O Globo
Expandir gastos e só depois, quem sabe,
anunciar como as contas públicas serão mantidas sob controle
Lula bem sabia que, sem ampliar em grande
medida sua base de apoio no Congresso, lhe seria difícil governar. A grande
questão é de que forma tal ampliação de base seria assegurada.
Terminada a eleição, ainda havia um fio de
esperança de que, afinal, Lula se moveria inequivocamente para o centro, no
eixo que de fato importa, que é o da condução da política econômica. E de que
sua busca de apoio mais amplo no Congresso seria norteada pela necessidade de
garantir respaldo a tal movimento.
“Fazer a coisa certa” desde o início, de
forma a assegurar um bom desempenho da economia, daria ao governo Lula mais
resiliência para novo embate com o bolsonarismo em 2026.
Mas estariam Lula e o PT preparados para abandonar seu velho ideário e adotar para valer um programa econômico de centro? Ou, aferrados a esse ideário, estariam propensos a tentar negociar “em outros termos” a ampliação do apoio ao governo no Congresso?
Não há, entre parlamentares de
centro-direita, especial apego à ideia de “fazer a coisa certa” na condução da
política econômica. Se Lula preferisse, estariam prontos a negociar a ampliação
do apoio “em outros termos”. A grande diferença é que, sem assegurar um bom
desempenho da economia, Lula poderia marchar para paulatina fragilização de seu
governo. E acabar enredado pelo Congresso.
Mal passados três dias do segundo turno,
contudo, o novo governo deixou claro que o que deverá pautar a ampliação de sua
base parlamentar não será em absoluto a necessidade de “fazer a coisa certa”. A
preocupação é tão somente conseguir extrair do Congresso licença para expandir
os gastos do governo em 2023, muito acima do que hoje permitem as restrições
fiscais em vigor.
O que se alega é que o presidente eleito
tem promessas de campanha a honrar. E que sua credibilidade ficará comprometida
caso não sejam honradas. A governabilidade estaria em jogo, chegou a ser
alegado.
Chama a atenção a sem-cerimônia com que o
governo eleito se permitiu deflagrar negociações com o Congresso para
viabilizar tamanha expansão de gastos, sem nem mesmo ter definido quem serão os
novos responsáveis pela condução da política macroeconômica.
E sem sequer ter esboçado como pretende
assegurar que a gestão das contas públicas nos próximos anos estará pautada
pela sustentabilidade fiscal.
Expandir gastos, primeiro, e só depois,
quem sabe, anunciar como as contas públicas serão mantidas sob controle é um
erro crasso. Ao se apressar a pagar promessas de campanha para não perder
credibilidade junto a seus eleitores, o novo governo parece não se ter dado
conta de que já pode ter incorrido em grave perda de credibilidade da política
econômica que adotará.
Como se temia, Lula se ressente, agora, de
ter ganho a eleição sem ter um plano de jogo para a economia. E o que hoje se
vê é uma transição atabalhoada, marcada por constrangedora improvisação.
Pode-se não concordar integralmente com o colunista, mas ele não está falando bobagens, e tem várias verdades aí...
ResponderExcluirTudo q o articulista diz é subjetivo. Poderia concluir exatamente o contrário. Prova disso é o artigo neste mesmo blog, de hoje, cujo subtítulo, comparado com este, prova a subjetividade
ResponderExcluir"Monica de Bolle: ‘É ideológico, o mercado não fez quase nada com orçamento secreto’"
Claro está q Werneck foi fortemente ideológico e contra o Lula por pura...ideologia.
Lula tem plano, avisou q a prioridade é o mais pobre e já começou a implantá-lo. Werneck, por ideologia, diz q LULA foi "sem-cerimônia ...(ao) deflagrar negociações com o Congresso...".
Bobagem, isso é desejo do articulista. LULA TÁ FAZENDO MUITO BEM O Q LHE CABE: TRABALHAR.
Acho estranho o “mistério” sobre quem será o próximo ministro da economia. Depois de sabermos quem será é que poderemos formar uma opinião a respeito de como será esse governo.
ResponderExcluirEu amo Monica de Bolle seria maravilhoso que ela fosse nossa ministra da economia. O Brasil estaria muito bem servido.
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