quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Ruy Castro = Bom estar de volta

Folha de S. Paulo

Vá pra casa, Bolsonaro, ou para o raio que o parta

Alguns leitores viram com alívio minha ausência deste espaço nos últimos dois meses. Outros, espero que em maioria, estranharam. Mirian Goldenberg perguntou em sua coluna: "Cadê o Ruy?". Arriscaram: em Búzios, de férias, na praia, abanando-se com uma "Revista do Rádio" — alheio à disparada do Brasil rumo ao fascismo, com um presidente imoral quebrando o país para comprar votos, pintando climas com refugiadas de menor, tramando tungar os aposentados e com alguns de seus seguidores falando a única língua que conhecem: a da pistola, do fuzil e da granada.

Não. Acompanhei angustiado cada passo desse descalabro, mas sem escrever. Não podia. Estava pulando fogueiras particulares: histoplasmose, pneumonia, febres, desidratação, arritmia, pressão, depressão e a súbita consciência de uma estafa pela produção de pelo menos um texto por dia, por tarefa, TODOS os dias, durante 55 anos — textos para sair amanhã, depois de amanhã ou na semana que vem. Além de pelo menos duas viagens a trabalho por mês, um ou mais livros por ano, palestras, debates, congressos, noites de autógrafos, cursos de biografia, entrevistas, lives etc. Só eu não enxergava o tamanho do desgaste.

Sérgio Dávila me deu dois meses de licença na Folha, durante os quais refleti sobre as limitações do Super-Homem. O super-herói só podia fazer aquilo tudo porque, como Clark Kent, não tinha de encarar essa maratona. Aprendi a receita, pretendo segui-la e estou de volta.

E que bom, o Brasil voltou antes. Os países também sofrem de estafa e, assim que se encerrou a apuração, sentiu-se a nação respirando de novo, livre do medo, sorridente, confiante, louca para arregaçar as mangas e botar para fora os projetos frustrados, paralisados ou arruinados há quatro anos. O Brasil se reencontrando com a vida.

É bom estar de volta e dizer: vá pra casa, Bolsonaro. Ou para o raio que o parta.

4 comentários:

  1. É muito bom ver a volta deste colunista! Que segue com a VERDADE na ponta da língua, e esta bem afiada:
    alguns dos seguidores de Bolsonaro falam "a única língua que conhecem: a da pistola, do fuzil e da granada." Milicianos mentirosos, armados e violentos, quase sinônimos de bolsonaristas!

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  2. Falando em pistola e pistoleira, a desqualificada Carla Zambelli disse que vai procurar autoridades dos EUA por estar sendo reprimida judicialmente no Brasil... Daqui a pouco Donald Trump vai procurar autoridades do Brasil por estar sendo reprimido judicialmente nos EUA... A imbecilidade dos bolsonaristas realmente não tem limites! Os milicianos bolsonaristas são valentes com armas na mão; quando um oficial de justiça os procura, a valentia escorre perna abaixo!

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  3. Fez muita falta seus artigos, engraçados e verdadeiros.

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