Folha de S. Paulo
Sem grupo econômico e político para montar
PEC decente, há sururu na finança e no Congresso
O "governo
de transição" de Luiz Inácio Lula
da Silva deu um passo maior que a perna ao propor, sem planejamento,
um gasto extra de quase R$ 200 bilhões em 2023. É o que fica evidente a cada
dia de negociação ou de confusão da "PEC da Transição".
Antes de jogar essa PEC no lago de tubarões
do Congresso, teria sido prudente contar, ao menos, com um conselho econômico,
um par de assessores especializados que fizesse as projeções básicas de quanto
dá para gastar sem causar tumulto social e economicamente contraproducente.
Isto é, um conselho para encaixar a PEC nas
linhas gerais de um programa fiscal, adequando tanto seu tamanho como indicando
qual a diretriz geral para conter o endividamento. Nem precisava ser um
ministro da Fazenda (embora ajudasse bastante) e, menos ainda, ter uma nova
regra fiscal pronta, inviável agora.
Não aconteceu nada disso, mesmo estando claro que seria preciso "governar" imediatamente após a eleição. Sim, esse imperativo que é uma aberração, de fato, mas é o que temos: risco de mais ruína se não se agir rápido.
Lula não convenceria muita gente no
Congresso com esses números e planos. Mas poderia conquistar aliados, em vez de
perder rápido tanta gente que se juntou a sua candidatura. Essa era a ideia da
frente, da coalizão socioeconômica e, depois, partidária para dar força ao
programa de reconstrução do país. Essa frente já perdeu vários dentes.
Além do "conselho econômico" (um
grupo executivo de economistas), seria preciso ter articulação política mais
arrumada. Vimos agora que isso também não havia.
A PEC causou sururu econômico. As taxas
de juros na praça financeira deram um salto feio desde o "Lula
Day", 10 de novembro, e continuaram a subir. Agora, o caldo entornou
também da panela política. Houve remanejamentos no conselho e na equipe de
negociadores políticos. Estão mudando meio de campo no meio da Copa.
Líderes parlamentares já disseram a Gleisi
Hoffmann, presidente do PT, e a Geraldo
Alckmin, vice-presidente eleito, que querem aprovar o mínimo: uma PEC com
despesa menor e "licença para gastar" apenas em 2023, como já se
escreveu nestas colunas.
Claro que muito ainda é negociável, mas
Lula 3 vai ter de entregar mais poder no Congresso e cargos do Executivo a fim
de garantir algo perto do que sonhava com a PEC —e sem garantias até de um Bolsa
Família fora do teto por quatro anos. Esta, vamos lembrar sempre, é
uma discussão que pode se tornar irrelevante, a depender da nova regra de
controle de despesa, déficit e dívida.
Quando a gente diz e escreve essas coisas,
leva pauladas à maneira de sempre. "Deixa o homem [Lula, agora]
trabalhar". "O governo nem começou". "Tudo vai ser
diferente, sem mercado [ou liberais, ou especuladores etc.] mandando".
Sim, o governo ainda pode fazer muito. Nós,
que aqui estamos, assim esperamos. Pode também dar um tiro no pé ainda antes de
começar e ficar mancando até 2026.
A situação muito feia na praça financeira
(juros altos, dólar caro etc.) pode melhorar (ou piorar) rápido. Mal deixará
cicatriz se houver ao menos diretriz de que a coisa vai funcionar. Isto é, que
a dívida não vai subir sem limite.
A dívida subirá sem limite se houver
déficits contínuos. Quer dizer: se é preciso pedir cada vez mais emprestado a
fim de financiar o gasto, "social" ou outro, e a rolagem dos juros
que não são pagos. Sobe ainda mais se os juros pedidos pelos credores ficam
mais salgados, o que eleva ainda mais o tamanho relativo da dívida porque a
economia não cresce.
Há quem diga que se pode ignorar os
credores (ou tabelar juros ou nem pagar a dívida). É dar um tiro de bazuca no
meio da testa.
Perfeito !
ResponderExcluir"Sim, o governo ainda pode fazer muito. Nós, que aqui estamos, assim esperamos. Pode também dar um tiro no pé ainda antes de começar e ficar mancando até 2026."
ResponderExcluirKkkkkkkkkkk
Parece o exército dizendo q "não foram encontradas fraudes nas urnas mas tb não há provas de q não há fraudes".
Isso é jornalismo? Dizer q o governo "pode dar tiro no pé" ? Gênio!
Outra pérola: "A dívida subirá sem limite se houver déficits contínuos."
É lógico q o limite É, no máximo, A SOMA DOS DÉFICITS CONTÍNUOS, Freire. Isso se todo o déficit for financiado - existem outros fatores como o crescimento do PIB/economia.
E outra: "A situação muito feia na praça financeira (juros altos, dólar caro etc.) pode melhorar (ou piorar) rápido."
Percebam q a feiura é responsabilidade do atual desgoverno. E essa técnica bolsonarista de falar é hilária: Pode melhorar. Mas também pode piorar.
Gênio!
Seguindo o estilo do autor, 'Vinicius Torres Freire - Lula 3 deu passo maior do que a perna', ou não!
ResponderExcluirPano rápido.
Pois é. Kkkkkkkk
ExcluirO povo já conhece o Luladrão e sua quadrilha e não quer mais bancar essa gangue de parasita comunista que tanto mal já fez ao Brasil e ao brasileiro
ResponderExcluirEleições Fraudadas , processo eleitoral fraudado, ditadura da toga perseguindo os conservadores, essas eleições foram as mais imundas da história brasileira e por isso serão anuladas