejo, conseguiu alguma coisa e militarizou de forma desastrada o Ministério da Saúde no pico da pandemia.
A essas instrumentalizações, não
corresponderam flagrantes quebras da disciplina. Um comandante como Edson Pujol
seguiu a escrita de seu antecessor, Enzo Peri. Enzo quem? Ele comandou o
Exército de 2007 a 2015 e não falou de política nesse período, nem depois.
(Quem não lembra o nome de um general passa-lhe o atestado de silencioso
profissionalismo.)
As tentativas de instrumentalização dos
militares nos últimos quatro anos foram contidas por oficiais que não falam de
política. Fechou-se esse ciclo e vai para o Planalto um presidente que em oito
anos de poder nunca se meteu com os quartéis.
A boa estatística de 2020
O Banco Mundial pôs na rede três estudos
sobre a pobreza e as desigualdades sociais de Pindorama. Coisa fina.
Intitula-se Brazil Poverty and Equity Assessment (Uma avaliação da pobreza e da
desigualdade no Brasil) e tem três capítulos. Um deles trata do Brasil no tempo
da Covid e traz uma informação surpreendente.
Simulações mostram que, graças ao Auxílio
Emergencial pago em 2020 a 67 milhões de pessoas, a percentagem de pessoas
vivendo com menos da metade de um salário mínimo caiu em cerca de 7,1 pontos
percentuais em relação a 2019. Sem o Auxílio, teria subido 1,3 ponto. Isso
apesar da deterioração do mercado de trabalho.
Mais: com esse resultado, o andar de baixo
teve um inédito refresco, e o índice de Gini, que mede a desigualdade social
dos países caiu (em 2020) para 0,474, o menor em muitas décadas. Sem o socorro,
ele teria ido a 0,521. Quanto maior o índice de Gini, mais injusta é a
sociedade. O de Portugal está em 0,32.
O estudo do Banco Mundial atribui a bonança
de 2020 ao período em que foi pago o auxílio de R$ 600 e deixa claro que depois
disso andou-se para trás.
Passou o tempo e discute-se agora a
permanência desse socorro social.
Uma coisa tem pouco a ver com a outra, mas
em 1991, quando o então senador Eduardo Suplicy propôs o seu programa de Renda
Básica da Cidadania, foi visto como um excêntrico. Passaram-se 31 anos.
O deputado e médico baiano Antônio Ferreira
França apresentou seu projeto de extinção gradual da escravidão em 1830. Aos
poucos, ela acabaria em 1880. Só acabou em 1888.
Testamento no Judiciário
O ministro Luis Felipe Salomão, corregedor
nacional da Justiça, barrou a nomeação de sete desembargadores para o Tribunal
Regional Federal da 1ª Região (Brasília) e abriu uma saia-justa no mercado de
nomeação de magistrados. Contrariou o ministro Kassio Nunes Marques, mas sua
decisão foi mantida pelo ministro Ricardo Lewandowski.
Deixar nomeações de magistrados para mais
tarde é uma doce prerrogativa do Executivo para aumentar seu poder sobre alguns
juízes interessados na própria promoção ou na de um afilhado. Apressá-las em
fim de mandato é uma amarga prerrogativa para quem está de saída.
Por vias tortas e pedestres, Bolsonaro e um
pedaço da magistratura reeditaram um conflito que, nos Estados Unidos, elevou a
Corte Suprema à condição de árbitro da constitucionalidade de atos do
presidente.
Nos primeiros meses de 1801, às vésperas da
posse de Thomas Jefferson, o presidente John Adams mudou a lei e produziu um festival,
nomeando 58 juízes. Jefferson assumiu e cuidou de revogar as nomeações.
Quatro juízes foram à Suprema Corte, e seu
presidente, John Marshall, nomeado por Adams, conseguiu uma decisão unânime do
Tribunal. A anulação da nomeação era ilegal, mas a mudança da lei que a
permitiu era inconstitucional. Daí em diante, a Corte ampliou sua jurisdição.
(Adams detestava Jefferson e não lhe passou
o cargo, indo embora de Washington. Com os anos, acercaram-se e morreram no
mesmo dia 4 de julho de 1826, o do cinquentenário da Declaração de
Independência, assinada por ambos.)
Eremildo, o idiota
Eremildo é um idiota, apoia todos os
governos e não consegue ser nomeado para nada.
O cretino soube que a Comissão de Ética da
Presidência resolveu azucrinar a vida de três destacados bolsonaristas.
Impôs uma pena de censura a Sérgio Camargo,
o ex-presidente da Fundação Palmares que deixou o governo para ser candidato a
deputado federal por São Paulo e atolou.
Ele diz impropriedades há anos.
Será investigado o ex-presidente da Caixa
Pedro Guimarães, que deixou o cargo em junho passado, ao ser acusado de assédio
por funcionárias. Além dele, caiu na malha o assessor Filipe Martins, por ter
feito um gesto racista em 2021.
As investigações levarão tempo, indo além
do que Martins chamaria de “eventual transição”.
Eremildo acredita que deveria haver uma
norma pela qual nenhum órgão de controle do governo poderia tomar decisões
punitivas depois de uma eleição por fatos ocorridos nos seis meses anteriores
ao pleito.
O idiota acha que essa norma reduziria os
papéis ridículos produzidos por Brasília.
Meirelles disse tudo
Henrique Meirelles entendeu direito o
discurso de Lula da quinta-feira, que derrubou a Bolsa e encareceu o dólar:
“Ele estava no modo campanha.”
Plano de governo
De uma víbora:
“Sonhei que Lula passaria os próximos
quatro anos viajando gloriosamente pelo mundo por três semanas de cada mês.
Na semana restante, Geraldo Alckmin
cuidaria da quitanda.”
De olho no FIES
A turma que enricou com o programa de
financiamento para alunos de escolas privadas está sonhando com um ministro da
Educação que afrouxe as condições para se obter o empréstimo.
Na sua primeira versão petista, o FIES
pagava as anuidades de estudantes matriculados em faculdades privadas, sem
examinar o cadastro do fiador. Recebia financiamento até o aluno que havia
tirado zero na prova de redação do Enem.
O Tribunal de Contas estimou em R$ 20
bilhões o custo da gracinha para a bolsa da Viúva.
Eremildo é como Jair, um idiota e cretino. O GENOCIDA "militarizou de forma desastrada o Ministério da Saúde no pico da pandemia"! Tenho certeza que Eremildo, apesar de idiota e cretino, não faria isto!
ResponderExcluirCoitado do Eremildo,rs.
ResponderExcluirAí Hélio, que bom ter vivido para ver outra vergonha. Mais uma vez os gorilas pagando mico
ResponderExcluirAh! Sodré. Não são 'eventos tabajaras' ( que fazem parte dos povos originários)
ResponderExcluirsão eventos arruaceiros e. Valem os livros: O Conflito de Georg Simmel e
As funções do conflito social de Lewis A. Coser. Em PDF na internet